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      Turistas voltam a encher Macau, sem preocupação com a pandemia, mas dos preços dos hotéis

      A cidade voltou a abrir, revitalizada e cheia de visitantes, com mais de 350 mil turistas a entrarem em Macau nos primeiros dias do Ano Novo Lunar. Eliminação de restrições antiepidémicas impulsionou os turistas a escolher o território como destino de uma curta viagem para experimentar a gastronomia e apreciar a paisagem. O PONTO FINAL falou com visitantes do interior da China e de Hong Kong e todos consideraram a viagem a Macau como sendo conveniente e fácil. Não mostraram preocupações com a Covid-19, mas alguns disseram que eram as restrições que causavam mais medo. Já outros queixaram-se sobre a dificuldade de reserva de quartos de hotel em Macau.

      Os feriados do Ano Novo Lunar têm sido tradicionalmente uma época alta de visitas em Macau, sendo um destino muito escolhido pelos visitantes oriundos da China Continental e de Hong Kong para uma pequena visita durante a Semana Dourada. Este período representou as primeiras férias sem restrições de Covid-19 em Macau após três anos, e a cidade volta a estar cheia de visitantes, com o número de entradas de turistas a bater recordes desde a pandemia.

      O adeus permanente às quarentenas para quem vem das chamadas zonas de alto risco de pandemia fez libertar o desejo de viagem para muitos residentes das regiões vizinhas. Ouvidos pelo PONTO FINAL, vários turistas disseram que a reabertura de Macau é atraente para fazerem uma curta viagem, sendo que, em vez de jogos em casinos, a comida e a paisagem da cidade serão os focos de visitas.

      O levantamento das restrições antiepidémicas também veio dispersar as preocupações dos turistas sobre a pandemia, nomeadamente das medidas de isolamento e infecção.

      “Todos os lados voltaram a abrir agora após a pandemia, portanto decidimos fazer uma viagem nesta altura. Também é a época de feriados, do Ano Novo Chinês, é bom para viajar e iniciar o ano com alegria”, referiu Tracy Wu, que viajou ontem para Macau de Nanjing, na província Jiangsu. Contou que já foi infectada pelo vírus e recuperou, pelo que agora já não há medo da Covid-19. “Já passou”, referiu.

      É a primeira vez que Tracy Wu visita a RAEM, revelou a turista, acrescentando que optou por apanhar um voo de Nanjing para Zhuhai e depois passar a fronteira pelas Portas do Cerco, devido à limitação de número de voos directos para Macau, bem como ao aumento dos preços de bilhetes de avião.

      A turista vai ficar no território durante três dias, dado que pretende um passeio mais relaxante, passeando pela cidade e provando a gastronomia local. “Estamos no Inverno e queria viajar mais para o Sul, onde está menos frio. Já visitei outros sítios na zona de Guangdong, então vim a Macau, onde há comida típica também”, referiu, enquanto aguardava numa longa fila de uma loja de tripas perto da Sé.

      Tracy Wu confessou ainda que Macau está a receber mais turistas do que pensava, estando as ruas concentradas com multidões. Os hotéis estão em grande parte ocupados, e por isso vai ficar num hotel na península de Macau por ser mais barato e conveniente. A visitante prevê um orçamento de 10 mil patacas para o alojamento, refeições e compras de produtos típicos de Macau, afastando a possibilidade de apostar nos casinos.

      Um casal turista da província de Hunan também assinalou que “é fácil” viajar para Macau, e que a região continua a ser um destino “interessante” para visitantes do interior da China. Encontravam-se sentados no Largo do Sé e a senhora Yao, que já esteve em Macau uma vez antes da pandemia, e o senhor Pun, que nunca visitou Macau, contaram que vieram para uma viagem de dois dias para fazer compras e ver a paisagem, particularmente as construções com características ocidentais.

      Mostrando-se desinteressado em jogos de fortuna e azar nos casinos, apesar de saberem que é a indústria prominente em Macau, o casal referiu que prefere ir a bairros antigos, de forma a apreciar os elementos culturais e criativos. “Vamos voltar a Macau porque é um bom destino, já não temos medo da pandemia, porque o País também levantou as restrições e está tudo aberto”, disse de forma optimista.

       

       

      PREÇO DE HOTÉIS DISPAROU

      Depois de as autoridades de Macau terem anunciado a desistência da política de ‘covid zero’, o território sofreu um surto comunitário de grande escala da pandemia no final do ano passado e começou a receber cada vez mais turistas desde o início de Janeiro. Desde então, diversas áreas em Macau encontram-se lotadas, inclusivamente a zona central da cidade, a vila da Taipa e o COTAI. O preço de alojamento nos hotéis, ao contrário do tempo da pandemia em que o foco era atrair mais consumo interno, subiu de forma rápida e acentuada, podendo uma noite no COTAI custar cerca de 10 mil patacas durante os feriados.

      A situação é reconhecida pelos visitantes. As jovens de apelido Han e Zhu salientaram ao PONTO FINAL que “foi muito difícil reservar hotéis para a viagem a Macau”, o que foi a única coisa que esteve quase a impedir a visita ao território.

      “Foi complicado. Também planeámos viajar para aqui antes e os hotéis eram muito mais baratos. Um quarto no Venetian custava menos de mil patacas, agora nem um orçamento de duas mil patacas chega para reservar uma estadia, se calhar porque muitas pessoas vieram cá agora”, observou Han, acrescentando que por se estar no Ano Novo Chinês há “mais vontade de gastar dinheiro”.

      De acordo com a senhora Zhu, ontem foi o segundo dia de viagem e ia voltar a Shenzhen à noite de barco. O itinerário principal era fazer compras, visitar algumas atracções e património, como as Ruínas de São Paulo, bem como tirar fotos e provar a comida portuguesa.

      “Escolhemos Macau porque é perto e agora está aberto. Não fomos a Hong Kong porque é mais difícil pedir a emissão de visto por parte das pessoas no Continente. Somos de Shenzhen, portanto é muito rápido e fácil pedir visto para Macau, podemos efectuar o processo de forma electrónica, só demora alguns minutos”, explicou. Não se mostrando preocupadas com a Covid, as jovens referiram que o surto já passou e “todos estão imunes”, considerando que “a pandemia agora não é grande coisa”.

      O aumento surpreendente do preço de hotéis foi também denunciado pelo senhor Chan, de Hong Kong, cuja família acabou por decidir fazer apenas um dia de passeio em Macau devido a essa questão.

      “Porque só ficamos um dia? Para ficar tem de se conseguir reservar hotel. Agora não há quartos disponíveis, o preço subiu bastante, não é possível reservar um. Tentámos, mas não conseguimos”, lamentou.

      O visitante da cidade vizinha apontou que a família estava “aborrecida” de ficar fechada em Hong Kong durante três anos. Neste caso, considera ser proveitoso trazer as crianças para passear em Macau, experimentar o autocarro dourado e passar a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Ao regressar a Macau depois da pandemia, a família Chan mostrou vontade em apostar nos casinos “aproveitando a sorte do Ano Novo”.

      Relativamente à deslocação, o marido avançou que os autocarros não estiveram ontem muito lotados, sendo fácil comprar bilhetes de ligação terrestre entre as RAE.

       

      RESTRIÇÕES FORAM A MAIOR CAUSA QUE IMPEDIU VISITAS

      Também de Hong Kong para uma viagem de um dia a Macau, Ciaran Voyles sublinhou que já não é a primeira vez que visita o território, contudo, a última viagem já tinha sido há quatro anos.

      Ao ser questionado sobre a retoma das actividades turísticas entre Hong Kong e Macau, o inglês destacou que “todas as coisas se tornam mais fáceis, sem restrições, sem quarentena, sem testes”. “Estamos como antes da pandemia”, referiu, acrescentando que nunca teve medo da Covid-19 porque está vacinado, visto que foram as restrições antiepidémicas que estiveram a impedir as viagens, mas não o impacto da pandemia.

      Acabado de chegar a Macau por barco, por considerar mais conveniente que o autocarro, Ciaran Voyles optou por ir visitar primeiro o Largo do Senado e as Ruínas de São Paulo, e a próxima paragem seria a vila da Taipa.

      “Todos em Macau ainda estão a usar máscaras, e parece que todos estão muito ocupados, existem muitos turistas nas ruas. Pensava que deveria estar mais tranquilo hoje, uma quinta-feira, mas afinal está cheio de pessoas”, indicou.

      Por sua vez, Federico Peleggi, que é oriundo de Itália e viajou de Shenzhen para Macau pela primeira vez, afirmou ao PONTO FINAL que não se preocupa muito com a situação epidémica da cidade. Já esteve infectado no Verão do ano passado, mas garante que vai continuar a usar máscara, visto que será mais seguro e poderá proteger-se.

      “Não sei bem como está a situação em Macau agora. Antes tinha mais medo sobre isso porque na China as medidas eram muito restritivas, e será muito complicado se for infectado no Continente. Agora é mesmo como na Europa, quero evitar ficar doente, mas viagem sem restrições é muito melhor”, ressalvou.

      Federico Peleggi chegou à China apenas após a pandemia, por necessidade de trabalho. Agora quer aproveitar a oportunidade para visitar Macau, antes de voltar para Itália. “Há barco do Porto Shekou de Shenzhen que vai directamente para o Porto Exterior de Macau, é fácil. Visitei Portugal no passado, claro que a paisagem de Macau é diferente em relação a Portugal, mas vale pena visitar e ver as características portuguesas aqui”, salientou.

      O turista revelou que a primeira impressão de Macau “é óptima”, e até melhor do que Hong Kong, prometendo voltar se surgir a oportunidade.

       

      73 mil entradas na quarta-feira

      Macau registou 73 mil entradas de visitantes na quarta-feira, o quinto dia da Semana Dourada do Ano Novo Chinês, sendo um aumento de 269% em relação ao mesmo dia do ano passado. Entre os visitantes, 44 mil são do interior da China e 25 mil de Hong Kong. Segundo os dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Turismo, foram acumulados 318 mil turistas que entraram em Macau entre o dia 21 e 25 do mês, o que representa um crescimento de 314% face ao ano passado. O valor médio diário de entradas cifrou-se em cerca de 64 mil visitantes. Além disso, até as 17h de ontem, o número de chegada de turistas atingiu as 58 mil pessoas.