Entraram em Macau 16,1 milhões de turistas no primeiro semestre deste ano, dos quais 1,1 milhões são turistas internacionais. O mercado do exterior tem sido uma das prioridades da tutela de turismo após a Covid-19, com esperança de trazer de volta os estrangeiros a Macau para diversificar as fontes turísticas. O PONTO FINAL falou com vários visitantes estrangeiros para saber a sua impressão de Macau. A maioria veio ao território pela primeira vez e todos disseram que Macau é um local recomendável para se viajar, com preços acessíveis. Gostam de ver o encontro das culturas chinesa e portuguesa, e também os hotéis de luxo e casinos.
A mistura das culturas chinesa e portuguesa, os casinos e hotéis de luxo, bem como a localização perto de Hong Kong, estão entre as principais razões que levam os turistas estrangeiros a escolherem Macau para visitar. Em declarações ao PONTO FINAL, alguns visitantes internacionais disseram que vieram ao território para experienciar uma cidade onde convivem elementos ocidentais e orientais, afirmando ainda que Macau “é semelhante a Portugal” e “tem ares da Europa”, aumentando a sua vontade de viajar a esta região.
A arquitectura portuguesa neste território asiático trouxe Rajat e Julie de Paris a Macau. Vindo da França, o casal está de viagem em Hong Kong e aproveitou um dia para visitar Macau. “Foi só para ver como é a arquitectura portuguesa. Ainda não conheço muito bem, mas diria que é uma mistura de arquitecturas diferentes. Esta zona é fantástica”, salientou Rajat, que esteve ontem na zona central da cidade, perto das Ruínas de São Paulo, na sua primeira visita a Macau. Para Rajat, além dos elementos portugueses, Macau, em geral, é parecido com Hong Kong, só que as zonas turísticas “são bastante diferentes” e “são muito boas”.
Contrariamente a Rajat, Julie já tinha estado em Macau em 2018, e ontem foi a sua segunda visita ao território. A francesa indicou que não sente grande diferença na cidade em comparação com a sua última visita, e continua a ser “tranquilo” para estrangeiros viajar para Macau em termos da comunicação em inglês. “Dos funcionários do hotel até aos trabalhadores do 7-11, não houve problemas de comunicação”, referiu.
Sourav e Shweda, provenientes da Índia, estiveram ontem igualmente pela primeira vez em Macau, no seguimento de uma viagem de longo curso a Hong Kong. A primeira impressão deste pequeno território é a sua semelhança com Portugal e a Europa. O casal já esteve em Lisboa, e disse que gosta muito de Macau. “Vale a pena!”, disseram, em relação à sua estadia de dois dias.
Visitar o Venetian foi a prioridade do casal nesta viagem. “Gostávamos de ver como é o casino, e é muito bonito. Para ser honesto, em comparação com a maioria dos locais europeus, aqui é muito bom. Visitámos também os casinos nos Estados Unidos, e achamos que os casinos de Macau são bons porque não havia tanta gente”.
Em termos de alojamento, Sourav e Shweda ficaram num hotel no Cotai. “[Os hotéis] não são caros, é um preço justo”, apontou o casal, frisando que, comparando com os hotéis com posicionamento de luxo em Macau e no estrangeiro, o preço em Macau é “um negócio melhor” em termos de qualidade e valor. Assim, referiram que “Macau é um local barato para se viajar”, explicando que “a zona perto da Venetian é quase igual ao Dubai, e em relação ao ponto de vista económico, Macau é muito mais barato para viajar do que o Dubai”. Nesse sentido, Sourav e Shweda garantiram que vão visitar o território novamente.
SENTIR EM CASA
“Viajamos sempre para Macau porque adoramos o local e a atmosfera. Macau é a minha segunda casa”. Foi assim que Elena Pinkston, natural da Roménia e a viver na Coreia do Sul com o marido norte-americano e o filho, descreveu o território.
Entrevistada pelo PONTO FINAL enquanto passeava pelas Ruínas de São Paulo, Elena Pinkston referiu que já fez várias visitas a Macau, a primeira das quais já há 16 anos. “Como vivemos na Ásia, Macau e Hong Kong tornaram-se locais a que chamamos de segunda casa”, indicou a romena. “E porque eu sou da Europa, e sou uma pessoa latina, acho que a cultura, o ambiente e a arquitectura de Macau fazem-me sentir em casa. Fazem-me ter saudades de estar num local como este”, assinalou.
Elena Pinkston avançou que já está muito familiarizada com Macau e adora a cultura, a comida e também as pessoas. “Não viemos aqui para apostar nos casinos. Só viemos cá pela atmosfera, andar pela cidade e apreciar o ambiente”, referiu.
Na opinião da turista romena, Macau não mudou muito ao longo dos anos, desde a sua primeira visita. Está “bastante preservado, num sentido positivo”, e não deu por nenhuns sinais de decadência.
Além disso, Elena Pinkston disse estar “absolutamente entusiasmada” por ver que Macau, depois da Covid-19, está a recuperar. “Não consigo imaginar como este sítio ficou durante aquele período. E está vibrante de novo. Por isso, sim, acho que está bem preservado e a seguir na direcção certa”.
Questionada sobre uma eventual melhoria da cidade, a visitante confessou que se incomoda mais com a construção contínua, que se vê “em todo o lado”. Elena Pinkston afirmou que não compreende como as construções demoram sempre tanto tempo nesta região, quando o ritmo de vida é rápido. Acaba por ser algo que não dá uma boa aparência à cidade, sobretudo durante o dia, considera. A visitante adiantou ainda que chegou a Macau através de Hong Kong, e que vai partir para a Tailândia para continuar as suas férias de Verão.
FÁCIL E ACESSÍVEL
Mikhail, que viajou da Rússia, passando por Xangai e Nanjing, até chegar a Macau, enalteceu que encontrou uma cidade amiga dos turistas, sublinhando que a viagem foi conveniente e fácil. Ontem foi o primeiro dia da sua visita, e Mikhail revelou ter passado pelas Ruínas de São Paulo, Leal Senado, igrejas e também alguns casinos, sendo que no itinerário apanhou sempre autocarros sem qualquer problema.
“Eu nunca tinha estado em Macau, e quero conhecer Macau, quero saber como é Macau, com a sua cultura portuguesa e chinesa”, frisou o russo.
Realçando que a cidade lhe deu “uma óptima impressão”, Mikhail confessou a sua paixão com a mistura das culturas da China, de Portugal, e também da Europa, de uma forma geral, manifestando boas perspectivas para o resto da sua visita até domingo.
VIAGEM EM FAMÍLIA
Shin Sam viajou para Macau com os amigos e a família. A coreana disse ao PONTO FINAL que escolheram Macau como destino turístico devido aos hotéis. A sua primeira viagem a Macau vai durar sete dias, e Shin Sam enfatizou que gosta muito de nadar, nomeadamente durante o Verão, pelo que aprecia muito as piscinas dos hotéis locais.
Mostrando-se satisfeita com o que tem encontrado, a coreana referiu que Macau é adequada para uma viagem de família com crianças, e que os hotéis são de alta qualidade e com “preços acessíveis”. “Voltarei no futuro. Adoro estar aqui, e gostaria de trazer os meus pais a Macau”, referiu.
Também oriunda da Ásia, Manami Kuyama, que veio de Chiba, no Japão, estava a fazer o primeiro dia de passeio, de cinco dias, em Macau. A japonesa assinalou que o ambiente de Macau é “lindo e único”, e optou por visitar Macau devido uma viagem a Hong Kong, não gastando muito dinheiro num alojamento de boa qualidade.
Cada vez mais turistas têm chegado ao território com vontade de pernoitar, e a taxa da ocupação hoteleira referente ao primeiro semestre aumentou 8,6 pontos percentuais em termos anuais, passando para 89,6%. Os alojamentos de cinco estrelas atingiram uma taxa de ocupação semestral de 90,8%. No entanto, os preços de hotel aumentaram ao mesmo tempo, e o preço médio, até Junho, foi de 1.402 patacas por noite, enquanto que no primeiro semestre de 2023 foi 1.263 patacas, um crescimento de 11,1%.
O volume de turistas tem vindo a subir desde o início de 2023, depois do fim das restrições de viagem nos tempos pandémicos. De acordo com os dados dos Serviços Estatísticos e Censos, no primeiro semestre do corrente ano, o número de entradas de visitantes em Macau totalizou 16.719.983, mais 43,6%, face ao período homólogo de 2023, registando-se uma recuperação de 82,4% do respectivo número do primeiro semestre de 2019.
O número de entradas de visitantes internacionais, também nos primeiros seis meses do ano, correspondeu a 1.168.622, mais 146,3% em termos anuais, observando-se uma recuperação de 67,2% do número registado no primeiro semestre de 2019.
Relativamente ao Sudeste Asiático, o número de entradas de visitantes das Filipinas (234.336), o da Indonésia (91.953), o da Malásia (85.122) e o da Tailândia (74.420) ascenderam 105,1%, 58,2%, 199,9% e 146,7%, respectivamente, face ao primeiro semestre do ano passado. Quanto ao Nordeste Asiático, o número de entradas de visitantes da República da Coreia (231.859) e o do Japão (61.870) cresceram 400,4% e 178,7%, respectivamente, em termos anuais. Em relação aos visitantes de longa distância, o número de entradas de visitantes dos Estados Unidos da América (69.566) subiu 129,4%, em termos anuais.