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      População aplaude fim do uso de máscara, mas a maioria continua a usá-la

      O alívio nas orientações sobre o uso de máscara adoptadas pelo Governo desde segunda-feira não causou uma grande mudança na comunidade, sendo que muitos cidadãos na rua estão ainda com máscara e poucos são aqueles que decidiram deixar de a usar. Quer porobrigatoriedade, quer por iniciativa própria, o uso de máscara tem estado presente na vida quotidiana da maioria em Macau durante os últimos três anos de pandemia, e muitos até consideram que já se tornounuma “nova normalidade” da vida social. Apesar de acharem positivo o alívio das restrições, alguns cidadãos disseram ao PONTO FINAL que ainda têm medo de apanhar o vírus, enquanto outros consideram que a pandemia já passou e preferem respirar o ar fresco, tal como se vivia há três anos.

      Embora o Governo de Macau nunca tenha promulgado e regulado oficialmente, como em Hong Kong, a obrigatoriedade do uso de máscara na rua, excepto durante o surto local em Junho e Julho em que era obrigatório usar máscaras KN95, a maioria da população em Macau se tem habituado à presença da máscara na sua vida diária ao longo dos últimos três anos. As autoridades emitiram no domingo orientações para deixar de ser obrigatório o uso de máscara em espaços ao ar livre, medida implementada desde segunda-feira, mas a situação na comunidade parece igual e a maioria das pessoas continuam a usar máscara quando andam na rua.

      O PONTO FINAL falou com vários residentes na zona central da cidade e era notório que muito mais pessoas estavam a usar máscara do que o contrário. Os residentes ouvidos por este jornal enfatizaram que a questão do uso ou não de máscara é uma escolha pessoal, e é bom que as pessoas sejam livres de escolher, de acordo com a sua própria situação de saúde e vontade.

      “Agora continuo a usar máscara porque quero e sinto-me mais confortável com isso. Mas também tenho ainda um certo receio da pandemia porque nunca fui infectado, quero mais protecção. Os meus amigos que já apanharam Covid-19 não usam máscara e está tudo bem para mim”, disse o senhor Lei, enquanto aguardava pelos seus amigos junto da Travessa dos Anjos, com uma máscara cirúrgica no rosto.

      O residente sublinhou estar mais preocupado com a sua saúde física e quer evitar ficar infectado no futuro, apesar de ter sido administrado com a vacina contra a Covid-19, com duas doses, e mais uma dose de reforço. A medida anunciada pelo Governo é positiva para a população, segundo o senhor Lei, por implicar que “temos a opção e podemos escolher usar ou não a máscara”. Sendo assim, Lei acrescentou que não tem plano, pelo menos para já, para tirar a máscara quando está em espaços ao ar livre, e prefere aguardar pela evolução da situação nos próximos meses, altura em que as autoridades preveem surgir um novo surto na comunidade.

      A situação é semelhante com Rowena, filipina que trabalha em Macau há sete anos. Com quatro doses da vacina e duas infecções anteriores, Rowena confessou que está ainda com medo de ficar novamente doente por causa da Covid-19, pelo que optou por continuar a sair com máscara.

      De acordo com a filipina, os seus amigos também não deixaram de usar máscara neste momento, bem como no seu local de trabalho. “Depois das orientações do Governo, o meu empregador mandou todos os colegas usar máscaras durante o trabalho”, avançou.

      Recorde-se que os Serviços de Saúde aliviaram as exigências do uso de máscara e confirmaram que a população fica dispensada de usar máscara em espaços ao ar livre e nas escolas, cabendo às entidades competentes decidir se é necessário ou não o uso de máscara nos espaços fechados. Quanto aos transportes públicos e instituições médicas, lares de idosos e de reabilitação, as pessoas que entram no local são obrigadas a usar máscara.

      “SINTO-ME ESTRANHA POR NÃO TER MÁSCARA”

      “O uso de máscara não é algo obrigatório para mim. Não quero muito usar, mas estou a usar ainda uma vez que todas as pessoas na rua estão a usar”, apontou a senhora Choi, ao ser questionada sobre o motivo de estar ainda de máscara no rosto. A idosa de 80 anos explicou que trouxe consigo a máscara todos os dias desta semana quando saiu de casa, mas pensava que havia uma situação especial como nos autocarros ou nos espaços fechados, onde era necessário usar.

      “Quando saí da casa e cheguei à rua e vi todos com máscara fiquei a pensar que seria melhor eu usar também, para não ser estranha. Não me sinto forçada, mas sinto-me estranha por não ter máscara. Uso e assim fico mais bem-disposta no meio da multidão”, realçou. No entanto, a residente assegurou que não tem medo da pandemia e que até já foi infectada em Dezembro, lembrando que a situação foi bastante dura e o seu corpo enfraqueceu muito desde essa altura. Asituação para os idosos é sempre mais complicada em comparação com os jovens, nem consegui comer e caminharmuito bem”, lamentou Choi.

      Um outro idoso, de apelido Lei, que estava com máscara KN95 junto da paragem de autocarros, garantiu ao PONTO FINAL que não tem medo da Covid-19, mas encontra-se de máscara devido às restrições nos transportes públicos. Segundo o residente, é menos conveniente repetir o acto de usar e tirar a máscara quando se passeia nas ruas e, nesse sentido, para as pessoas que “não têm boa capacidade de memória, convém usar o tempo todo”.

      O senhor Lei disse ainda que a sociedade não deve continuar a temer pelo vírus hoje em dia, “dado que não podemos controlar a infecção” e “as pessoas mais fracas já foram infectadas no último surto e ganharam imunidade”. “Quem resiste até hoje deve estar mais relaxado com esse assunto”, afirmou.

      JÁ PASSOU A PANDEMIA

      O anúncio a confirmar a não obrigatoriedade do uso de máscara foi uma notícia muito esperada pela população, tendo o significado de retorno à verdadeira normalidade da sociedade, como antes da pandemia. Mais levantamentos derestrições antidepidémica trazem um sentimento de que a Covid-19 está cada vez mais longe de nós.

      A jovem Tori, que acabou de chegar e instalar-senovamente em Macau, aplaudiu a iniciativa do Governo e mostrou-se contente pelo fim do uso de máscara. A residente estudou no território durante cinco anos na sua infância,mudou-se depois para a Austrália e voltou para região há alguns meses. Frisou que, ao contrário da maioria dos cidadãos em Macau, já se habituou a não usar máscara desde que vivena Austrália nos últimos anos. “Existia essa restrição sobre a máscara quando cheguei a Macau, fiquei desiludida. E agorapodemos não usar máscara e estamos a regressar à vida normal. Não uso máscara porque acho que não há necessidade”, salientou.

      Tori contou que não foi infectada, contudo, não estápreocupada com a situação epidémica ou que surjam mais casos no alegado pico que o Governo prevê para um futuro próximo, visto que já foi vacinada para se proteger.

      No que diz respeito à possibilidade de o Governo não descartar a possibilidade de ajustar de novo as exigências do uso de máscara de acordo com a situação epidémica na comunidade, a jovem considera que as orientações serão cada vez mais aliviadas no futuro. “Mesmo que haja realmente ainda mais surtos pequenos em Macau, não será razoável o Governo voltar a impor a obrigatoriedade do uso de máscara na comunidade”, apontou.

      Rita Wong concordou em se colocar um fim às restrições sobre o uso de máscaras e ficou optimista ao ver mais pessoas a deixar de usar máscara em espaços ao ar livre. A presidente da Associação Audiovisual CUT contou que terminourecentemente uma viagem à Europa, onde tudo já está a correr normalmente como antes da pandemia. “As pessoas na Europa já não estão a usar máscara e acho que é igual em muitos lugares no mundo. Portanto, escolhi deixar de usar também”, indicou ao PONTO FINAL.

      Reconhecendo que é um facto que a maioria dos cidadãos ainda está a usar máscaras na rua apesar de o Governo já ter descartado a necessidade do seu uso em espaços ao ar livre, o ilustrador Rui Rasquinho defende que a pandemia já passou e não se justifica continuar a usar máscara. “As pessoas continuam a usar por medo da Covid-19, ou apenas por hábito” de ter a máscara consigo, frisou o ilustrador, recordando que foram cerca de três anos em que a máscara se usava diariamente na comunidade.

      Mariana e Sara, alunas da Escola Portuguesa de Macau, manifestaram a mesma opinião de que a epidemia já terminou em Macau, mas notam que muitos cidadãos ainda mostram receio da situação pandémica. Deixaram de usar a máscara na rua simplesmente por já não haver restrições do seu uso, e as jovens acreditam que, com o levantamento das restrições, a população voltou a ter liberdade relativamente ao uso de máscara. De acordo com as alunas portuguesas, alguns colegas de turma e professores da escola continuam a usar máscara, apesar do alívio das restrições decretado pelo Governo.