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      Início Reportagem Novo Centro Ambiental Alegria com serviços inteligentes para promover a educação comunitária

      Novo Centro Ambiental Alegria com serviços inteligentes para promover a educação comunitária

      Com a adesão da primeira máquina inteligente e novos serviços de recolha de resíduos recicláveis por cor e de garrafas de vidro 24 horas por dia, o novo Centro Ambiental Alegria foi inaugurado no mês passado em Mong-Há. Numa visita guiada às instalações, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental explicou ao PONTO FINAL os trabalhos de tratamento, mostrando esperança que o centro funcione também como uma base de educação ambiental na comunidade para promover a consciência de protecção ambiental.

       

      A recolha selectiva, a reciclagem e a redução de resíduos a partir da fonte já não são conceitos estranhos nos dias que correm, representando medidas básicas que podemos fazer na vida quotidiana para contribuir para a protecção do ambiente. A escassez de recursos cada vez mais acentuada e a instabilidade climática para o futuro do planeta vieram elevar a consciência das pessoas em adoptar comportamentos amigos do ambiente.

      Com mais dedicação à protecção ambiental comunitária, Macau também está a ser cada vez mais equipada com recursos para realizar os respectivos trabalhos ambientais, por um lado, e, por outro, para contribuir para uma maior sensibilização dos residentes sobre a matéria.

      Dessa forma, o novo Centro Ambiental Alegria em Mong-Há, o sétimo centro do género sob a tutela da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), foi recentemente inaugurado nas instalações sociais da Habitação Social de Mong-Há, com o intuito de expandir a rede de reciclagem de recursos da comunidade.

      Numa visita guiada, a DSPA salientou que este é um dos centros ambientais que ocupam mais espaço, pelo que, ao mesmo tempo, “espera-se que se torne uma base de educação ambiental das comunidades”, sobretudo tendo em conta o seu estabelecimento numa zona habitacional rodeada por escolas.

      Este espaço recém-aberto ao público está já a disponibilizar novos serviços para recolha de uma diversidade de resíduos, com a instalação da primeira máquina inteligente de recolha de resíduos alimentares e uma zona de reciclagem de resíduos recicláveis por três cores aberta 24 horas por dia.

       

      Desperdício alimentar para fertilizante

       

      A máquina inteligente para a recolha de resíduos alimentares permite que os moradores efectuem, de forma mais conveniente e limpa, a reciclagem desses resíduos, com a função de pesagem e registo automático, bem como a eliminação de odor.

      Nas instruções do uso da máquina estão assinalados quais são os alimentos disponíveis para a recolha, por exemplo, carne, vegetais e cascas de ovo, e quais são os materiais que não podem ser recolhidos, como ossos e conchas de marisco.

      “Os cidadãos podem trazer os resíduos alimentares ao  centro com os seus recipientes, escoando o máximo possível o molho e a água dos alimentos, e colocam os resíduos directamente na máquina”, explicou o organismo. O limite de peso em cada recolha dos resíduos alimentares a reciclar é de 3kg. A recolha aqui visa os resíduos alimentares domésticos, e este limite é suficiente para o volume diário por pessoa, acrescentou a DSPA.

      O destino dos resíduos alimentares recolhidos não termina nesta fase, sendo transportados, todos os dias, para a Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau, situada no aterro do Pac-On. “Com o processamento nos equipamentos de compostagem para fermentação vão passar a ser fertilizante orgânico, que servirá ao Instituto para os Assuntos Municipais e à DSPA nos trabalhos de espaços verdes”, sublinhou a DSPA.

      Uma parte do fertilizante produzido a partir dos resíduos alimentares será empacotada em pequenas embalagens, de 100g, para distribuir gratuitamente ao público. Existem agora cada vez mais companhias de jardinagem e arborização a solicitar o aproveitamento desse fertilizante ecológico. “A ideia de reutilização constante é muito boa e significativa, e o sentido de participação também é importante. Na verdade, alguns restaurantes que participam no nosso projecto-piloto de Recolha de Resíduos Alimentares também estão a ser beneficiados por isso, podendo levar os fertilizantes e oferecer aos clientes e funcionários. O público pode saber assim para onde os resíduos recolhidos foram e no que se tornaram”, defendeu a DSPA.

      Segundo os dados revelados pelo organismo, a recolha em outros seis postos já tinha conseguido um total de sete toneladas de resíduos alimentares desde o início desse serviço.

       

      Zona aberta 24 horas por dia facilita a recolha comunitária

       

      O novo Centro Ambiental Alegria em Mong-Há destacou-se também com os serviços de recolha de resíduos recicláveis por três cores e de garrafas de vidro, pela primeira vez, na zona de reciclagem aberta 24 horas por dia, situada junto à entrada da instalação.

      Ao PONTO FINAL, a responsável da visita guiada da DSPA realçou a esperança de facilitar e incentivar ainda mais cidadãos a participarem na reciclagem. “Existe em Macau uma parte de pessoas que trabalha por turno, e também há moradores que não têm disponibilidade de vir depositar os resíduos na hora de serviço do centro. A zona de recolha 24 horas por dia serve para tem de sair para o trabalho às 4h da madrugada, ou para quem faz desporto às 7h de manhã, e até durante os feriados”, salientou.

      Nesta área encontra-se também ao serviço do público uma máquina inteligente de recolha de garrafas de plástico e latas. Segundo explicou a DSPA, o aparelho é capaz de detectar que tipo de recipiente é e pesá-lo na recolha, evitando assim que o recipiente contenha líquido durante a reciclagem.

      Os papéis, objectos de alumínio e material plástico serão recolhidos dos contentores de cor azul, amarela e castanha, respectivamente, e a DSPA revelou que estes são transportados, também diariamente, através de veículos exclusivos para a empresa responsável pela separação destes materiais.

      “Vão ser efectuadas a limpeza, a classificação simples e a pesagem, sendo posteriormente transferidos para a empresa de reciclagem para se proceder à classificação, compressão e embalagem”, detalhou, garantindo que os resíduos recicláveis recolhidos não serão misturados com outros resíduos domésticos para a incineração.

      A DSPA acrescentou ainda que os materiais recolhidos serão enviados para as regiões vizinhas para efeitos de reciclagem e transformação, adiantando que o papel usado pode servir à fabricação de papel reciclado, enquanto as garrafas plásticas podem ser também recicladas. Já para o vidro recolhido, “vamos transportá-lo para as instalações especializadas, procedendo ao corte em tamanho pequeno e a outros processamentos, sendo que alguns deles serão usados na pavimentação”.

      Recorde-se que as estatísticas do ambiente recentemente divulgadas pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos indicaram que, no ano passado, a Central de Incineração de Resíduos Sólidos tratou um total de 453.152 toneladas de resíduos sólidos urbanos, o que representou um aumento de mais de 3,6% em termos anuais.

      As estimativas apontam ainda que a actual quantidade diária per capita de descarte de resíduos sólidos urbanos é de 1,74 kg. Entretanto, o Planeamento de Gestão de Resíduos Sólidos de Macau estipulou uma meta até 2026 de 1,48 kg.

       

      Promoção e sensibilização sobre a protecção ambiental

       

      O presente Centro Ambiental Alegria em Mong-Há, que entrou em funcionamento no dia 22 de Abril, comemorando o Dia Mundial da Terra, compreende, além das zonas colocadas com máquinas e espaço de recolha, também uma área de exposição, uma mini-biblioteca, um canto de partilha de bens, uma sala de leitura e um espaço multiuso.

      No centro, os cidadãos são convidados a deixar os objectos reutilizáveis, como brinquedos, roupas, livros e até bicicletas, para aqueles com necessidade os possam levar para casa. Alguns móveis e aparelhos electrónicos também são reutilizados de forma a aproveitar ao máximo o processo de reciclagem.

      O organismo afirma que esse espaço não se limita apenas a fazer trabalhos de recolha, sendo que o centro vai continuar a desenvolver-se como uma base de educação ambiental nas comunidades. “Haverá mais workshops [de sabonete, detergente, entre outros], visitas guiadas e actividades organizadas neste centro, o mais brevemente no próximo mês, para as escolas, associações e o público em geral. Os visitantes podem aprender os conhecimentos correctos sobre a recolha, a reutilização e a reciclagem, conhecendo melhor o funcionamento do centro, aumentando a sensibilização de protecção ambiental”, afirmou a DSPA, revelando que, em todos centros ambientais, já foram marcadas 80 sessões de visita no primeiro semestre deste ano, envolvendo cerca de dois mil cidadãos.

      Recorde-se que a DSPA deu início aos Centros Ambientais Alegria em 2018, nomeadamente em Seac Pai Van, Ilha Verde, Toi San, Iao Hon, Praia do Manduco e Taipa.