É com satisfação que o Governo olha para os trabalhos de preparação para o fim das restrições em Macau. Em declarações ao PONTO FINAL, o Gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura considerou que os trabalhos preparatórios para o levantamento das restrições foram suficientes.
Durante as últimas semanas de Dezembro e as primeiras semanas de Janeiro, recorde-se, os serviços de urgência estiveram lotados e, além disso, registou-se também uma sobrecarga dos serviços funerários. O número de óbitos no mês de Dezembro disparou. Só nesse mês foram registadas mais de 600 mortes. A escala do aumento é visível quando comparado com os números de 2021. No total, nesse ano registaram-se 2.320 óbitos, o que dá uma média de cerca de 193 por mês. No último trimestre de 2021 registaram-se 608 mortos. Ainda assim, as autoridades de saúde não assumem que esse aumento exponencial se deveu ao surto epidémico.
Tendo em conta a situação, o PONTO FINAL questionou o Gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura porque é que as restrições não foram levantadas gradualmente ao longo dos últimos anos e também quais os trabalhos que foram realizados para preparar o fim das restrições ao nível da promoção da vacinação contra a Covid-19, da construção de infraestruturas médicas e de formação e importação de recursos humanos da área.
A resposta enviada pelo gabinete de Elsie Ao Ieong começa por dizer que, “tendo como linha orientadora as políticas e medidas antiepidémicas do Estado, o Governo da RAEM tem vindo a proceder a ajustes adequados conforme a situação real, designadamente no âmbito de medidas restritivas de entrada e de número de dias para a observação médica, ajustando e relaxando as medidas de forma constante”.
Salientando que foi feito um plano, “em conformidade com as políticas e medidas de prevenção epidémica do Estado”, de resposta ao período de transição, o gabinete da secretária diz que “o Governo da RAEM tem preparado, de forma suficiente, instalações médicas, aparelhos e equipamentos médicos e medicamentos, bem como disponibilizado acções de formação para os profissionais de saúde, com vista a executar as respectivas políticas antiepidémicas de forma rápida e eficaz”. Como exemplo desses trabalhos preparatórios, o Governo fala no acesso à vacinação gratuita, distribuição de kits de apoio ao combate à epidemia, fornecimento de máscaras e testes de antigénio e a introdução de “vacinas eficazes” assim que elas entraram no mercado.
O PONTO FINAL perguntou também se o Executivo estava a prever que o número de infectados em Macau aumentasse de forma tão abrupta logo depois do alívio das restrições, ao que o gabinete da secretária repetiu apenas o que já tinha sido dito na última conferência das autoridades, que cerca de 60% a 70% da população já foi infectada.
O Governo assinala também que, como “é cientificamente impossível prever, com precisão, quando acontece o pico” de infecções, as autoridades elaboraram um plano de resposta aos diferentes cenários. Recorde-se que o Executivo tinha planeado fechar a Avenida de Almeida Ribeiro nos dias 24 e 25 de Dezembro para a realização de uma feira de Natal, mas, com o aumento exponencial do número de casos de Covid-19, a iniciativa foi adiada. Sobre a realização ou suspensão dos eventos de grande dimensão, o gabinete apontou que “está sempre sujeita a uma avaliação completa em termos de combate à epidemia, tendo por objectivo assegurar a saúde e a segurança dos participantes e reduzir o risco de transmissão epidémica”.
A secretária admite que a vaga causou “uma sobrecarga nos serviços de urgência durante o período de pico”. Porém, afirma que “este desafio foi superado através do mecanismo de triagem, da medida de alocação de pessoal e das instalações médicas, bem como do forte empenho dos profissionais de saúde dos serviços de urgência”.
A 8 de Dezembro do ano passado começaram a ser aliviadas as restrições epidémicas impostas no território nos últimos três anos. Um mês depois as limitações foram retiradas na totalidade.
HO IAT SENG TAMBÉM SE TINHA MOSTRADO SATISFEITO COM RESPOSTA FACE À PANDEMIA
O Chefe do Executivo também já tinha manifestado satisfação face aos trabalhos do Governo durante o período da epidemia. No dia 20 de Dezembro, por ocasião das comemorações do 23.º aniversário da RAEM, o Chefe do Executivo afirmou, no seu discurso, que “os tempos mais difíceis” provocados pela pandemia têm vindo a ser superados. “Ultrapassámos o período mais crítico”, declarou Ho Iat Seng.
“Ao longo destes últimos três anos, a volatilidade da pandemia de pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus provocou severos impactos na economia de Macau, na vida e no emprego dos seus residentes. A descida drástica da economia atingiu de forma severa e sem precedentes a vida profissional e quotidiana dos residentes”, reconheceu Ho Iat Seng, mostrando-se, ainda assim, satisfeito com o desempenho do Executivo que lidera: “Ultrapassámos o período mais crítico, em que enfrentámos novos coronavírus altamente patogénicos, nomeadamente o vírus Covid-19 original e sua variante Delta, e vencemos o grave surto de 18 de Junho”.
Notando que a taxa de infecção, de casos graves e de mortes “tem-se mantido, de um modo geral, num nível relativamente baixo”, o Chefe do Executivo indicou que as autoridades têm “envidado os maiores esforços para alcançar o melhor resultado possível na prevenção e controlo da pandemia, consolidando e aperfeiçoando as medidas de prevenção e controlo da pandemia”.
O Chefe do Executivo olhou também para o futuro e adiantou que, este ano, o Governo vai “optimizar as medidas de prevenção epidemiológica de acordo com a evolução pandémica”. Ho salientou que o Governo de Macau continuará a seguir as directrizes do Governo Central, sendo que agora “a ênfase passou da prevenção e controlo de infecção para o tratamento médico, com vista à protecção da saúde da população e à prevenção de casos graves”.
Ho Iat Seng apontou que o Executivo vai “estudar e avaliar de perto a evolução pandémica e a situação patogénica dos doentes, disponibilizar, de forma razoável, recursos médicos, envidar os maiores esforços para reduzir a taxa de casos graves e de morte, e proteger ao máximo a segurança da vida e da saúde dos residentes”.