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      InícioÁsiaNovo primeiro-ministro do Japão preocupado com divisões no mundo

      Novo primeiro-ministro do Japão preocupado com divisões no mundo

      O novo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, advertiu que “a Ucrânia de hoje pode ser a precursora da Ásia Oriental de amanhã”, numa referência velada aos receios de uma invasão chinesa de Taiwan.

       

      “Porque é que a dissuasão não funcionou na Ucrânia?”, questionou Ishiba no seu primeiro discurso político perante o parlamento japonês, citado pela agência francesa AFP.

      Ishiba, 67 anos, tomou posse como primeiro-ministro do Japão na terça-feira, sucedendo a Fumio Kishida, que se demitiu após vários escândalos de corrupção no Partido Liberal Democrático (PDL) terem feito cair a sua popularidade. “Se tivermos também em conta a situação no Médio Oriente, a comunidade internacional está cada vez mais dividida e propensa a confrontos”, disse Ishiba.

      Ishiba apoia a criação de uma aliança militar regional nos moldes da NATO e afirmou, na terça-feira, que a segurança do Japão “nunca esteve tão ameaçada desde o final da Segunda Guerra Mundial” (1939-1945).

      A nível interno, Ishiba disse pretender aumentar os salários no Japão através de um novo programa de estímulo monetário, e de apoio às autoridades locais e às famílias com baixos rendimentos.

      Nesta década, afirmou que pretende aumentar o salário mínimo nacional médio para 1.500 ienes por hora (9,30 euros, ao câmbio atual), um aumento de quase 43% em relação ao salário atual de 1.050 ienes (6,50 euros) “Conseguiremos aumentos salariais superiores aos aumentos de preços, aumentando a produtividade individual e acrescentando valor”, afirmou.

      Numa reacção ao discurso, Takahide Kiuchi, do instituto de investigação Nomura, comentou que as declarações de Ishiba nesta fase são “provavelmente preparatórias para as próximas eleições gerais”, que o novo líder do PDL disse que irá convocar em 27 de Outubro. “A principal prioridade da administração Ishiba é ganhar estas eleições e consolidar a sua base de poder”, afirmou o analista, citado pela AFP.

      Daiju Aoki, do UBS SuMi TRUST, observou que “a ausência de uma estratégia de crescimento visível por parte da administração Ishiba constitui um risco político” para o primeiro-ministro.

      Apesar de o PDL ser o favorito, o governo de Ishiba tem apenas 51% de apoio da população, segundo uma sondagem publicada na quarta-feira pelo diário Nikkei, abaixo do resultado do primeiro executivo de Kishida, quando tomou posse no final de 2021.

      No discurso no parlamento, Ishiba também descreveu a situação da taxa de natalidade como uma “emergência silenciosa” e anunciou que o governo vai promover medidas de apoio às famílias, como horários de trabalho flexíveis.

      O Japão, tal como muitos países industrializados, enfrenta uma crise demográfica iminente, com uma população envelhecida e uma taxa de natalidade teimosamente baixa.

      De acordo com o Banco Mundial, o país de 125 milhões de habitantes tem a população mais idosa do mundo, a seguir ao Mónaco. No ano passado, a taxa de natalidade no Japão foi de 1,2, muito abaixo dos 2,1 filhos necessários para manter os níveis populacionais.

       

      Pesar pelos escândalos que atingem partido no poder

       

      O novo primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, expressou, no seu primeiro discurso político no cargo, profundo pesar pelo escândalo dos fundos secretos do partido do Governo que perseguiu o seu antecessor. “Conseguirei uma política que não seja para os políticos, mas para o povo”, disse Ishiba, comprometendo-se a fornecer “explicações sinceras” e a garantir que os legisladores cumprem as regras.

      Estabeleceu cinco pilares políticos a defender, incluindo a segurança, a economia e a resiliência a catástrofes. Ishiba disse que vai reforçar a capacidade militar do Japão para se defender das ameaças da China, Rússia e Coreia do Norte no âmbito da aliança de segurança Japão-EUA.

      O novo primeiro-ministro destacou as violações do espaço aéreo japonês no mês passado por aviões de guerra chineses e russos e o avanço da tecnologia e dos testes de mísseis da Coreia do Norte como exemplos da deterioração do ambiente de segurança que o Japão enfrenta e enfatizou a necessidade de um maior fortalecimento das forças armadas japonesas.

      Ishiba avançou que promoverá um “relacionamento estratégico e mutuamente benéfico” com a China e aumentará a comunicação a todos os níveis para construir laços “estáveis e construtivos”.

      No discurso, disse ainda que irá reforçar e expandir ainda mais os laços do Japão com a Coreia do Sul e a cooperação trilateral que o Japão tem com esta e com os Estados Unidos.

      O novo primeiro-ministro não mencionou dois objectivos que defendeu antes de assumir o cargo – tornar a aliança de segurança Japão-EUA mais equitativa e estabelecer um sistema de defesa colectiva semelhante ao da NATO na Ásia – aparentemente para evitar controvérsia antes das eleições, que o LDP deverá ganhar. Lusa

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      Redacção do Ponto Final Macau