No passado mês de Setembro, a força de trabalho não residente de Macau diminuiu para 182.371, contra os 183.230 registados em Agosto. Esta descida segue-se a um período de crescimento constante desde o início do ano, com os números de trabalhadores não residentes a subirem de 177.561 em Janeiro e a atingirem o pico em Agosto. Este declínio verificou-se em sectores-chave como a hotelaria e o comércio, que dependem fortemente da mão de obra não residente para satisfazer as necessidades da economia de Macau. Apesar desta diminuição, os não residentes continuam a representar 36% da força de trabalho total de Macau.
O panorama dos trabalhadores não residentes nos diferentes sectores económicos revela as tendências da migração laboral e das contribuições dos trabalhadores estrangeiros para a economia regional. De acordo com os mais recentes dados compilados pelo Corpo da Polícia de Segurança Pública e publicados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, existem actualmente 182.371 trabalhadores não residentes de diversos países e territórios em Macau, o que sublinha a natureza multifacetada dos mercados de trabalho da região.
Em Setembro de 2024, a força de trabalho não residente de Macau totalizou 36% da força de trabalho total da região, de aproximadamente 400.000 pessoas. Esta força de trabalho não residente apoia diversos sectores, desde projectos de infra-estruturas vitais a serviços pessoais de elevada procura. As estatísticas por detrás desta força de trabalho contam uma história de dependência económica, com locais como as Filipinas, o Vietname, a Indonésia e o interior da China a fornecerem um apoio essencial à economia de Macau.
Os trabalhadores chineses constituem o maior grupo de trabalhadores não residentes em Macau, com 122.456 trabalhadores, que representam cerca de 61,2% do total da força de trabalho não residente. Estes trabalhadores estão integrados em vários sectores, nomeadamente a construção civil, o comércio por grosso e a retalho e os serviços públicos.
Somente a construção civil emprega 27.676 trabalhadores chineses, cerca de 22,6% da mão de obra chinesa em Macau. A presença desta mão de obra no sector da construção realça o rápido ritmo de desenvolvimento de Macau, com novos hotéis, casinos e edifícios públicos a transformarem continuamente a paisagem urbana. Já o comércio por grosso e a retalho conta com 18.969 trabalhadores chineses, o que realça a dependência deste sector em relação a esta mão de obra para servir os residentes de Macau e a sua população turística crescente. Nos Serviços Públicos (electricidade, gás e água), outros 27.676 trabalhadores chineses desempenham papéis de manutenção destes serviços essenciais, reflectindo a forma como a estabilidade das operações diárias de Macau depende, em parte, da mão de obra não residente.
Os trabalhadores filipinos constituem o segundo maior grupo de mão de obra não residente em Macau, com 30.267 pessoas, que representam 15,1% do total de trabalhadores não residentes. O emprego doméstico é o maior sector de actividade dos filipinos, com 14.604 trabalhadores, noutros termos 48,3% de toda a mão de obra filipina em Macau. Esta forte presença nas funções domésticas reflecte a elevada procura de cuidados e serviços de apoio ao domicílio, essenciais para os residentes de Macau. Já a Saúde e Acção Social empregam 1.556 trabalhadores filipinos, uma presença menor, mas ainda assim evidente, que presta apoio nos serviços médicos e sociais e sublinha a dependência do sector da mão de obra não residente para os cuidados e apoio diários. Nas actividades financeiras, 5.131 filipinos contribuem para uma série de funções administrativas e de apoio.
Os trabalhadores vietnamitas e indonésios prestam também um apoio fundamental nos sectores dos serviços domésticos e dos cuidados de saúde de Macau, constituindo uma base sólida para estas funções. O Vietname contribui com 8.059 trabalhadores, ou seja, 4% da mão de obra não residente de Macau. Cerca de metade destes trabalhadores, 3.860, trabalham em tarefas domésticas, enquanto 1.693 trabalham no sector da saúde e da assistência social. A Indonésia, com um total de 7.079 trabalhadores, tem uma concentração ainda maior no emprego doméstico, com 5.039 trabalhadores, que formam 71% da força de trabalho indonésia em Macau.
Para além destes quatro grupos dominantes, outras nacionalidades contribuem com competências especializadas para a força de trabalho de Macau, desempenhando papéis essenciais nos transportes, serviços empresariais e cuidados de saúde. O Nepal fornece 3.757 trabalhadores, com uma concentração patente no sector dos transportes e comunicações. 2.506 trabalhadores nepaleses, 66,7% do total em Macau, apoiam a logística e os transportes. Esta presença é fundamental para manter a conectividade de Macau, um elemento essencial para o turismo e para a mobilidade local. Os trabalhadores dos Estados Unidos, embora em menor número, 108, contribuem em grande medida para o sector imobiliário e os serviços às empresas. 52 trabalhadores, 48,1% da força de trabalho dos EUA, trabalham nestes ramos. Esta concentração revela um papel pequeno, mas apesar disso estritamente específico nos sectores profissionais. Já a Índia tem 704 trabalhadores em Macau, a maioria dos quais trabalha nos sectores dos transportes e das comunicações, 330 trabalhadores, ou 46,9% do total da mão de obra indiana em Macau.
DEPENDÊNCIA SECTORIAL: ÁREAS-CHAVE APOIADAS POR TRABALHADORES NÃO RESIDENTES
Os dados revelam que os trabalhadores não residentes não se limitam a preencher lacunas, sendo essenciais para sectores inteiros. Entre os sectores mais dependentes estão a construção, o comércio por grosso e a retalho e os cuidados de saúde.
A construção civil depende de 27.676 trabalhadores chineses. À medida que esta força de trabalho continua a construir as infra-estruturas físicas de Macau, desde hotéis a espaços públicos, a dependência da construção em relação à mão de obra não residente tem-se tornado fundamental para o crescimento futuro da região.
O comércio por grosso e a retalho emprega cerca de 19.000 trabalhadores não residentes, permitindo a Macau satisfazer as necessidades de consumo dos residentes e dos turistas. Dado o forte sector turístico de Macau, a dependência do comércio a retalho de mão de obra não residente apoia a economia da região, ao manter uma experiência de consumo estável.
A saúde e os serviços sociais incluem uma força de trabalho diversificada com 1.556 filipinos, 1.693 vietnamitas e 408 indonésios, entre outras nacionalidades, o que faz deste um sector global. Este apoio no sector dos cuidados de saúde e dos serviços sociais garante que os hospitais, clínicas e serviços comunitários de Macau têm pessoal suficiente para cuidar dos residentes.
A dependência de trabalhadores não residentes nestes sectores principais indica que a economia e a vida quotidiana de Macau estão profundamente interligadas com as contribuições da mão de obra internacional. Com os não-residentes a representarem quase 36% da força de trabalho regional, a saúde da sua economia depende fortemente destes trabalhadores para satisfazer as necessidades dos consumidores e das infra-estruturas.
Somente a construção civil contribui com cerca de 10% para o PIB de Macau. Dado que este sector depende quase exclusivamente de mão de obra não residente, as flutuações na disponibilidade de trabalhadores têm um impacto directo na produtividade económica da região. As contribuições económicas dos trabalhadores não residentes vão para além do número de efectivos e a sua presença impulsiona o desempenho do sector e influencia o crescimento do PIB, sublinhando a escala do seu impacto.
TENDÊNCIAS DAS FLUTUAÇÕES DA FORÇA DE TRABALHO AO LONGO DE 2024
A força de trabalho não residente de Macau apresentou diversas alterações ao longo dos últimos meses. Janeiro começou com 177.561 trabalhadores não residentes, em Março, a força de trabalho aumentou para 179.469 e atingiu ultimamente um máximo de 183,230 em Agosto. Em contrapartida, em Setembro, registou-se um decréscimo, de 0,47%, para 182.371 trabalhadores, reflectindo um ajuste após o pico turístico do Verão. À medida que a procura turística diminuiu, os ajustes sazonais reduziram as necessidades de pessoal, especialmente em sectores como o retalho e a hotelaria.
Esta tendência sazonal ilustra um mercado de trabalho flexível que se expande e contrai com os ciclos turísticos de Macau, permitindo que as empresas adaptem os seus efectivos de acordo com a procura nos períodos de pico e fora de pico.
O mercado de trabalho de Macau é, portanto, em parte sensível a factores externos que determinam a disponibilidade para a entrada de trabalhadores não residentes. Sendo uma economia pequena, mas ainda assim globalmente ligada, Macau sofre a influência de condições económicas e geopolíticas mais amplas, nomeadamente o turismo sazonal e a estabilidade regional. A procura turística aumenta durante o Verão, atraindo mais trabalhadores não residentes para apoiar os hotéis, os restaurantes e o comércio a retalho. Esta procura cíclica leva a picos de contratação e declínios, à medida que as estações mudam. A disponibilidade de mão de obra de Macau é ainda afectada pela estabilidade económica regional. As mudanças políticas e económicas nas regiões vizinhas afectam a facilidade com que os trabalhadores chegam a Macau, influenciando a reserva de mão de obra não residente da região. Estes factores externos tornam a força de trabalho de Macau dinâmica e adaptável, mas por outro lado realçam a vulnerabilidade da região a mudanças fora do seu controlo.
IMPLICAÇÕES DA MÃO DE OBRA NÃO RESIDENTE
Desde projectos de construção de grande escala a serviços de cuidados pessoais, os 182.371 trabalhadores não residentes presentes na região tornam possível o funcionamento eficaz das infra-estruturas e serviços de Macau. Com a mão de obra chinesa a representar 61,2% desta força de trabalho e com o apoio adicional das Filipinas, Vietname e Indonésia, a dependência de Macau da mão de obra não residente é uma caraterística definidora da sua paisagem económica. A estabilidade da economia de Macau está intimamente ligada a esta distribuição da mão de obra, com os trabalhadores não residentes inseridos em sectores económicos vitais para satisfazer as diversas necessidades operacionais da península.