O acto de beber uma “bica” no Café Aileu, localizado naquele município de Timor-Leste, é uma verdadeira experiência para o olfato e o paladar, proporcionado por Zevanio Freitas, que também ensina os clientes a fazer um bom café.
Zeviano Freitas, de 29 anos, começou por abrir o café, porque era um “bom negócio”, mas o gosto pela bebida levou-o a aprofundar os conhecimentos, tornando-se num barista especializado em cafés, que em 2022 venceu o prémio de melhor profissional nesta área em Timor-Leste, no Festival de Café de Aileu.
No seu estabelecimento comercial em Aileu, a cerca de 45 quilómetros a sul de Díli, o café é o ingrediente principal e não entram outras bebidas, a não ser o leite, a água e chá de hortelã, de canela ou de casca de café. “Primeiro comecei a aprender pelo ‘youtube’ e depois alguns dos meus amigos disseram-me que se eu queria fazer um bom café tinha de saber fazer a minha própria receita”, explicou à Lusa Zeviano Freitas.
O caminho pela aprendizagem levou-o até à Associação de Café de Timor-Leste (ACTL), onde tirou uma formação profissional, e ainda ao Kape Diem, um laboratório de qualidade de café em Díli, que também tem a vertente da formação. “Aprendi mais sobre como fazer um bom café, como seleccionar um bom café para ter um bom sabor”, disse o barista.
É esta a experiência que Zeviano Freitas proporciona agora aos clientes, a quem transmite algum conhecimento através do cheiro de diferentes grãos, todos provenientes das plantações de Aileu, bem como quais devem ser utilizados para fazer café manual ou em máquinas. Com a Lusa partilhou a receita para o processo manual. “São 15 gramas de café, 230 gramas de água, que tem de ser fervida entre dois minutos e dois minutos e meio”, disse.
Mas, para os baristas, o processo é mais profissional e delicado. “Não pomos só água no café e servimos. Temos de saber como misturar o café na água, os ingredientes e quantas vezes se põe água e quanto tempo a água está em contacto com o café, porque quando a água quente está muito tempo em contacto com o café moído, queima-o e fica ácido, com mau sabor”, salientou. Um truque para manter o aroma e o sabor do café é, por exemplo, guardar o pacote no frigorífico depois de aberto.
Zaviano Freitas conta que já teve clientes que vieram de Díli de propósito só para beber um café, mas o barista diz que não tem nenhuma receita em especial. “O sabor do café tem a ver com o sabor do grão. O café tem muitos sabores, especialmente o natural”, disse. O café timorense é considerado um dos melhores do mundo, por ser orgânico e resistente às alterações climáticas.
Sobre este sector em Timor-Leste, Zaviano Freitas considerou que os agricultores têm de “acordar” começar a fazer mais planeamento para aumentar a produção, porque o produto já está a ser vendido internacionalmente. “Os meus clientes em Timor-Leste dizem-me que o café timorense tem um sabor único, é por isso que devemos plantar mais café”, afirmou.
Segundo dados da Associação de Café de Timor-Leste (ACT), entre 25% e 30% da população timorense depende economicamente do café, o primeiro produto agrícola exportado e o mais importante a seguir ao petróleo e ao gás.