Sophia Flörsch, piloto alemã que na edição de 2018 do Grande Prémio de Macau teve um aparatoso acidente, quer voltar a correr em Macau este ano. Para já, está à procura de equipa e à espera de respostas por parte da organização. Em entrevista ao PONTO FINAL, Sophia Flörsch deixa rasgados elogios à corrida da Guia e diz mesmo que Macau “tem um lugar muito especial” no seu coração.
Sophia Flörsch quer muito voltar a Macau para a 70.ª edição do Grande Prémio. A piloto alemã, que esteve no Grande Prémio de 2018 – tendo sido protagonista de um aparatoso acidente – e em 2019, está neste momento à procura de equipa para poder vir correr no Circuito da Guia. Já tentou contactar o Governo e a MGM, com quem fez parceria em 2019, mas ainda não obteve qualquer resposta. Em 2018, após o acidente, o Governo de Macau nomeou-a Embaixadora da Boa Vontade para o Turismo da região, e agora, em entrevista ao PONTO FINAL, Flörsch deixa rasgados elogios à região e sobretudo à corrida da Guia. A alemã diz mesmo que Macau “tem um lugar muito especial” no seu coração e que é a sua “segunda cidade”.
Como é que correu esta época? Correspondeu às expectativas?
Foi muito bom estar de volta à Fórmula 3. 2020 tinha sido o último ano na Fórmula 3, então estava mesmo entusiasmada por voltar este ano, graças à Alpine. Devido à falta de preparação – dado que foi uma decisão bastante tardia – eu fiquei razoavelmente satisfeita com a minha época. Obviamente, quando não se ganha não se fica 100% feliz, ainda assim, ter conseguido pontos por duas vezes e ter ganho pontos para a equipa foi muito bom. Fizemos corridas muito boas no fim da época e fui a piloto com mais ultrapassagens da época. Foi uma boa preparação para a próxima época.
O que é que destaca desta época? Quais os melhores e os piores momentos?
Pela negativa, acho que os maus momentos tiveram a ver com os problemas técnicos que tivemos no início na época. A equipa era completamente nova, então houve muitas coisas que tivemos de aprender. Isso foi difícil, por vezes. Fomos desqualificados por erros que cometemos na ‘pit lane’, nunca foram grandes problemas relacionados com o carro. Foi difícil, no início. No fim, acabámos por ter bons desempenhos nas corridas. Começámos sempre no lugar 20 ou até atrás e acabámos sempre no top-15. Foram corridas fortes. Tivemos os piores desempenhos nas qualificações. Mas, para uma equipa que era nova, tivemos um bom desempenho.
Sabemos que este ano quer voltar a correr em Macau, mas ainda não é certo que consiga. Qual o ponto de situação neste momento?
Quando se soube na Europa que Macau iria abrir outra vez, eu quis muito voltar a Macau. O problema é que foi tudo muito tarde em termos de comunicação. Até agora há ainda muitos pontos de interrogação nas equipas. O problema que tenho agora é que a equipa com quem corri esta época [PHM Racing] não vai a Macau, então tenho de encontrar outra equipa, e obviamente quero ir com uma boa equipa. Muitos lugares já estão preenchidos, porque as equipas levam os pilotos com que correram nesta época. Mas estamos a trabalhar nisso. Por agora, não tenho contrato, mas estou a tentar muito participar nesta edição do Grande Prémio de Macau.
Por agora, está então focada em encontrar uma equipa que vá competir aqui em Macau…
Sim. Todos os pilotos querem participar no Grande Prémio de Macau, não apenas este ano, mas aqueles que na próxima época vão estar na Fórmula 3. No fundo, tem tudo a ver com dinheiro e as equipas estão a ficar com aqueles que investem mais e com os pilotos que já têm contrato. Como disse, muitas equipas vão ficar com os pilotos com quem correram na época passada de 2023 e vão levá-los também a Macau, mas nós estamos a trabalhar nisso.
Está optimista?
Sim. Ainda há uma história inacabada. Estou a tentar muito voltar a Macau.
Essa vontade de competir em Macau tem a ver com o acidente aparatoso que teve aqui em 2018? É também uma forma de exorcizar esse acidente?
Acho que é uma combinação de factores. Por um lado é a Taça do Mundo de Formula 3. Pelo lado desportivo, é a melhor corrida que podemos fazer na Fórmula 3. É também uma loucura correr nas ruas de Macau. Eu, enquanto piloto, quero muito ir aí. Por outro lado, Macau é a minha segunda cidade. Pessoalmente, tenho uma forte ligação a Macau. Eu estive aí em 2018 e tive o acidente, em 2019 regressei. Depois disso não foi possível por causa da pandemia, mas este ano é possível e, por sorte, estou a competir na Fórmula 3 outra vez. Faz todo o sentido.
Li numa entrevista que deu recentemente que competir em Macau duas vezes foi, para si, um dos maiores feitos na sua carreira, até agora. É também por esses motivos?
No fundo, é por ser a Taça do Mundo de Fórmula 3 e por Macau ter uma história tão grande, com grandes nomes a competirem nas ruas da cidade. Normalmente, quem vence em Macau acaba por se tornar especial e todos o recordam. Toda a gente quer competir em Macau, é a Taça do Mundo! Correr duas vezes em Macau foi muito especial para mim, não só por causa do acidente de 2018, mas também porque é um evento especial, devido aos fãs e à organização. É simplesmente uma loucura. Qualquer piloto que corre em Macau fica espantado e maravilhado com tudo. Há tantas coisas que fazem com que o evento seja tão especial. Se for aí uma terceira vez este ano, estou focada em ter sucesso e ficar no top-5.
Já estipulou esse objectivo, de ficar nos cinco primeiros lugares?
Sim. Pelo que sei até agora, seria a piloto mais experiente em Macau – mas não sei se será anunciado algum piloto com mais experiência. Acho que depende da equipa, mas, se ficar com uma boa equipa, é bem possível. Claro que em Macau nunca se sabe o que irá acontecer, é sempre imprevisível, mas sim, é possível.
Voltando ao facto de estar a tentar competir em Macau, não foi contactada pelo Governo de Macau para participar? Ou a própria Sophia contactou a organização do Grande Prémio?
Eles não me contactaram, mas eu enviei um e-mail na semana passada e ainda estamos à espera da resposta. O que ouvi na Europa é que ainda não era claro o que ia acontecer este ano relativamente ao Grande Prémio de Macau. Estou à espera da resposta deles.
Depois do acidente, em 2018, foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade para o Turismo de Macau. Sente-se, de alguma forma, esquecida, dado que não foi contactada para participar nesta edição e ainda não lhe responderam?
Não. Em 2019, quando voltei, eles ajudaram-me muito, tal como em 2018, claro. É isso que tento fazer enquanto embaixadora, estar disponível e dizer ao público o quão eu gosto de Macau. Tem realmente um lugar especial no meu coração. Acho que eles vão responder. Estou bastante confiante.
O que é que significa para si esse título de Embaixadora da Boa Vontade para o Turismo de Macau? E tem feito alguma coisa em concreto nesse âmbito?
Durante os últimos anos foi difícil por causa da Covid-19. Até fazer publicações nas redes sociais foi difícil porque as pessoas não podiam entrar em Macau, foi uma situação difícil para todos. Até à pandemia eu fazia publicações bastante frequentes sobre Macau e tentei falar disso na imprensa aqui na Alemanha. Estou muito grata pelo título que me deram e, como disse, Macau tem um lugar muito especial no meu coração.
Ao longo dos últimos anos, o Governo de Macau tem estado presente e acompanhado os seus resultados e a sua situação? Estiveram em contacto?
Eles têm acompanhado, mas nada em particular. Macau tem uma corrida tão importante, que todos os pilotos querem correr aí. Por isso estou a tentar encontrar equipa. Em 2019, a MGM também me ajudou muito, por isso também os tentei contactar, mas ainda não me responderam. Estou à espera de respostas.