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      ONU reconhece esforços de Macau no apoio às mulheres vítimas de violência doméstica

      Rita Gonçalves

      Apesar de não ter criado uma entidade independente de salvaguarda dos direitos humanos, Macau conseguiu corresponder às expectativas do Comité da ONU no que respeita à protecção das mulheres vítimas de violência doméstica. Em resposta às recomendações feitas pelo Comité em 2021, o Governo ressalva que existe transparência na comunicação entre as várias entidades públicas e privadas, assim como uma Base de Dados de todas as vítimas mulheres, e garante ainda que há lares de acolhimento suficientes.

      O Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres deu um parecer final positivo ao relatório apresentado pelos representantes do Governo de Macau em Genebra no passado 12 de Maio. A Lei de Prevenção e Combate à Violência Doméstica é, de acordo com os membros do Comité, um passo concreto na aplicação de medidas de transparência, independência e melhor comunicação entre vítimas e agentes da autoridade. Istoporque a lei aprovada em Macau em 2016 passou a classificar o crime de violência doméstica como crime público, em que a queixa pode ser apresentada por terceiros, como também as entidades públicas e privadas que prestam cuidados médicos têm o dever de comunicar os casos de violência.

      Como esclareceu a secretária para os Assuntos de Saúde e Cultura Elsie Ao Ieong numa recente intervenção na Assembleia Legislativa (AL), não é necessário que haja uma acção judicial contra o agressor, já que a protecção da vítima é automaticamente assegurada pelos vários serviços de apoio, como o acolhimento temporário, assistência económica de urgência, acesso gratuito aos cuidados de saúde, assistência no acesso ao ensino ou ao emprego, prestação de aconselhamento jurídico, ou acesso a apoio judiciário urgente.

      Por resolver fica um dos pontos que o Comité tinha sugerido a Macau que fosse desenvolvido: o de uma instituição independente de defesa dos Direitos Humanos. A Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) declarou ontem, em comunicado, que o Governo vai continuar a desenvolver o regime jurídico para que este seja ainda mais rigoroso no combate à violência doméstica, e que continuará a “proceder de forma diversificada aos trabalhos de sensibilização, de educação e comunitários”, bem como fomentar acções de formação para todos os profissionais das áreas que trabalham conjuntamente na prevenção da violência doméstica contra mulheres.

      Apesar do bom desempenho, foram ainda apontadas a Macau a necessidade de melhoria de outras questões como a da educação das populações, o reforço da divulgação dos casos de violência doméstica, e a existência de lares de acolhimento suficientes para as vítimas. De acordo com a Lusa, o Comité apelou para que Macau consiga “assegurar um número suficiente de lares adequadamente financiados para mulheres vítimas de violência de género, incluindo violência doméstica”. No mesmo comunicado, a DSAJ garante que há lares de acolhimento suficientes em Macau para as mulheres vítimas, e que desde 2021 tiveram uma taxa de uso de “apenas 60 a 70% da capacidade dos lares de acolhimento”.

      Em 2021 foi ainda sugerido a Macau que se esforçasse porcriar novas medidas para melhorar a transparência, e resolver a falta de provas na investigação de casos de violência contra as mulheres. Nas observações finais da apreciação, o Comitéindicou estar satisfeito com o facto de o Governo ter criado uma Base de Dados das mulheres que recolhe informações acerca de todas as formas de violência contra as mulheres, mas que a medida é insuficiente. A DSAJ referiu que o “Governo da RAEM divulga anualmente um relatório sobre a situação da execução da Lei de prevenção e combate à violência doméstica, onde se incluem o tratamento e a análise sobre a situação dos casos de violência doméstica em Macau”, e que no mesmo relatório também se explicita todos os procedimentos das respectivas entidades executoras no âmbito de apoio às vítimas de violência doméstica”.

      Recorde-se que paralelamente com Macau, em Maio estiveram sob avaliação do Comité das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres outros territórios como Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, Alemanha, Espanha, Eslováquia, Venezuela e Islândia.

      Ponto Finalhttps://pontofinal-macau.com
      Redacção do Ponto Final Macau