Edição do dia

Segunda-feira, 29 de Maio, 2023
Cidade do Santo Nome de Deus de Macau
céu pouco nublado
28.9 ° C
34.4 °
28.9 °
74 %
3.1kmh
20 %
Seg
30 °
Ter
32 °
Qua
32 °
Qui
32 °
Sex
32 °

Suplementos

PUB
PUB
Mais
    More
      Início Cultura Restauro da capela erguida por portugueses em Goa nas mãos da Fundação...

      Restauro da capela erguida por portugueses em Goa nas mãos da Fundação Oriente  

      A Fundação Oriente juntou-se ao Governo de Goa para restaurar, naquele estado indiano, a capela da Nossa Senhora do Monte, construída no século XVI pelos portugueses, e que implica “um investimento avultadíssimo”, disse o organismo.

       

      “Este ano vamos fazer um forte investimento novamente na recuperação da capela, juntamente com o Governo local”, apontou o delegado da Fundação Oriente (FO) em Goa, Paulo Gomes.

      A história da FO em Goa, que celebra este ano o 28.º aniversário da delegação na região, não pode ser contada sem mencionar a Capela de Nossa Senhora do Monte. Além de ter sido responsável, em 2001, pela recuperação integral da estrutura religiosa, o organismo português lançou naquele espaço, no ano seguinte, o festival de Música do Monte, “um dos cartazes culturais ou musicais mais importantes de Goa”, que já completou 21 edições de sons indianos e internacionais.

      “Os períodos das monções aqui são bastante significativos para determinado património. As monções acontecem desde junho até setembro, quando chove ininterruptamente, e estes edifícios mais antigos carecem de uma manutenção diária”, disse Paulo Gomes, referindo que, ao longo das duas últimas décadas, o trabalho “para evitar que a capela chegasse a este estado não foi feito”.

      Com a responsabilidade da intervenção no interior do edifício, a fundação trouxe a Goa, no ano passado, dois restauradores-conservadores portugueses. “É um investimento avultadíssimo, e o nosso compromisso é colaborar na recuperação do interior da capela que também é um investimento avultado, desde murais, eletrificação, desde os altares”, explicou o responsável, estimando que até ao final do ano, “a capela possa estar operacional”.

      Questionado sobre o valor do investimento da Fundação Oriente neste projecto, o delegado preferiu não responder. A Lusa também entrou em contacto com o departamento de Arqueologia do Governo de Goa, mas até ao momento não recebeu qualquer resposta.

      A recuperação do património é, segundo Paulo Gomes, “uma das apostas da Fundação Oriente” no estado indiano de Goa. Mas o apoio, assume o responsável, vai além da tradição portuguesa: “Estamos sempre disponíveis, quer seja património cristão, quer seja património hindu, para receber propostas e analisar dentro daquilo que são as nossas possibilidades”, salientou.

      No que diz respeito à intenção de deitar abaixo a Capela de Nossa Senhora das Angústias, em Damão, Paulo Gomes disse não estar na posse “dos elementos necessários” para falar sobre o caso, declarando, no entanto, que “ainda não existem certezas sobre a sua demolição”.

      A comunidade católica damanense está a tentar impedir a demolição do edifício religioso com mais de 400 anos, que o administrador provincial, Praful Kodhabai Pratel, membro do Bharatiya Janata Party (BJP, Partido do Povo Indiano, nacionalista conservador hindu, no poder desde 2014), quer transformar num campo de futebol. “Estamos a preparar-nos para a eventualidade de levarmos o caso até à decisão do Supremo Tribunal em Bombaim”, disse à Lusa o padre Brian Rodrigues, que presta os serviços religiosos naquele lugar de culto ainda ativo.

      Ainda no que diz respeito ao património, a FO em Goa recebeu, em fevereiro, o 7.º Colóquio Internacional Casas Senhoriais, um projeto com mais de duas décadas que até recentemente se debruçava sobre o estudo deste tipo de mansões em Portugal e no Brasil. Um “espaço de reflexão” que chegou este ano, pela primeira vez, à Índia.

      “Um seminário muito bonito e com cerca de 20 investigadores, arquitetos, quer do Brasil, quer de Portugal, aos quais se juntaram arquitetos de referência de Goa”, explicou o representante da FO, notando que a própria sede do organismo em Goa é uma casa senhorial, adquirida em 1993, e que foi alvo, no início do ano, de obras de manutenção “também avultadas” na galeria de arte.

      Em 2004, foi doada à FO parte da colecção de trabalhos de António Xavier Trindade (1870-1935), “pintor maior da Índia”, nascido em Goa e de origem portuguesa. Dessa herança artística, mais de três dezenas de obras estiveram expostas, entre Novembro de 2022 e janeiro de 2023, na Galeria Nacional de Arte Moderna, em Nova Deli. “Foi uma das acções em que levámos também Goa, a Fundação Oriente e Portugal à capital”, disse, explicando que “a Índia, já no próximo mês, vai tornar-se no país mais populoso do mundo”, pelo que “as distâncias são enormes e nem sempre é fácil desenvolver atividades fora de Goa”. Lusa

       

      Ponto Finalhttps://pontofinal-macau.com
      Redacção do Ponto Final Macau