O Instituto Cultural (IC) ainda não apresentou queixa-crime pelo desmoronamento de parte da antiga muralha da cidade, na sequência de um deslizamento de terras que terá sido provocado por obras em dois estaleiros de construção que estão adjacentes ao local. Segundo Leong Wai Man, presidente do IC, o organismo está à espera das conclusões de uma investigação ao sucedido que será realizada pelas Obras Públicas.
O Instituto Cultural (IC) está à espera das conclusões da investigação que será realizada pela Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) para decidir se vai apresentar queixa-crime pelo desmoronamento de parte da antiga muralha da cidade. Recorde-se que parte deste bem imóvel classificado de Macau ruiu na passada quinta-feira devido a um deslizamento de terras que terá sido provocado por obras em dois estaleirosadjacentes ao local.
Questionada sobre se o IC já apresentou queixa-crime às autoridades, a presidente do IC começou por dizer que “as Obras Públicas vão fazer uma investigação sobre a queda e, por enquanto, nós ainda não temos dados sobre o motivo e apuramento de responsabilidade”. Será então a DSOP, que tem como funções a fiscalização das obras, a apurar as responsabilidades relativamente à queda da muralha.
“Sobre a protecção da muralha, o IC tem um papel tutelar. Em relação às obras, nós exigimos a protecção da muralha, da paisagem, etc. Essas obras têm de cumprir o nosso parecer e as obras só podem começar com autorização dos serviços competentes. Ainda estamos a aguardar a investigação do caso e só assim é que vamos avançar para os trabalhos posteriores”, afirmou a presidente do IC, acrescentando que o organismo está a dar prioridade “à segurança dos residentes da zona”.
“[O apuramento de] responsabilidades é um trabalho da segunda fase, depois de haver uma investigação feita”, frisou, reiterando: “Temos de aguardar o resultado da investigação, só assim podemos saber a quem cabe a responsabilidade e o motivo que levou ao desabamento da muralha”.
Leong Wai Man indicou que ainda existe risco de derrocada no local e, por isso, a DSOP está a fazer os trabalhos de consolidação do local. “Algumas partes ainda não estão estáveis, estamos a comunicar com os serviços de Obras Públicas”, referiu. A responsável disse também que as autoridades vão reforçar o mecanismo de fiscalização.
Por outro lado, a presidente do IC disse que o restauro daquele troço terá de ficar para depois de a DSOP concluir a obra de consolidação. Leong Wai Man não garantiu que as obras de restauro do troço comecem este ano.
A muralha foi construída entre 1568 e 1569 e tinha como função servir de defesa contra os invasores. Após uma tentativa falhada de invasão a Macau por parte dos holandeses, a muralha foi fortificada pelas autoridades da dinastia Ming, em 1622, para suportar futuros ataques militares. Em 1632, os portugueses fizeram a reconstrução da muralha. A secção das antigas muralhas da cidade que faz parte do Centro Histórico de Macau situa-se na Calçada de S. Francisco Xavier, à esquerda das Ruínas de S. Paulo e adjacente ao Templo de Na Tcha. A muralha é feita de chunambo, uma mistura de barro, terra, areia, palha, pedras e conchas de ostras moídas, num aglomerado que é compactado em camadas sucessivas e muito resistente. A secção que resistiu até hoje mede 18,5 metros de comprimento, tendo 5,6 metros de altura e mais de um metro de espessura.