A Universidade do Porto (UPorto) e a Universidade de São José, em Macau, juntaram-se ontem a um centro luso-chinês de investigação em ciências do mar, que quer atrair mais instituições, disse um dirigente à Lusa.
As duas universidades assinaram acordos com a Universidade dos Oceanos de Xangai (SHOU, na sigla em inglês), durante a cerimónia de abertura da quinta conferência, realizada em Macau, do Centro Internacional de Investigação Conjunta para as Ciências do Mar.
O centro, conhecido pela sigla inglesa de Sinoport Ocean, foi inicialmente estabelecido pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve e pela SHOU, em 2017, e teve reuniões anuais alternadas entre Xangai e Faro, interrompidas pela pandemia.
À margem da conferência, o diretor do CCMAR, Adelino Canário, disse que o objetivo “é de facto alargar a cooperação” e previu que o número de acordos assinados com universidades portuguesas e chinesas “vai continuar a alargar-se”.
“Até agora tem sido com um número limitado de participantes, por convite, mas estamos a pensar alargar de uma forma mais aberta, permitir que mais investigadores possam participar, porque há muito interesse mútuo em colaborar”, explicou Canário. “Às vezes há falta de mecanismos, mas há esse interesse e quanto mais pessoas estiverem envolvidas melhor, para permitir que haja também mais diversidade”, acrescentou o professor universitário.
Canário apontou o financiamento das colaborações como um outro desafio e lamentou interrupções nos programas da Fundação para a Ciência e a Tecnologia português e do Ministério da Ciência e Tecnologia da China.
O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau “está muito interessado em ajudar a que estas colaborações avancem e, portanto, temos confiança que vão avançar”, acrescentou o académico.
Além dos resultados científicos, Canário sublinhou a importância de encorajar a iniciativa, sobretudo dos jovens investigadores, em procurar oportunidades de colaboração e de “conhecer outras formas de fazer coisas e outras culturas”.
Por outro lado, disse o diretor do CCMAR, as alterações climáticas fazem com que seja “cada vez mais importante” investigar os oceanos, porque ajudam a regular o clima ao absorverem o excesso de dióxido de carbono na atmosfera.
O vice-presidente da SHOU disse querer alargar às universidades da região semiautónoma chinesa a cooperação científica e académica entre a China continental e Portugal.
Após a cerimónia de abertura da conferência, Luo Yi acrescentou que os acordos poderão ajudar a criar uma rede de cooperação e investigação científica “mais vasta e mais próxima” entre instituições de ensino superior dos dois países.