A criminalidade de Macau aumentou 12,2% nos primeiros nove meses comparando com os dados de há um ano. Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, apontou que a subida se deve ao aumento dos crimes de burla, tendo sido registados 2.160 casos até Setembro. Mais furtos, delinquência juvenil e violência doméstica, mas menos casos abuso sexual de crianças, são também destaques do balanço do secretário. Foram interceptados 2.835 burlões de troca de dinheiro, dos quais 1.635 correspondem a não residentes a quem foram aplicadas medidas de interdição de entrada ao território.
Com mais de 10 mil inquéritos criminais instaurados pela polícia nos primeiros três trimestres, Macau registou um aumento da criminalidade de 12,2%, em comparação com o período homólogo do ano 2023. Foi também um acréscimo de 2,2% relativamente ao mesmo período de 2019. O secretário para a Segurança justificou a subida nos números da criminalidade geral, semelhante ao primeiro semestre deste ano, devido ao “aumento contínuo” dos crimes de burla.
As estatísticas da criminalidade até Setembro foram divulgadas ontem. Na conferência de imprensa, Wong Sio Chak revelou que os crimes de burla representam um aumento de 43,9%, do aumento total do número de crimes, em comparação com a mesma época do ano passado
No entanto, segundo o governante, a criminalidade violenta grave, os crimes relacionados com a droga e com o jogo, bem como os furtos e roubos, foram “significativamente inferiores” aos do mesmo período do ano 2019, o que significa que o ambiente de segurança de Macau “se mantém estável”, destacou Wong Sio Chak.
O balanço da tutela da Segurança detalhou que foram registados 2.160 casos de burla entre Janeiro e Setembro, número que representa um crescimento de 31,5% em termos anuais e que duplicou quanto à mesma época de 2019.
As burlas telefónicas resultaram em 240 casos, dos quais 70% foram cometidos através da “simulação de chamada por pessoal de serviços públicos”, sendo ainda este o modus operandi mais frequente, indicou o Executivo. 721 casos foram burlas cibernéticas, um aumento contínuo e com esquemas prevalentes de investimento online, venda de bilhetes e compras online. Houve 581 casos de burla informática, incluindo 509 casos relacionados com pagamentos online através de cartões de crédito. Foram registados ainda 54 casos de extorsão online através de ‘nude chat’. Neste caso, a cooperação entre a PJ e o sector bancário ajudou a evitar 439 casos de burlas que envolviam um montante superior a 80 milhões de patacas.
No que diz respeito à criminalidade violenta, registaram-se 210 casos nos primeiros nove meses do ano, com um aumento anual de 16,7 %. A polícia investigou 1.502 casos de furto até ao terceiro trimestre, o que traduz um aumento anual de 6,3%. Entre estes, 48 casos de furto ocorreram dentro de aviões.
Houve ainda 35 casos de tráfico e venda de drogas entre Janeiro e Setembro deste ano, representando um decréscimo de 5,4% e de 62,8% em comparação com os períodos homólogos do ano passado e do ano de 2019, respectivamente, significando que continuamos com uma tendência de baixa taxa de ocorrência.
DELINQUÊNCIA JUVENIL E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Wong Sio Chak avançou ter verificado nos primeiros nove meses do ano 89 casos de delinquência juvenil, uma subida de 18,7% em termos anuais, e de 89,4% face a 2019. Estiveram 133 jovens envolvidos nos casos, mais 27,9% em termos anuais.
Já o crime de violação aumentou para 40 casos até Setembro, sendo que mais de 60% das vítimas não eram residentes e a maioria dos crimes ocorreu em quartos de hotel. “Não é de afastar a hipótese de que alguns dos casos tenham ocorrido num contexto de relações sexuais consentidas”, analisou o governante.
Foram registados 15 casos de abuso sexual de crianças, menos 37,5% em relação ao mesmo período do ano passado, mas ainda mais do que os do ano de 2019. Para proteger melhor os jovens de crimes sexuais, as autoridades realizaram várias actividades de sensibilização que contaram com 22 mil participantes no total.
A tutela da Segurança disse que foram preliminarmente registados 104 casos de violência doméstica, mais 4 e 22 casos que os do ano passado e de 2019, até Setembro, respectivamente. Até ao início de Outubro, após investigação, seis casos foram classificados como crimes de violência doméstica, 63 casos como crimes de ofensas à integridade física e 32 casos continuam em fase de investigação.
Para a construção da 6.ª fase do Sistema “Olhos no Céu”, a área da segurança já escolheu, preliminarmente, 680 locais para a instalação de câmaras, plano que está ainda sujeito à aprovação dos Serviços da Protecção de Dados Pessoais. Leong Man Cheong, comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, acrescentou que se iria abrir um concurso para as obras em breve, com vista a concluir a instalação das câmaras até 2027.
CÂMBIO ILEGAL COM POSSIVEL DIMINUIÇÃO
As autoridades policiais interceptaram entre Janeiro e Setembro 2.835 burlões de troca de dinheiro, dos quais 2.635 eram não residentes a quem foram aplicadas medidas de interdição de entrada no território. A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos adoptou medida de proibição de entrada nos casinos contra 1.677 envolvidos.
Os principais crimes derivados da actividade de câmbio ilegal continuam a ser as burlas, com um registo de 527 casos até Setembro. No entanto, os esquemas de burla de notas falsas registaram uma “descida significativa” desde o segundo trimestre deste ano.
Wong Sio Chak adiantou que, desde a entrada em vigor da nova lei, a polícia deteve 55 suspeitos em 42 casos relevantes, considerando que as actividades ilícitas envolvendo câmbio ilegal tiveram uma “redução notável. “A criminalização da troca ilegal de dinheiro irá reduzir a margem de actuação desses ‘burlões de troca de dinheiro’, o que contribuirá para garantir a segurança do ambiente do jogo de Macau”, salientou.
Segundo a Polícia Judiciária, desde a criminalização da troca ilegal de dinheiro usado para apostas, foram apreendidas 7,11 milhões de patacas e fichas avaliadas em 1,95 milhões de patacas.
POLÍCIA DISPOSTA A RECEBER FISCALIZAÇÃO, DIZ WONG SIO CHAK
A coluna “Alarme da Polícia sempre Soa” no portal online do Gabinete do Secretário para a Segurança para informar o andamento dos processos disciplinares, segundo Wong Sio Chak, não é exigida por lei, mas demonstra que a polícia “tem coragem e empenho de tomar a iniciativa de enfrentar problemas e receber fiscalização pública”. Questionado sobre a eficácia da coluna, Wong Sio Chak disse que o número de casos de violação da lei ou da disciplina por parte do pessoal varia, mas “a tendência geral é decrescente”, assegurou. Recorde-se que a coluna criada em 2015 visa divulgar a existência de actos violadores da lei ou da disciplina praticados pelo pessoal sob tutela da Segurança. O secretário para a Segurança defende assim que a coluna tem efeito de dissuasão e mostra a responsabilidade das forças de segurança de Macau, mantendo uma boa imagem da polícia e beneficiando a protecção dos direitos e interesses legítimos do público. Por outro lado, Wong Sio Chak disse prestar alta atenção ao anterior caso de atropelamento com 35 mortes em Zhuhai, tendo as autoridades realizado uma avaliação de risco em Macau e reforçado patrulhas em locais com grande afluência de pessoas.