Os pedidos de ajuda relativos ao transtorno de jogo diminuíram nos últimos três anos na Associação Sheng Kung Hui Macau, através da sua linha telefónica de aconselhamento e apoios contra vícios do jogo. No entanto, entre Janeiro e Fevereiro deste ano, a procura deste serviço em geral voltou a subir, e foram registados mais 48% de pedidos de ajuda provenientes de turistas do Continente e de Hong Kong. A Associação e o Instituto de Acção Social também preveem um aumento de pedidos de ajuda de turistas no futuro.
Desde a reabertura total da cidade, o número de pedidos de ajuda, recebidos nos últimos dois meses pela Associação Sheng Kung Hui Macau em relação ao vício do jogo, registou um crescimento de 20% face ao período homólogo do ano passado.
O balanço entre Janeiro e Fevereiro do serviço da “Linha aberta de 24 horas e serviços de aconselhamento online para apoios contra vício do jogo” da associação mostrou ainda um aumento de 48% de pedidos de ajuda entre turistas provenientes de Hong Kong e do interior da China, enquanto a subida verificada entre residentes foi de 16%.
Ao contrário da tendência decrescente dos últimos três anos de pandemia, a Associação Sheng Kung Hui Macau prevê que o número de pedidos de ajuda aumente ainda mais no futuro devido à retoma integral da deslocação transfronteiriça entre Macau e Hong Kong e o Continente, bem como a recuperação gradual da economia e do turismo no território.
A coordenadora da linha de apoio contra o vício do jogo, Lao Mei I, destacou que o serviço já registou um total de 20 mil solicitações de apoio desde que a linha entrou em funcionamento há oito anos.
Segundo o Jornal Ou Mun, o número de pedidos de ajuda na linha aberta de Sheng Kung Hui sofreu uma quebra gradual e contínua durante os últimos três anos, sendo que foram atendidas 2.928 solicitações de ajuda no ano passado, correspondendo a uma diminuição de 10% em relação a 2021. Lao Mei I revelou que a maioria dos solicitantes são jovens com idades compreendidas entre 19 e 35 anos, o que representou 61% do número total, sendo jogadores com experiência de jogo de um ano ou menos. “Isto mostra que os trabalhos de promoção sobre o Jogo Responsável obtêm gradualmente resultados, permitindo que as pessoas passem a ter maior consciência sobre o risco de transtorno de jogo, e tomem a iniciativa de pedir ajuda”, enfatizou.
Segundo a mesma responsável, entre os pedidos de ajuda do ano passado sobre o vício de jogo, o bacará é o que tem causado uma maior dependência, ocupando 65% do total. Seguem-se as apostas desportivas, tendo o número de solicitantes desta categoria subido para 16% devido ao Campeonato Mundial de Futebol. Segundo os dados revelados, quase 20% das pessoas que recorreram à ajuda apresentaram problemas de perturbações de saúde mental ou emocional devido ao jogo.
IAS TAMBÉM PREVÊ MAIS PROCURA DE AJUDA PELOS TURISTAS
Na opinião do Instituto de Acção Social (IAS), acredita-se também que a procura de ajuda por parte dos turistas envolvidos no transtorno de jogo irá subir nos próximos meses, tendo em consideração o regresso de turistas a Macau.
A Chefe de Divisão de Prevenção e Tratamento de Jogo do IAS, Wu I Mui, notou que, no Sistema de Registo Central dos Indivíduos Afectados pelos Distúrbios do Vício do Jogo, a percentagem dos casos registados relacionados com turistas foi muito baixa, com apenas 8,5% no ano passado. Acrescentou ainda que mais pessoas do Continente e de outras regiões recorreram recentemente ao serviço de aconselhamento online sobre vício de jogo.
Os residentes locais representavam 75% da procura de ajuda antes da pandemia, e a responsável estima que a taxa se mantenha quando a sociedade voltar à normalidade.
Por outro lado, em declarações à Rádio Macau em língua chinesa, o presidente da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, Song Wai Kit, afirmou que há duas operadoras de jogo que já criaram áreas de jogo exclusivas para jogadores estrangeiros, e acredita que mais concessionárias vão instalar áreas idênticas para expandir o mercado internacional.
