A República Popular da China anunciou, na passada sexta-feira, o fim de todas as restrições relacionadas com a pandemia de Covid-19 nas deslocações para as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau, dando luz verde para o reinício das excursões organizadas para os dois territórios, a partir de hoje.
De acordo com o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Pequim, em comunicado, confirmou o cancelamento da necessidade de registo e das quotas para atravessar as fronteiras que ligam as duas regiões à China continental.
Acto contínuo. O secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lei Wai Nong, disse, em conferência de imprensa na manhã de sexta-feira, que a medida vai servir de “impulso para a recuperação da economia” do território que depende do turismo como de pão para a boca. “O Governo da RAEM agradece sinceramente o apoio e a assistência prestados pelo Governo Central e pelo Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho do Estado, por ter sido implementada a medida de retoma de excursões turísticas do interior da China a Macau, a que, sem dúvida nenhuma, desempenhará um papel impulsionador muito relevante em prol da recuperação do sector turístico de Macau e do dinamismo económico local, representando também um forte impulso para a revitalização da economia do território”, disse o governante.
De facto, desde a isenção do teste de ácido nucleico para entrar em Macau a partir de 8 de Janeiro deste ano, registou-se, no mesmo dia, cerca de 40 mil visitantes, mais 154% do número médio diário apurado no ano passado. “Durante a semana dourada do Ano Novo Lunar, os dados estatísticos preliminares indicam que o número total de visitantes a Macau rondou cerca de 451 mil pessoas, um aumento substancial de 297% comparativamente com o número registado na semana dourada do Festival da Primavera do ano transacto”, referiu ainda Lei Wai Nong, que acrescentou que só “no terceiro dia do Ano Novo Lunar entraram em Macau mais de 90 mil visitantes, batendo um novo recorde no número de visitantes diários desde o início da pandemia”.
O Governo de Macau referiu ainda que foi também “muito satisfatória” a taxa média de ocupação dos estabelecimentos hoteleiros, atingindo um nível superior a 85% durante a semana dourada do Ano Novo Chinês, um aumento de 22% em comparação com a semana dourada do Festival da Primavera do ano passado, tendo o terceiro dia a taxa média de ocupação hoteleira atingiu o valor mais alto, marcando 92%.
OLHOS POSTOS NO SUDESTE ASIÁTICO
“É uma boa notícia” a reabertura às excursões organizadas, considerou a diretora dos Serviços para o Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, que secundava, na conferência de imprensa, o secretário para a Economia e Finanças. “Macau está a preparar medidas para explorar novos mercados, a começar por um ‘roadshow’ no Sudeste Asiático. A Tailândia, por exemplo, é um dos que consideramos, porque tem um voo directo para Macau”, acrescentou.
A macaense disse ainda acreditar que a RAEM tem capacidade para acolher ainda mais turistas do que antes da pandemia. “Temos mais de 46 mil quartos de hotel e ainda temos mais de dois mil quartos que serão disponibilizados em breve”, enfatizou.
Tal como o presidente da Associação de Hotéis de Macau, Luís Herédia, havia confirmado em entrevista ao PONTO FINAL na passada sexta-feira, a média da taxa de ocupação hoteleira durante as celebrações do Ano Novo Lunar foi de 85,7%. No entanto, o responsável admitiu que Macau começa agora a ter falta de mão-de-obra para fazer face à demanda.
Na conferência de imprensa sobre a “Retoma da Operação de Excursões Turísticas de Residentes do Interior da China a Macau”, Lei Wai Nong reconheceu que os hotéis locais têm sentido falta de pessoal, porque a cidade perdeu milhares de trabalhadores estrangeiros devido ao impacto socio-económico que a Covid-19 teve no território.
Em jeito de promessa, o secretário para a Economia e Finanças garantiu que “esta semana” vai negociar com as empresas ligadas ao turismo para “resolver o problema com que o sector se está a deparar”. “O Governo da RAEM continuará a aproveitar eficazmente as políticas promovidas pelo Governo Central em benefício de Macau, dando prioridade à promoção do desenvolvimento da indústria de turismo e lazer integrado, a par de se esforçar por concretizar as estratégias de desenvolvimento diversificado e adequado de ‘1+4’.”
Lei Wai Nong disse ainda que serão alargadas as acções para promoção de integração intersectorial de “Turismo +”, desenvolvidas constantemente as séries de trabalhos dedicados a ampliar as fontes de turistas e reforçada a campanha promocional online e presencial no que respeita a Macau como uma cidade segura e apropriada para visitar. “Continuar-se-á a consolidar o mercado emissor de turistas do interior da China, redobrando esforços para atrair os visitantes de Hong Kong e criando condições para explorar fontes de turistas internacionais”, referiu, considerando que, paralelamente, estará “empenhado em optimizar os produtos e serviços turísticos, por forma a elevar a atractividade turística em geral, atraindo mais turistas a visitar, consumir e prolongar a sua estadia em Macau e, por consequente, voltar a visitá-la no futuro, transformando Macau num destino de turismo e lazer integrado bem acolhido pelos visitantes de diferentes origens que gostam de lá permanecer por mais dias e visitar de novo nos dias vindouros, contribuindo assim para revitalizar a economia do território”.