Numa entrevista feita pelo Instituto Cultural (IC), Carlos Marreiros e Konstantin Bessmertny partilharam as suas ideias no que diz respeito à “estética”. Para o arquitecto português, a “estética” é “uma forma de ver o mundo”, enquanto que para o artista russo é uma “literacia visual” que se precisa de ser educada. Ambos artistas sedeados em Macau defenderam que a criação artística é um “trabalho árduo” que necessita de “esforço constante”.
A “estética”, para algumas pessoas, não se trata sempre de algo fácil compreender. Para o arquitecto Carlos Marreiros, a “estética”, todavia, é “uma forma de ver o mundo”, enquanto que o artista Bessmertny defendeu que é uma “literacia visual”.
As declarações foram afirmadas numa entrevista divulgada no IC Art. Na ocasião, os artistas partilharam as suas ideias no que concerne à “estética”, elaborando a interacção entre a beleza e a arte na vida, na sequência das realizações de duas sessões temáticas presididas, respectivamente, por Marreiros e Bessmertny, intituladas “Travel Log de Marreiros” e “Curso Intensivo de Arte de Quatro Horas”, no seguimento de um programa denomiado por “Palestra sobre Estética”, no âmbito do “Mês da Promoção Cultural 2022” organizado pelo Instituto Cultural (IC) em Abril. A iniciativa teve como objectivo “trocar pontos de vista com os participantes sobre a beleza presente na vida do dia-a-dia e permitir-lhes apreciar o modo como a vida se encontra impregnada de beleza.”
“Lembro-me de que quando eu era pequeno, o meu avô ensinou-me escrever o número ‘6’ e perguntou-me o que era isso. Respondi que era um ‘6’, e de seguida pediu-me que visse de novo do lado oposto, e respondi que era um ‘9’. A mesma coisa, de ângulos diferentes, gera perspectivas distintas”, recordou o arquitecto português. O artista russo contradiz o preconceito no qual um leigo pensa que quanto maior for o valor, mais bonita seria uma obra artística. Bessmertny salientou ainda a importância da educação sobre a literacia visual, frisando que “se uma pessoa ficar sem literacia visual não teria a capacidade de distinguir a beleza do que é feio”.
Acredita-se que a inspiração artística é algo essencial para a criação e existe até um ditado que diz que a inspiração artística é derivada da vida, e a forma escolhida para se viver apresenta o gosto pessoal e a estética. Marreiros e Bessmertny observaram que a criação artística de facto não vem depois da “musa”, mas necessita sim de um “esforço constante”.
“As inspirações não vêm do céu”, sublinhou o arquitecto português, defendendo que “quando [nós artistas] enfrentarmos problemas, fazemos pesquisas e tentarmos encontrar respostas. Continuamos a criar, criar e recriar, até descobrirmos a solução”. O artista russo que se dedicou à criação artística há mais de 40 anos considera que a criação é um “trabalho árduo”, no entanto, todo o esforço recompensa com o sentimento de realização até à chegada do “momento mágico” em que “tudo se torna fácil” na sequência de um investimento incessante na procura da solução para ultrapassar as dificuldades. “Artistas, em algum sentido, assemelham-se a empreendedores, que requerem um alto nível de autodisciplina”, ressaltou Bessmertny.
Ao ser questionado sobre as dicas para o desenvolvimento da literacia visual, Marreiros referiu a relevância da educação familiar e ambiente externo, reconhecendo que “Macau é uma cidade com diversidade cultural, um local de confluência das culturas chinesa, portuguesa e do mundo ocidental”, onde se inspirou para ver o mundo num prisma diferente. “Visitar mais galerias de arte, ler mais livros em relação a diversos temas, ouvir músicas, ver filmes, viajar, experimentar tanto quanto se puder e aprender a comparar experiências diferentes”, referiu. Bessmertny, por sua vez, tentou apontar algumas sugestões mais concretas para cultivar o nossa próprio sentido estético e aproveitar a vida.
PONTO FINAL