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      Biden anuncia investimento de 600 milhões de dólares no Corredor do Lobito

      O Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou ontem, na cidade costeira angolana do Lobito, província de Benguela, um aumento do investimento dos Estados Unidos para o Corredor do Lobito, em mais 600 milhões de dólares.

       

       

      “Os Estados Unidos vão agora investir 600 milhões de dólares adicionais para expandir a infraestrutura”, a linha férrea que ligará o porto do Lobito à República Democrática do Congo (RDCongo) e à Zâmbia, disse Biden, na cimeira internacional sobre o projecto que decorreu no último dia da sua visita a Angola.

      Os 600 milhões de dólares vão juntar-se aos mais de três mil milhões de dólares atribuídos até agora por Washington a projectos ligados ao Corredor do Lobito, uma infraestrutura vista como um afirmar das ambições dos EUA face à China no continente africano.

      Na cimeira participaram, além do Presidente norte-americano, os chefes de Estado de Angola, João Lourenço, da RDCongo, Félix Tshisekedi, e da Zâmbia, Hakainde Hichelema, e o vice-Presidente da Tanzânia, Philip Mpango.

      Antes do encontro, Biden visitou o Porto do Lobito, onde testemunhou a chegada de um comboio de carga da Lobito Atlantic Railway (LAR), com carregamento de cobre proveniente da República Democrática do Congo.

      O Corredor do Lobito, uma infraestrutura ferroviária que liga Angola às zonas de minérios da RDCongo e da Zâmbia, na qual os Estados Unidos são um importante parceiro na renovação da parte já existente e construção de prolongamento, é o grande foco da viagem de Biden a Angola.

      O chefe de Estado norte-americano observou a chegada do comboio carregado de cobre, que tem como destino New Orleans, nos Estados Unidos da América.

      O LAR é um consórcio de empresas ao qual foi atribuído uma concessão que inclui a gestão integrada da linha férrea do Corredor do Lobito e do Terminal de Minerais do Porto do Lobito, por 30 anos.

      À semelhança de Luanda, a província de Benguela também teve ontem tolerância de ponto, com interdição ao tráfego rodoviário nas principais vias e condicionantes no movimento aéreo, ficando proibido o comércio ambulante em todas as zonas com restrições na circulação e suspensos os funerais previstos para hoje nos cemitérios da Catumbela e Luhongo.

      O activista Rafael Marques disse ontem que a visita de Joe Biden a Angola “é mais simbólica” e não vai resolver a fome no país, lamentando a “incompetência” do Governo angolano na aplicação de medidas concretas.

      “É histórica (a visita) por ser a primeira de um Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) a Angola, mas é mais simbólica e mediática do que prática em termos de relações entre os dois países e a explicação é muito simples: as questões internas de Angola – democracia e direitos humanos – devem ser resolvidas cá”, afirmou Rafael Marques à Lusa.

      Angola vive, neste momento, a “maior violação” dos direitos dos cidadãos, traduzida pela “fome que graça pelo país”, referiu o também jornalista, salientando que “pouco ou nada” tem sido feito para a salvaguarda do direito à alimentação no país.

      O direito à alimentação “é um direito fundamental e pouco ou nada tem sido feito para aliviar o peso da desestruturação do Governo, da economia, sobre o modo de vida dos cidadãos e estas questões não serão resolvidas pelos EUA, devem ser resolvidas pelo Presidente (da República) João Lourenço”, apontou.

      Para Rafael Marques, a visita de Joe Biden não deve encarada como uma “panaceia” para a resolução dos problemas de Angola, insistindo que quem deve os resolver “é quem dirige os destinos do país”.

      Quem está a dirigir o Governo “deve ouvir os clamores da população, deve apresentar políticas públicas concretas de melhoria da condição de vida do cidadão e deve, sobretudo, saber governar e ter governantes que não sejam tão medíocres e arrogantes” quanto os actuais, criticou.

      O activista, que esteve na terça-feira na plateia de individualidades que assistiram à intervenção de Joe Biden na sua vista ao Museu Nacional da Escravatura, em Luanda, reafirmou as soluções dos problemas de Angola devem ser encontradas internamente.

      “Esperar que entidades estrangeiras venham resolver os nossos problemas é um atestado de menoridade, o país é nosso e somos nós quem tem de resolver os problemas”, vincou.

      O também director do portal “Makaangola” considerou, por outro lado, que o Corredor do Lobito não vai resolver o problema dos angolanos e não vai mudar a economia do país, argumentando que a infraestrutura é de grande valia para os norte-americanos.

      O Corredor do Lobito “é um projecto e deve ser tratado como tal, não vai resolver os problemas dos angolanos, não vai mudar a economia, isso é conversa, tem um valor geopolítico, geoestratégico para os EUA”, disse.

      Defendeu ainda que os angolanos precisam de produção alimentar, emprego e de outras condições “que só um Governo competente, com pessoas sérias e responsáveis, pode fazer”. “Nós não temos, precisamos um Governo sério”, realçou.

      “Temos um Governo que serve o Presidente (da República) e o Presidente (da República) serve-se a si, é só ele quem decide e pode. A nossa vida não mudará, porque temos um mau Governo”, concluiu Rafael Marques.

       

      Ponto Final
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      Redacção do Ponto Final Macau