Arranca amanhã a 71.ª edição do Grande Prémio de Macau e, em entrevista ao PONTO FINAL, Luís Gomes assegurou que a organização vai fazer tudo para que o Circuito da Guia continue a ter a preponderância de sempre a nível local e internacional. O coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau diz que a substituição da Fórmula 3 pela Fórmula Regional não reflecte uma perda de prestígio por parte do Grande Prémio de Macau e justifica dizendo que os bilhetes estão praticamente todos vendidos e que a taxa de ocupação hoteleira nesta altura andará na casa dos 90%.
O programa da 71.ª edição do Grande Prémio de Macau começa amanhã com as primeiras sessões de treinos. Este ano, o Circuito da Guia não recebe a habitual prova de Fórmula 3 (F3), que foi substituída pela Fórmula Regional (FR), mas isso, no entender de Luís Gomes, não significa que o Grande Prémio de Macau perdeu prestígio. Em entrevista ao PONTO FINAL, o coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau diz mesmo que será dada continuidade à importância que esta prova tem a nível local e internacional. “É da nossa responsabilidade que o Grande Prémio de Macau contribua para o desenvolvimento do automobilismo a nível internacional”, afirma também o novo presidente do Instituto do Desporto (ID). Na entrevista, Luís Gomes adianta que os bilhetes já estão praticamente esgotados e é esperado que os hotéis cheguem a taxas de ocupação na ordem dos 90% durante os dias de provas.
Quais são as expectativas para esta 71.ª edição do Grande Prémio de Macau? O que é que destaca?
O Grande Prémio é uma prova desportiva com uma longa tradição em Macau e é das mais antigas. Esta é a 71.ª edição e nunca houve interrupções. O Circuito da Guia é um circuito de renome a nível internacional, muito conhecido em todo o mundo. É uma actividade icónica de Macau. Michael Schumacher e Ayrton Senna são pilotos de grande renome que estiveram aqui neste circuito e marcaram a história desta actividade. André Couto também é um dos nomes que marca a história deste evento. Todos esses destaques são o aspecto fundamental para podermos dar continuidade a este reconhecimento a nível internacional do Circuito da Guia. Em destaque temos três provas com reconhecimento da Federação Internacional de Automobilismo [FIA]. O próprio presidente da federação reforçou esta ideia de que a organização destas três provas em Macau tem bastante importância. A prova que organizamos este ano pela primeira vez também é a primeira a nível mundial a ser realizada, a FR. Esta edição também tem um significado especial por coincidir com o 75.º aniversário da implantação da República Popular da China e o 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM, bem como o 45.º aniversário das relações diplomáticas entre a China e Portugal. Vamos dar continuidade à importância que esta prova tem a nível local e internacional.
A substituição da F3 por esta nova FR não significa que o Circuito da Guia perdeu prestígio?
Cada prova tem a sua importância e as suas particularidades. Nas negociações, a FIA achou por bem escolher Macau como ponto inicial para a realização da Taça do Mundo de FR, portanto isto é um grande prestígio. Pela primeira vez, Macau organiza esta prova associando e atraindo os melhores pilotos. Aproveitando o reconhecimento que a organização tem e as particularidades do Circuito da Guia, que já tem um determinado nível e reconhecimento a nível internacional, a FIA escolheu Macau e não outro sítio para inaugurar uma prova tão importante. Há pilotos do FR bastante jovens que, de acordo com o seu desempenho, foram seleccionados para participarem na Fórmula 1. Tradicionalmente, os pilotos da Fórmula 1 vêm da Fórmula 2 ou Fórmula 3, mas a FR é uma novidade que permite que os pilotos vencedores cheguem também à Fórmula 1, esta é uma nova tendência. O presidente da federação deu bastante ênfase ao facto de o vencedor desta prova da Taça do Mundo ter também o mesmo reconhecimento, assim como Schumacher ou Senna, terão o mesmo prestígio. É da nossa responsabilidade que o Grande Prémio de Macau contribua para o desenvolvimento do automobilismo a nível internacional.
Não há a possibilidade de Macau voltar a organizar a prova de Fórmula 3? Esse não é um objectivo do Governo?
O nosso objectivo e missão é organizar o evento cada vez melhor e dar continuidade à fama que o Grande Prémio de Macau tem. Sabemos que o automobilismo está sempre em renovação e progresso, estamos a acompanhar todo esse desenvolvimento que se vê hoje em dia. Havendo novas combinações que possam contribuir para o desenvolvimento do automobilismo e prestígio de Macau, estamos prontos a experimentá-las. Temos toda a abertura a receber novamente a F3 caso as condições permitam. Também há uma característica que não se encontra em nenhuma parte do mundo que é o facto de Macau aglomerar tantas categorias de carros numa mesma prova. Macau tem muita variedade de carros a competir na mesma pista e isto marca a especificidade de Macau. Para além da FR, temos o GT, o TCR, que são provas importantes por serem as finais. E procuramos dar continuidade à prova de motas, esta é a 56.ª edição e vamos fazer todos os esforços para dar continuidade a esta prova na Ásia. A motivação que esta prova de motas cria no público é algo que não pode ser substituído por nenhuma outra prova. Com esta combinação de diferentes provas, nós estamos abertos a contribuir para o desenvolvimento do automobilismo a nível internacional e local.
Este ano mantém-se o interesse do público, e em específico do público internacional?
Praticamente, os bilhetes já estão esgotados. Quanto aos pacotes turísticos que englobam bilhetes para esta prova, houve um aumento de 76% em relação ao ano passado. Este é um indício de que existem mais estrangeiros interessados em despender e ver esta prova, o que pode trazer muito proveito para Macau. Participantes são mais de 180, antes do Covid-19 eram 169. Detectamos um acréscimo de pilotos locais, internacionais e do interior da China. Registaram-se mais de 360 elementos de comunicação social. Antigamente não se via tanto interesse por parte do interior da China neste tipo de provas, com excepção da Fórmula 1 em Xangai. Graças a reportagens de media do interior da China, foram atraídos turistas para virem ver as provas em Macau. Com o desenvolvimento da tecnologia, também alguns KOL se registaram neste Grande Prémio. Mais de 30 ou 40 empresas vão produzir em conjunto connosco artigos para venda com a temática do Grande Prémio. As grandes empresas de lazer, junto dos Serviços de Turismo, criaram certas actividades sob a temática do Grande Prémio. Estamos convencidos de que, durante esse período, a ocupação dos hotéis vai ser superior a 90%. Todos estes dados estatísticos revelam que a há cada vez mais pessoas interessadas em ver esta prova.
Esta é a primeira vez que coordena a organização do Grande Prémio. Quais as principais dificuldades que tem encontrado?
Tanto o Instituto do Desporto como a Comissão Organizadora do Grande Prémio são equipas muito profissionais. Graças aos bons alicerces, tem-se dado continuidade para que a prova se desenvolva de forma sistemática e sem contratempos. Esta prova tem uma organização bastante madura. A exigência que o Governo tem perante esta prova tem o seu peso ao longo do tempo. A arte está no equilíbrio entre a organização normal das provas e não incomodar demasiado a vida dos cidadãos nesses dias. Perante uma equipa tão madura que faz as coisas com eficácia e mediante a experiência que eu trago noutras áreas, isso faz com que se resolvam as dificuldades que se vão encontrando, havendo assim uma harmonia e equilíbrio para que as coisas vão para a frente.
O Governo tem apostado na diversificação da economia da região também através das actividades desportivas. De que forma é que o Grande Prémio contribui para isso?
O desporto está incluído como um aspecto fundamental para o desenvolvimento da diversificação da economia em termos gerais. Há dois pontos de vista: Um é a importação de actividades de grande envergadura, como o ITTF e o Macau Open de Golfe, por exemplo. Por outro lado, há que fazer bem aquilo que temos, como o Grande Prémio, que procuramos fazer cada vez melhor. O Grande Prémio não é meramente uma prova desportiva porque contribui para ser uma plataforma no aspecto turístico e cultural, permitindo o desenvolvimento da economia em várias vertentes. No ano passado, 2,5 milhões foi o valor despendido pelos turistas durante o período do Grande Prémio. Procuramos, com a organização desta prova, contribuir indirectamente para os aspectos económico e social.