Um dirigente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) assumiu ontem que a cooperação tecnológica com a China “é fundamental” para o Brasil, mas que é necessário reforçar o estudo das línguas portuguesa e chinesa.
“Temos muito interesse em aumentar as relações tecnológicas com a China e para isso nós precisamos de uma comunicação mais efetiva”, disse o vice-reitor para a Graduação da Unicamp, Ivan Felizardo Contrera Toro, à Lusa, à margem do 3.º Fórum dos reitores das instituições do ensino superior da China e dos países de língua portuguesa, que se realiza em Macau entre ontem e hoje.
Apesar da Unicamp, no sudeste brasileiro, oferecer cursos de língua chinesa e receber alunos da China para programas de português, “há muito que melhorar, que acrescentar e expandir essa relação”, notou o responsável.
Dos 20 mil alunos de graduação e 16 mil de estudos pós-graduados da Universidade Estadual de Campinas, “muito poucos” têm a possibilidade de ir para a China, acrescentou, salientando que também “muito poucos alunos chineses vão para o Brasil”. É este intercâmbio de estudantes e professores, em áreas como “línguas, educação e tecnologia”, que o memorando de entendimento, agora assinado entre a universidade brasileira e a Universidade da Cidade de Macau, pretende reforçar. “Ainda temos algumas etapas legais a fazer, mas será de extrema importância para a minha universidade e espero também que para o intercâmbio entre a língua portuguesa e chinesa no Brasil e na China”, referiu.
No que diz respeito à cooperação na área da tecnologia, o dirigente afirmou que tem sido feito trabalho nas áreas da Indústria Química, Informática, “principalmente Inteligência Artificial”. Mas Toro, que é cirurgião torácico, disse acreditar que na área médica, onde ainda não há trabalho conjunto, há “um futuro muito grande a percorrer”, seja “no trabalho com robôs de ajuda médica, que a China está desenvolvendo”, ou na conceção de medicação. “A China é um país que tem um desenvolvimento extremamente importante, mas principalmente nós podemos caminhar muito no desenvolvimento sustentável, numa cultura de relações que levem à paz. O Brasil e a China têm um papel muito grande e esse papel tem que ser iniciado pelas universidades”, disse, salientando que o trabalho de Brasília com Pequim no setor tecnológico “é fundamental”.
O vice-reitor da Unicamp afirmou ainda que Macau desempenha “um papel enorme” na aproximação entre Brasil e China, sendo a organização de eventos como este Fórum “extremamente importante” para a universidade. “A oportunidade de existir um pedaço da China que tenha a língua portuguesa como uma das línguas principais é fundamental e vai ser de grande valia para nós”, disse aos jornalistas.
Pequim estabeleceu em 2003 Macau como plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa e, nesse mesmo ano, criou o Fórum de Macau. Além da China, o organismo integra nove países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Lusa