O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, recebeu ontem em Roma o seu homólogo japonês, Fumio Kishida, e ambos declararam determinação em defender a ordem internacional, tanto na Ucrânia após a invasão russa, como no mar do sul da China. “Devemos continuar unidos e determinados a defender uma ordem internacional baseada em regras, incluindo nos mares do sul da China e do estreito [de Taiwan]”, afirmou Draghi numa declaração oficial à imprensa no Palazzo Chigi, em Roma. Itália e Japão, unidos por um tratado de “paz perpétua e amizade constante” durante 156 anos e parceiros do Grupo dos Sete países mais industrializados (G7), reafirmaram também a sua condenação à invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro, bem como a vontade em continuar a apoiar o governo de Kiev. “Comprometemo-nos a que se chegue o mais rápido possível a tréguas, incluindo localizadas, que permitam a retirada de civis, e a favorecer as negociações de paz. Continuaremos a ajudar a Ucrânia e a pressionar a Rússia para uma cessação imediata das hostilidades”, prosseguiu Draghi. Neste sentido, agradeceu a Kishida por aceitar com “extraordinária rapidez” o envio de gás natural liquefeito para países europeus que querem reduzir a sua dependência da Rússia, como a Itália, que importa 90% do gás que consome, e 40% de Moscovo.
O primeiro-ministro japonês subscreveu as palavras do homólogo italiano, salientando que “a agressão contra a Ucrânia mina os fundamentos não só da ordem europeia, mas também da ordem internacional, incluindo na área Indo-Pacífico” e no Extremo Oriente, onde “se vive uma situação geopolítica particularmente tensa”. Isto deve-se, entre outras coisas, a testes de mísseis pelo regime norte-coreano, mas também a tensões no mar do sul da China. Kishida denunciou a “tentativa de modificar unilateralmente, num contexto que envolve o uso da força, o ‘status quo’” nesses mares onde existe “um reforço súbito e não transparente das capacidades militares dos países costeiros”. “Vamos aprofundar a colaboração com Itália para uma região do Indo-Pacífico livre e aberta”, afirmou o primeiro-ministro japonês, que também se reuniu com o Papa Francisco no Vaticano.