Organizadas pelo Centro Científico e Cultural de Macau, as Conferências da Primavera 2025 arrancam hoje, em Lisboa, e terminam no dia 28 de Março.
Com menos sessões online e um foco cada vez maior nos jovens académicos, começam hoje, em Lisboa, as Conferências da Primavera 2025 e acabam no dia 28 de Março. O evento é organizado pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e pretende ter uma utilidade cada vez maior na investigação desenvolvida pela comunidade científica portuguesa, sobretudo nas relações entre Portugal, o território, a China Continental e a Ásia, no geral.
A ideia começou a germinar durante a pandemia de COVID-19, quando metade do mundo se encontrava confinado em casa. Depois de um workshop por zoom, na Primavera de 2021, com os diferentes investigadores em Portugal e no mundo, decidiu-se então criar um evento maior dedicado à comunidade científica portuguesa a trabalhar sobre a Ásia. Desde então num formato híbrido, entre o online e o presencial, a aposta é ter os académicos, cada vez mais, no CCCM, a criar ligações, em Lisboa. “Este ano, os investigadores estrangeiros já não falam por zoom”, afirmou a presidente do CCCM, Carmen Amado Mendes, ao PONTO FINAL, destacando uma das novidades da edição de 2025. “O facto de o enfoque ser cada vez mais presencial vai fazer com que este ambiente propício ao networking, que já se tem vindo a sentir, nos últimos anos, seja ainda mais evidente este ano”, esclarece a dirigente.
Outra novidade diz respeito à participação dos jovens académicos. Com as Conferências da Primavera a serem sempre antecedidas por sessões dirigidas a este grupo, houve algo diferente na edição de 2025. Além dos 40 doutorandos do CCCM, com bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que apresentaram os seus trabalhos, entre os dias 10 e 12 de Março, participaram também, ontem, investigadores externos. “A ideia é atrair os jovens investigadores para esta casa, que, tradicionalmente, foi sempre muito mais vocacionada para seniores”, refere.
Também no campo das alterações do programa deste ano a dirigente destaca o dia institucional, que este ano acontece a 24 de Março, dedicado às instituições que têm Estudos Asiáticos no seu programa. “No ano passado, o tema foi os Estudos Asiáticos na Península Ibérica e tivemos uma grande participação de investigadores espanhóis. Este ano, o enfoque é nas publicações, ou seja, as publicações que estas instituições que têm Estudos Asiáticos têm para oferecer e as oportunidades editoriais que existem para os investigadores”, declara, salientando que “o objetivo é sempre que as Conferências tenham a maior utilidade para quem estuda a área”.
O programa
A abertura do evento começa com o discurso do convidado deste ano, o pró-reitor da Universidade de Lisboa, Henrique Leitão. Entre o leque de oradores, incluem-se ainda a presidente do CCCM, a presidente do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua, Florbela Paraíba, a directora do Instituto Diplomático – Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ana Paula Zacarias, e a diretora da Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação, Cristina Perdigão. Abrem também a sessão de hoje a presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Madalena Alves, e a Coordenadora dos Assuntos Internacionais da Agência Nacional de Inovação, Mafalda Dourado. “A perspectiva desta sessão de abertura é sempre falar nas oportunidades de investigação, nas oportunidades de carreira para investigadores e partilha de experiência de outras pessoas neste âmbito”, refere Carmen Amado Mendes.
A sessão termina com a inauguração da exposição “A China multissecular vista através de formas e cores”, de José Manuel Duarte de Jesus. “Foi nosso embaixador em Pequim e tem feito bastante investigação e publicado sobre a China, mas é também um grande pintor e vai presentar-nos com alguns trabalhos que reflectem as suas viagens e vivências pela China”, destaca.
As Conferências da Primavera 2025 irão prosseguir com as sessões dedicadas a Macau, a partir de amanhã e até ao dia 17 de Março.
Macau no CCCM
Há várias apresentações a ter lugar no Sábado sobre o território, incluindo um trabalho sobre “A questão do ópio nos fundos documentais do Arquivo de Macau (séc. XIX e XX)”, da autoria do historiador Alfredo Gomes Dias, e outro intitulado “O efeito do real e a representação da história na obra de Rodrigo Leal de Carvalho”, a cargo da antiga Directora do Departamento de Português da Universidade de Macau, Dora Gago. Destaque ainda para os eventos culturais e artísticos, nesse mesmo dia, organizados pela Casa de Macau em Lisboa, com direito a leitura de poemas e músicas em patuá.
No dia 17 de Março, o programa de Macau é diferente. Da parte da manhã, haverá sessões dedicadas à História, onde se incluem temas como as “Representações visuais e coloniais de Macau (1840) e Hong Kong (1843) no panorama de Leicester Square”, do historiador Rogério Miguel Puga, e “A migração dos cules chineses de Macau para Havana segundo as fontes portuguesas”, dos investigadores Cátia Miriam Costa e Diogo Borges.
Haverá ainda espaço para a História contemporânea, com o trabalho do ex-jornalista do PONTO FINAL e actual investigador, Hugo Pinto, intitulado “O céu num pedaço de chão: Benjamin Videira Pinto e a visão ecuménica de uma transculturação em Macau” e a apresentação sobre “Fernando Lara Reis – Professor, viajante e artista – 1892-1930”, da autoria da historiadora Celina Veiga de Oliveira. Enquadrado na temática “Sistema jurídico de Macau”, destaque ainda para a apresentação do constitucionalista Vitalino Canas sobre “A natureza jurídica da Lei Básica no contexto do direito interno chinês”.
Integrado no painel sobre património, língua e ensino, será apresentado também, no mesmo dia, o trabalho da arquitecta do território, Maria José Freitas, denominado “Oportunidades e desafios na Grande Baía do Delta do Rio das Pérolas: o património como motor estratégico para o desenvolvimento”. Do programa de Macau para o dia 17 de Março faz parte também uma apresentação sobre “O ensino do português na RAEM e a construção de uma identidade lusófona”, realizada pelo investigador Li Guofeng.
Os painéis sobre a China acontecem entre 18 e 21 de Março e contarão com a presença do embaixador da China em Portugal. O programa das Conferências da Primavera 2025 inclui ainda um English day, a 22 de Março, além de uma Mesa Redonda sobre Estudos Asiáticos. As sessões sobre a Ásia têm lugar entre 25 e 27 de Março e o encerramento do evento acontece no dia 28 de Março.