Pedro Maia
Piloto galês da Toyota respondeu a todos os ataques da concorrência no Rali da Suécia e confirmou que é candidato ao título. Japonês Takamoto Katsuta deu luta até à última especial e garantiu dobradinha para o construtor nipónico.
Gelo, neve, frio… Suécia em pleno Inverno! A segunda etapa do Campeonato do Mundo de Ralis prometia espectáculo e quem acompanhou de perto o evento não ficou com expectativas defraudadas. À entrada para o último dia de prova eram quatro os pilotos em condições de lutar pela vitória. Elfyn Evans (Toyota), Takamoto Katsuta (Toyota), Thierry Neuville (Hyundai) e Ott Tänak (Hyundai) estavam separados por 12.8 segundos.
Katsuta, navegado pelo irlandês Aaron Johnston, colocou pressão em Evans logo na primeira especial de domingo. O japonês assumiu a liderança e começava a sonhar com a primeira vitória no WRC. Mas Elfyn Evans e o co-piloto Scott Martin responderam de imediato na segunda passagem por Västervik, resumindo a história do fim-de-semana: sempre que perdeu a liderança, Evans recuperou-a logo a seguir. Seguiu-se a ‘Wolf Power Stage’ para fechar o Rali da Suécia e o galês voltou a brilhar, colocando o seu Toyota GR Yaris Rally1 no topo da tabela de tempos. Evans não só venceu o Rali da Suécia de forma convincente como amealhou também o máximo de pontos no ‘Super Domingo’ e os 5 extra da ‘Wolf Power Stage’.
“Foi um fim-de-semana fantástico. Estivemos muitas vezes na liderança, mas esta manhã o Taka apanhou-me a dormir. Obrigou-me a lutar pela vitória. Demos a volta e acabamos por vencer também a ‘Power Stage’. Estou muito feliz com o resultado”, explicou o galês no final.
Evans está agora na liderança do mundial com 61 pontos, depois de ter sido segundo no Rali de Monte-Carlo. “Está a ser um início de temporada muito bom. É difícil sonhar com algo melhor. Normalmente é complicado manteres o andamento na Suécia depois de fazeres bem em Monte-Carlo. Mas as condições deram-nos uma boa oportunidade e sinto que a aproveitamos bem”.
A candidatura ao título está oficialmente apresentada, até porque o colega de equipa Sébastien Ogier (33 pontos), que venceu em Monte-Carlo, deverá manter a promessa de uma nova temporada em ‘part-time’.
Convém destacar também o grande rali de Takamoto Katsuta. O japonês, uma das personalidades mais elogiadas no WRC, nunca esteve tão perto da primeira vitória no mundial. No ano passado foi forçado a abandonar na Suécia quando estava na liderança. “Foi uma batalha intensa com o Elfyn e com os homens da Hyundai, que também estavam perto. Estou feliz pela equipa e parabéns ao Elfyn que fez um trabalho fantástico na penúltima especial. Da próxima vez vou puxar mais. Este resultado dá-me grande confiança para o futuro próximo, já a pensar no Quénia”.
Neuville minimiza estragos
O campeão do mundo Thierry Neuville terminou o Rali da Suécia no terceiro lugar, a 11.9 segundos do vencedor. O belga, que faz dupla com Martijn Wydaeghe, chegou a estar perto da liderança mas nunca se colocou em posição de ameaçar os rivais da Toyota. O pódio é, no entanto, um resultado bem melhor do que o sexto lugar alcançado no Rali de Monte Carlo. “Estamos felizes pelo pódio, mas desapontados porque não conseguimos amealhar mais pontos. A performance após o ‘upgrade’ estava lá, mas a afinação e os pneus não nos permitiram estar a 100%. Faltou algo”, confessou Neuville.
O ‘upgrade’ no Hyundai i20 N Rally1 também não trouxe grande vantagem a Ott Tänak. O estónio, navegado por Martin Järveoja, ainda chegou a liderar a prova no Sábado, mas queixou-se depois de problemas no carro. Terminou o rali em quarto, a 16.8 segundos de Evans.
Kalle Rovanperä (Toyota) ficou em quinto, ali numa ‘zona de ninguém’, a 32.8 segundos do vencedor. O jovem finlandês, bicampeão do mundo, está a enfrentar algumas dificuldades neste regresso a tempo inteiro ao WRC. Mas atenção que o jogo poderá inverter-se quando entrarmos nos eventos de terra batida, a começar já no Quénia.
Sesks e companhia
Uma nota para Adrien Fourmaux e Alexandre Coria. Depois do pódio em Monte-Carlo, a dupla francesa da Hyundai voltou a dar nas vistas. Mas uma saída de estrada e consequente imobilização num banco de neve deitaram tudo a perder.
Destaque para o regresso de Martins Sesks ao WRC. O jovem letão, na companhia de Renars Francis, aproveitou da melhor forma a nova oportunidade da M-Sport. Foi o primeiro dos Ford Puma Rally1, em sexto, a mais de dois minutos de Evans.
O finlandês Sami Pajari terminou em sétimo. A jovem promessa da Toyota podia ter lutado por outros lugares, não fosse um furo ter-lhe complicado a vida logo no segundo dia.
Grégoire Munster (Ford Puma Rally1) mostrou-se mais uma vez como o elo mais fraco da M-Sport, até porque o rookie irlandês Joshua McErlean foi quase sempre mais rápido do que o luxemburguês. McErlean só não conseguiu evitar um banco de neve, onde ficou com o seu Puma plantado.
Solberg domina no WRC2
Oliver Solberg assegurou o primeiro triunfo da temporada no WRC2. O jovem sueco, que trocou a Skoda pela Toyota, não deu grande margem de manobra aos adversários. Um triunfo convincente batendo Roope Korhonen (Toyota) por 42.5 segundos, com Mikko HeikkiläKristian (Skoda) a terminar 25.8 segundos mais atrás.
Segue-se a prova mais exigente para a maquinaria do WRC. O Rali Safari do Quénia decorre entre 20 e 23 de Março.