O banco central da Coreia do Sul reviu ontem em baixa a previsão de crescimento para o país em 2025, devido à crise política desencadeada pela breve imposição da lei marcial, no início de Dezembro. De acordo com um comunicado divulgado pelo Banco da Coreia, a quarta maior economia da Ásia crescerá apenas entre 1,6 e 1,7% este ano. Anteriormente, o banco central tinha previsto um crescimento de 1,9%. “A declaração inesperada da lei marcial no início de dezembro, juntamente com a contínua instabilidade política e o desastre do avião de passageiros da Jeju Air, afetaram significativamente o sentimento económico”, sublinhou o banco central. Um Boeing 737-800 da companhia aérea sul-coreana Jeju Air despenhou-se a 29 de dezembro no aeroporto de Muan (sudoeste), matando 179 pessoas, o pior desastre aéreo alguma vez ocorrido em solo sul-coreano. O acidente e a crise política “levaram a contrações no consumo interno e no investimento em construção, o que provavelmente empurrou a taxa de crescimento do quarto trimestre muito abaixo da projecção de novembro”, disse o banco central. Por isso, a instituição estimou que o crescimento no quarto trimestre de 2024 ficou “muito abaixo da projeção inicial de 0,5%, atingindo possivelmente 0,2% ou um pouco menos”.
O banco central da Coreia do Sul reviu também em baixa a estimativa de crescimento para 2024, que passa de 2,2% para “um intervalo entre 2% e 2,1%”. O presidente deposto Yoon Suk-yeol surpreendeu o país em 3 de Dezembro ao declarar lei marcial, uma medida que fez lembrar os dias negros da ditadura militar sul-coreana e que justificou com a intenção de proteger o país das “forças comunistas norte-coreanas” e de “eliminar elementos hostis ao Estado”. No entanto, a Assembleia Nacional, o parlamento da Coreia do Sul, frustrou os planos presidenciais ao votar a favor do levantamento do estado de emergência. Pressionado pelos deputados e por milhares de manifestantes pró-democracia, Yoon foi obrigado a revogar a decisão. Em 14 de Dezembro, o parlamento aprovou a destituição de Yoon, sendo que o Tribunal Constitucional tem até meados de junho para confirmar ou anular a moção adotada pelos deputados.