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      Dirigentes prometem novo começo no futebol chinês após falências e casos de corrupção

      A Associação Chinesa de Futebol (CFA) afirmou que 2025 vai marcar um “novo começo” no futebol do país asiático, após anos de gastos exuberantes e corrupção terem resultado na falência de dezenas de clubes.

       

      O anúncio foi feito durante a segunda sessão da 12.ª Conferência de Representantes dos Membros da CFA na capital chinesa, avançou o jornal local The Paper.

      O presidente da CFA, Song Kai, sublinhou que a prioridade para 2025 é retificar a ética no setor e lançar as bases para uma “nova Longa Marcha” rumo ao progresso, referindo-se à histórica retirada do Exército Vermelho chinês durante a década de 1930, simbolizando o esforço coletivo para ultrapassar os desafios estruturais do futebol na China. “Vai ser um ano de reconstrução da confiança e regresso à normalidade”, vincou.

      Entre os aspectos mais relevantes mencionados esteve a aprovação da Associação da Liga de Futebol Profissional da China, considerada “um passo decisivo” para implementar o mais recente plano de desenvolvimento da modalidade no país asiático, segundo Song.

      Durante 2024, foram feitos “progressos históricos” na governação do futebol profissional, segundo o dirigente, que destacou uma “redução significativa da corrupção e da viciação de resultados”, bem como um recorde de 100.000 treinadores licenciados.

      No plano desportivo, o dirigente chinês destacou as duas vitórias consecutivas da seleção nacional masculina nas eliminatórias asiáticas para o Campeonato do Mundo de 2026, “mostrando resiliência” e renovando a confiança no futuro da modalidade na China.

      Para 2025, as prioridades incluem a consolidação da separação entre a governação e as operações nas ligas profissionais, a promoção do desenvolvimento do futebol feminino e o avanço dos programas para jovens. Song sublinhou que a luta contra a corrupção continuará a garantir um ambiente mais transparente.

      Zhang Jiasheng, vice-director da Administração Geral dos Desportos, reconheceu a existência de progressos significativos em matéria de governação e estabilidade, mas alertou para os “problemas persistentes e profundos” que estão a afastar o futebol na China das expectativas do público.

      Apesar dos progressos registados, os dirigentes da CFA reconheceram que continuam a existir desafios significativos, mas esperam que as reformas em curso e o reforço da liderança política possam dar início a uma era mais estável e próspera para o futebol chinês.

      O relatório da CFA surge poucos dias depois de o Guangzhou FC, oito vezes campeão da superliga chinesa e duas vezes vencedor da Liga dos Campeões Asiáticos, não ter conseguido inscrever-se na competição devido a dívidas por pagar, deixando o futebol no gigante asiático com apenas três clubes fundadores profissionais chineses ativos, um reflexo dos desafios estruturais que o futebol enfrenta no país.

      Também o Cangzhou Mighty Lions, clube da Superliga chinesa, anunciou a sua dissolução, tal como o Hunan Billows, clube do terceiro escalão.

      Poucas épocas depois de Alex Teixeira, Hulk, Carlos Tévez ou Ricardo Goulart terem rumado à China, em contratações avaliadas em dezenas de milhões de euros e beneficiando de salários sem precedentes, vários clubes da liga chinesa faliram ou têm pagamentos em atraso.

      Em 2021, após se sagrar campeão, o Jiangsu Suning anunciou o encerramento das operações, após o grupo Suning, especializado em retalho de eletrodomésticos, ter deixado de financiar o clube.

      Os clubes chineses nunca foram sustentáveis, mas as grandes empresas do país, desde o ramo imobiliário à gestão portuária, suportaram durante muitos anos o orçamento das equipas, coincidindo com o desejo do Governo chinês de converter o país numa potência futebolística.

      Em 2016, por exemplo, o argentino Carlos Tévez tornou-se o futebolista mais bem pago do mundo, ao assinar um contrato de 80 milhões de euros em dois anos pelos chineses do Shanghai Shenhua. No entanto, os excessos mereceram o reparo das autoridades, que impuseram um teto salarial de três milhões de euros e passaram a taxar a 100% as contratações de futebolistas estrangeiros acima de 5,5 milhões de euros. Lusa