A China precisará de mais 10 biliões de yuan para impulsionar o consumo interno e restaurar a confiança dos investidores, apontou ontem o braço de gestão de activos do maior banco europeu, HSBC. O relatório, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, indicou que Pequim deve concentrar-se em estimular a procura interna, face à previsível escalada da guerra comercial com os Estados Unidos e uma prolongada crise imobiliária. Caroline Yu Maurer, analista do HSBC Asset Management, considerou que este montante seria suficiente para relançar o consumo e fazer com que os investidores voltem a acreditar nas acções chinesas. Considerando que não seria necessário injectar tudo de uma só vez, ou mesmo num só ano, Maurer afirmou acreditar que os investidores precisam de ver iniciativas tangíveis nesse sentido. “Pensamos que vamos assistir a mais estímulos para apoiar o crescimento económico no próximo ano”, disse, prevendo que estas iniciativas “vão lutar” contra o impacto da guerra comercial com os EUA até 2025, resultando em “mais volatilidade e incerteza”.
Desde o final de setembro, as autoridades chinesas anunciaram várias medidas de apoio que desencadearam recuperações que não se viam há anos nos mercados bolsistas chineses, mas esse efeito foi esvaziado após a desilusão com um pacote de estímulo fiscal centrado principalmente na troca da “dívida oculta” das administrações regionais e locais do país e não no apoio ao consumo. Os consumidores chineses estão mais cautelosos do que nunca: de acordo com um inquérito do banco central da China, 62% dos inquiridos indicaram que tencionam poupar ainda mais no futuro, um valor que se aproxima de máximos históricos e reflete a relutância em gastar. Apenas 13,3% afirmaram que tencionam fazer investimentos, a taxa mais baixa de que há registo. A baixa procura interna e internacional, associada a riscos de deflação, estímulos insuficientes, uma prolongada crise imobiliária e a falta de confiança dos consumidores e do setor privado são algumas das razões apontadas pelos analistas para explicar o abrandamento da segunda maior economia mundial.