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      Trabalhadores do sector do jogo mais confiantes no emprego, mas também mais cansados

      Um inquérito mostra que os trabalhadores do sector do jogo sentem “menos insegurança” perante o emprego, contudo, confessam ter fadiga mental e problemas de adaptação no ambiente do trabalho. A Casa dos Trabalhadores da Indústria de Jogo de Macau disse que a carga de trabalho nos casinos aumentou, e 87% dos entrevistados referiram que precisam de trabalhar em turnos, sendo que a maioria dorme cerca de seis horas e está com a família durante duas horas em média diária. Para além disso, 13,7% ponderaram o suicídio nos últimos 12 meses, e poucos queriam procurar ajuda.

       

      Maior exaustão emocional no trabalho, com problemas de adaptação física e mental, e menos tempo para descansar e estar com a família – os trabalhadores do sector do jogo enfrentam desafios cada vez maiores em termos da saúde mental, nomeadamente aqueles que trabalham em turnos. Esta é a conclusão de um inquérito realizado pela Casa dos Trabalhadores da Indústria de Jogo através da análise de respostas a um questionário por parte de 1.182 trabalhadores de casinos, cuja maioria tem entre 30 e 49 anos de idade e é casada.

      A associação tinha feito um inquérito idêntico sobre o estado psicológico dos trabalhadores dos jogos em 2021, durante a pandemia, e procedeu à comparação de dados com os resultados deste ano. A análise descobriu que o indicador sobre a exaustão emocional no trabalho aumentou 12,31%, enquanto o de problemas de adaptação física e mental subiu 24,15%.

      “Estes dois indicadores estão relacionados com o evidente aumento das exigências de trabalho e da carga de trabalho dos funcionários [do sector de jogo] nos últimos anos, sendo consistente com a realidade actual do local de trabalho. Também reflecte que a resistência à pressão dos trabalhadores ainda precisa de ser melhorada”, frisou Hoi Lok, assistente social da Casa dos Trabalhadores da Indústria de Jogo.

      Ao mesmo tempo, os entrevistados sentem-se menos ligados à sociedade e recebem menos apoios emocionais da comunidade, com uma quebra de 4,61% no indicador. A associação disse que o fenómeno pode ter a ver com o facto de os trabalhadores passarem menos tempo livre com a família e amigos depois da epidemia.

      O porta-voz da equipa responsável pela investigação sublinhou ainda que 4,7% dos entrevistados foram diagnosticados com perturbações mentais. “Durante os últimos 12 meses, 13,7% dos inquiridos ponderaram seriamente em cometer o suicídio, e apenas um em quatro deles pensaram em solicitar ajuda”, apontou.

       

      EM SEGURANÇA

       

      O inquérito, no entanto, revelou que o nível de insegurança no trabalho dos funcionários do jogo caiu 7,61% este ano, o que significa que, actualmente, estes tendem a ser “relativamente positivos” em relação às suas perspectivas e estabilidade de emprego.

      Para além disso, a média diária de sono entre os entrevistados é de seis horas, enquanto o tempo gasto com a família e com as actividades de lazer foi, respectivamente, de duas horas. Mais de metade dos entrevistados disseram não fazer exercícios todos os dias, 7,8% não passaram tempo com a família e 11,8% não realizaram actividades de lazer, alertou o inquérito, salientando que os trabalhadores de jogo “não têm tempo para relaxar e desfrutar do convívio familiar depois do trabalho”.

      O inquérito diz que, 87,1% dos entrevistados que precisam de trabalhar em turnos, 82% trabalham de 45 a 48 horas por semana. Entre estes, 18,4% trabalharam em turnos nocturnos durante três semanas no mês anterior ao inquérito. “O seu indicador foi pior do que outros entrevistados em termos da insegurança no trabalho e problemas de adaptação física e mental, enquanto o tempo de descanso e de lazer foi igualmente mais curto”, adiantou.

      A Casa dos Trabalhadores da Indústria de Jogo, perante a deterioração do estado psicológico entre trabalhadores dos casinos, entende que a redução de pessoal no sector faz com que aumente o trabalho de cada funcionário, sugerindo que as concessionárias resolvam a escassez de recursos humanos através do recrutamento, de modo a que “a carga de trabalho de cada funcionário esteja num nível razoável”. Propôs ainda que seja revisto o mecanismo para trabalho em turnos e sejam organizadas mais actividades de promoção de desporto.