Edição do dia

Quarta-feira, 11 de Dezembro, 2024
Cidade do Santo Nome de Deus de Macau
céu pouco nublado
20.9 ° C
20.9 °
20.4 °
83 %
4.6kmh
20 %
Ter
21 °
Qua
23 °
Qui
18 °
Sex
17 °
Sáb
13 °

Suplementos

PUB
PUB
Mais
    More
      InícioDesportoA primeira vez de Neuville e a quarta seguida da Toyota

      A primeira vez de Neuville e a quarta seguida da Toyota

      Pedro Maia

      Etapa final do WRC teve de tudo. Thierry Neuville conquistou o primeiro título de campeão do mundo no derradeiro dia do Rali do Japão. E as contas do Mundial de Construtores só ficaram fechadas na última especial da prova nipónica. Um dos melhores finais de época de sempre.

       

      Domingo. Dia decisivo no Rali do Japão e nas contas do Campeonato do Mundo de Ralis. Primeiras horas da manhã. Thierry Neuville estava fora do Hyundai i20 N Rally1, a fazer tempo para iniciar a especial 18, quando recebeu um telefonema do assistente pessoal a dar-lhe conta da notícia: o líder do rali Ott Tänak, companheiro de equipa na Hyundai, tinha acabado de bater depois de um erro cálculo que resultou em saída de estrada e consequente abandono.

      As câmaras captaram o momento. Neuville sorri, guarda o telemóvel e dirige-se de sorriso aberto para o navegador Martijn Wydaeghe. “Somos campeões do mundo”, desabafou, visivelmente aliviado, como se um enorme peso tivesse desaparecido dos ombros”. Seguiu-se um longo abraço entre os dois, ali mesmo, na berma de uma estrada secundária japonesa.

      “Não há palavras para descrever o que estou a sentir. Penso que merecemos este título. É um prémio após todos estes anos de luta e por nunca ter desistido”, resumiu mais tarde o belga, depois de cumprir o sonho de criança. Neuville dominou a época do princípio ao fim. Venceu em Monte-Carlo no início do ano e nunca mais saiu do primeiro lugar do campeonato. Foi tendo vários rivais a morderem-lhe os calcanhares ao longo da temporada, primeiro Elfyn Evans (Toyota), depois Sébastien Ogier (Toyota) e na recta final Ott Tänak (Hyundai). Chegou ao Japão com 25 pontos de avanço sobre o estónio e a decisão do mundial parecia quase uma formalidade. Só que não.

      Os deuses tinham preparado um desafio final, 10 anos depois de se ter estreado no WRC, com cinco vice-campeonatos pelo meio. Estaria o tão desejado título outra vez ameaçado?

      Os alarmes soaram na especial 3. Thierry Neuville seguia no segundo lugar do rali quando foi surpreendido por um problema no turbo do seu Hyundai i20. Sem possibilidade de reparar o carro, foi tombando na classificação até terminar o dia em décimo quinto, fora dos lugares pontuáveis. A piorar o cenário, Ott Tänak era líder, com uma vantagem confortável para Elfyn Evans. Depois veio a mentalidade e a resiliência apenas associada aos campeões. Neuville nunca baixou os braços e durante o dia de sábado recuperou várias posições até chegar ao sétimo lugar, já dentro dos pontos. Ott Tänak teria de arriscar tudo no Domingo e ainda esperar por um novo azar do colega de equipa. Mas foi o estónio a vacilar. Abandonou na primeira especial do dia, entregou o título a Neuville e comprometeu a Hyundai nas contas do Mundial de Construtores.

      “É difícil descrever o que aconteceu. Foi um desastre. Não estávamos à espera das condições escorregadias naquela curva. Quando ali chegámos já era tarde demais. Apesar da desilusão de acabar a época desta forma, temos de reconhecer a grande época do Thierry. Foi muito consistente, geriu bem a pressão e merece o campeonato”, admitiu Tänak.

       

      OGIER ENTREGA MUNDIAL DE CONSTRUTORES À TOYOTA

       

      Os 18 pontos conquistados por Tänak no Sábado eclipsaram-se e ficava complicada a vida para a Hyundai. O construtor sul-coreano tinha chegado ao Japão com uma vantagem de 15 pontos no campeonato de equipas, mas todas as peripécias nas estradas nipónicas recolocaram a Toyota na discussão do título. O britânico Elfyn Evans estava no comando rali, seguido pelo companheiro de equipa Sébastien Ogier. O japonês Takamoto Katsuta era quarto. Do lado da Hyundai, sem Tänak, apenas Thierry Neuville e o dinamarquês Andreas Mikkelsen podiam pontuar. E bem que fizeram pela vida. Dominaram os dois primeiros lugares no Super Domingo e amealharam pontos suficientes para colocar de novo a Hyundai na corrida. À entrada para a ‘Wolf Power Stage’ estava tudo empatado. Quem diria. Emoção até à última especial do ano, naquele que foi um dos finais de campeonato mais dramáticos de sempre.

      Tinha chegado a vez de Sébastien Ogier. O gaulês, oito vezes campeão do mundo, puxou dos galões para vencer de forma espectacular a especial de Lake Mikawako. Neuville foi segundo. Evans terceiro (venceria o rali) e Katsuta quarto. Um erro de Mikkelsen, mais um, acabou por ditar o desfecho final. O dinamarquês terminou a ‘Power Stage’ em quinto. E a Toyota (561) conquistou o Mundial de Construtores com três pontos de vantagem para a Hyundai (558).

      “Foi incrível, não me lembro de uma luta tão renhida durante uma época inteira”, afirmou Jari-Matti Latvala, o director de equipa do fabricante nipónico. “Foi tudo decidido na última especial, nos últimos metros. Foi provavelmente o dia mais difícil para mim no papel de chefe de equipa. Muitos nervos. Os meus pilotos estavam a arriscar tanto que pareciam que iam sair a cada curva. Mas acabou por correr bem”.

      Destaque ainda para Adrien Fourmaux. O francês da Ford M-Sport terminou o Rali do Japão no terceiro lugar, garantindo o quinto pódio da temporada. Fourmaux, que deu muito nas vistas ao longo da temporada, ainda não tem o futuro definido, mas é muito provável que se mude para a Hyundai, que tem apenas Neuville e Tänak confirmados para 2025.

       

      PAJARI É CAMPEÃO NO WRC2 E SOBE DE CATEGORIA

       

      O finlandês Sami Pajari e a navegadora Enni Malkonen (Toyota GR Yaris Rally2) sagraram-se campeões na categoria WRC2 depois de terminarem em segundo lugar no Japão, prova que foi ganha pela dupla Nikolay Gryazin / Konstantin Aleksandrov (Citroën C3 Rally2). Pajari ultrapassou Oliver Solberg (Skoda) na classificação do mundial, uma vez que o sueco nem sequer viajou até ao Japão por já ter cumprido o número máximo de provas pontuáveis.

      Pajari vai agora mudar-se para a categoria principal. O finlandês foi já anunciado pela Toyota para 2025, ao lado de Kalle Rovanpera, Elfyn Evans, Sébastien Ogier (part-time) e Takamoto Katsuta.

      Na Ford M-Sport está tudo em aberto. Fourmaux dificilmente continuará, Grégoire Munster não convenceu. Martins Sesks e Oliver Solberg são sérios candidatos a darem o salto.

      Não há dúvidas para ninguém que este foi um dos campeonatos mais renhidos de sempre. As emoções do WRC regressam em Janeiro do próximo ano, com o Rali de Monte-Carlo e com um novo campeão em título, Thierry Neuville!

      Ponto Final
      Ponto Finalhttps://pontofinal-macau.com
      Redacção do Ponto Final Macau