Na última quarta-feira, a Polícia Judiciária entregou 42 residentes do interior da China às autoridades policiais chinesas, sob suspeita de câmbio de moeda estrangeira não autorizado, numa operação conjunta com o Ministério da Segurança Pública chinês. Os detidos, com idades entre 27 e 63 anos e oriundos de várias províncias, incluíam dois portadores de vistos para trabalhadores não-residentes. A operação resultou na apreensão de dinheiro, fichas de jogo e telemóveis, e faz parte de um esforço intensificado contra o câmbio ilegal, respaldado por uma nova legislação.
A Polícia Judiciária (PJ) entregou, na quarta-feira passada, 42 residentes do interior da China às autoridades policiais do continente, sob suspeita de envolvimento em operações de câmbio de moeda estrangeira não autorizado. Entre os detidos, dois possuíam vistos para trabalhadores não-residentes em Macau.
A entrega dos suspeitos ocorreu no posto fronteiriço das Portas do Cerco, principal acesso entre Macau e o continente, após uma operação conjunta entre a polícia de Macau e o Ministério da Segurança Pública da China.
Durante a acção, a PJ enviou 100 investigadores a diversos hotéis e residências entre a península de Macau e zona do Cotai, onde realizaram buscas em várias localizações especificas, com base numa investigação e análise preliminares que determinaram a identidade de vários “gangues de cambistas” actuantes nos dois locais. Os suspeitos, 29 homens e 13 mulheres, têm idades entre 27 e 63 anos e eram oriundos de várias províncias, incluindo Jiangxi, Jiangsu, Guangdong, Pequim e Anhui.
Os dois indivíduos com vistos de trabalhador não-residente estão acusados de participarem ou facilitarem câmbios ilícitos como uma actividade secundária. Alguns dos detidos foram identificados como “cambistas” e terão sido contratados para essa função. Além disso, a PJ confiscou 3 milhões de dólares de Hong Kong em numerário, fichas de jogo no valor total de 160 mil dólares de Hong Kong e 56 telemóveis.
A operação de quarta-feira faz parte de uma série de iniciativas denominadas “Erradicação de Formigas”, promovidas entre Macau e o interior da China. Desde 20 de Agosto, o Ministério da Segurança Pública chinês relatou a detenção de 252 suspeitos em operações similares.
No passado dia 16, a Assembleia Legislativa aprovou uma nova lei que pretende combater as práticas de jogo ilícito, agravando a moldura penal para crimes relacionados, nomeadamente ao câmbio ilícito para jogo. No hemiciclo, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, explicou que apenas estão englobadas neste tipo de crime trocas de dinheiro nos próprios casinos ou nas zonas próximas.
Em declarações à imprensa, Sou sio Keong, subdirector da PJ, referiu que a nova lei fornece uma base legal mais robusta para a polícia de Macau lidar com casos de câmbio de moeda ilegais e “gangues” relacionados a estas actividades ilícitas. De acordo com a nova lei, a troca não autorizada de moeda para actividades de jogo é considerada crime, podendo resultar em penas de até cinco anos de prisão e proibição de acesso a casinos por períodos que variam de dois a dez anos.
O subdirector afirmou também que a nova legislação permitirá uma resposta mais eficaz ao problema do câmbio ilegal e destacou que a polícia colaborará mais estreitamente com as autoridades do Interior da China para enfrentar os “cambistas” transfronteiriços.
A possibilidade de entrega de suspeitos às autoridades policiais chinesas é uma resposta a potenciais ligações com o crime organizado noutras regiões, como sublinhou Sou durante a sua declaração. A operação reforça os esforços continuados das autoridades para enfrentar o câmbio ilícito associado à indústria do jogo em Macau.