A organização internacional não-governamental Human Rights Watch (HRW) apelou no domingo ao Governo chinês para libertar pessoas detidas por “criticar publicamente” a resposta das autoridades à pandemia da covid-19. Num comunicado, a HRW apelou também a Pequim para permitir que se assinale o primeiro aniversário das manifestações contra a política chinesa ‘covid zero’, além de “parar de censurar informação relacionada com os protestos nas redes sociais”.
No final de 2022, lê-se no comunicado, milhares de pessoas em várias cidades chinesas, incluindo Xangai, Pequim, Chengdu e Wuhan, saíram às ruas para protestar contra as “duras medidas anti-covid-19”. “Os manifestantes seguravam papéis em branco para simbolizar a censura – daí [serem chamados de] protestos do ‘Papel Branco’ – e entoavam palavras de ordem como ‘Fim da covid-zero’, ‘Queremos direitos humanos’ e ‘Abaixo o Partido Comunista!’. As autoridades perseguiram ou detiveram dezenas de estudantes, jornalistas e outras pessoas”, afirma-se no comunicado.
Os protestos surgiram em resposta a um incêndio em 24 de Novembro de 2022, num apartamento em confinamento em Urumqi, capital da região autónoma Uigur de Xinjiang. Pelo menos 10 pessoas morreram, alegadamente por estarem impedidas de fugir devido ao bloqueio.
Poucos dias após os protestos, o Governo levantou abruptamente a maior parte das restrições em todo o país, sendo que a população e os profissionais médicos não estavam preparados para dar resposta ao surto que se seguiu, referiu ainda a nota. “Um ano depois dos protestos do Papel Branco, fundamentais para pôr fim a três anos de confinamentos abusivos [da política] ‘covid-zero’, o Governo chinês precisa de permitir um espaço público seguro para as pessoas se expressarem livremente”, disse a directora da Human Rights Watch para a Ásia, Elaine Pearson. “As autoridades devem libertar imediata e incondicionalmente todas as pessoas detidas por criticarem pacificamente a resposta do Governo à pandemia, bem como as pessoas envolvidas nos protestos”, continuou.