Macau registou, nos primeiros três trimestres, 17 casos de residentes que declararam estarem infectados com VIH, cuja maioria tem idade compreendida entre 20 e 29 anos, ou superior a 50 anos. Os Serviços de Saúde forneceram 708 pacotes de autoteste de VIH até Setembro, tendo sido detectados três casos confirmados. Alvis Lo, que lidera as autoridades sanitárias, alerta para o aumento de risco de transmissão da SIDA com a retoma da circulação transfronteiriça.
Entre Janeiro e Setembro deste ano, 17 residentes de Macau declararam a infecção com VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana), que pode evoluir para a SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), para a qual ainda não existe cura. De acordo com os dados oficiais, 15 casos são do sexo masculino e dois casos do sexo feminino, entre os quais 12 foram infectados por contacto homossexual ou bissexual; quatro por contacto heterossexual e um caso foi suspeito de infecção por transfusão de sangue no exterior.
De acordo com os Serviços de Saúde de Macau (SSM), analisando a situação da infecção por VIH em Macau, oito casos foram registados na faixa etária de 20 a 29 anos e sete na faixa etária igual ou superior a 50 anos. Já a faixa etária de 30 a 39 anos e a de 40 a 49 anos representam, respectivamente, um caso. As autoridades garantem que todos os casos foram encaminhados ao Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) para tratamento e acompanhamento.
A estatística divulgada pelo organismo mostra ainda que até Junho deste ano foram confirmados três casos de SIDA de residentes locais, e dois casos de não residentes. Um caso foi infecção por contacto heterossexual, dois por contacto homossexual, um por drogas injectáveis e um tem via de transmissão desconhecida. Sobre os dois casos de SIDA, descobriram a doença através de exames voluntários, sendo que um caso foi diagnosticado no estabelecimento prisional.
Alvis Lo, director dos SSM, indicou que o número de novos casos pela infecção de SIDA em Macau tem vindo a diminuir nos últimos três anos, “no entanto, a retoma da circulação de pessoas entre Macau e as regiões estrangeiras e vizinhas, fez com que o risco de transmissão da SIDA também aumente”.
Ao discursar na reunião anual de trabalho da Comissão de Luta Contra a SIDA, que se realizou recentemente, Alvis Lo notou que, com o aumento do número de infectados com VIH que foram tratados em todo o mundo, o número de novos casos de infecção e o número de mortes devido à SIDA diminuíram significativamente.
“Isso revela a eficácia do lema ‘tratamento significa prevenção’, ou seja, controlar a quantidade de vírus dentro do corpo dos infectados até um nível não detectável, através de medicamentos anti-VIH, pode prevenir a transmissão do vírus, melhorar a saúde e prolongar a vida das pessoas infectadas”, observou o responsável, mostrando-se empenhado em alcançar o objectivo proposto pelas Nações Unidas de terminar a epidemia da doença VIH/SIDA até 2030.
Nesse sentido, os SSM asseguram que a prioridade para o próximo ano será a continuação dos trabalhos como a garantia da segurança do sangue, o tratamento de casos confirmados e o acompanhamento dos seus parceiros, a promoção do sexo seguro, a formação do pessoal médico e de enfermagem, bem como prestação do apoio às associações não governamentais “na prevenção e controlo de grupos-chave, como os homossexuais masculinos, trabalhadores sexuais, pessoas com doenças sexuais, toxicodependentes e os trabalhadores não residentes”.
AUTOTESTES COMO RASTREIO
O programa de autoteste de VIH foi lançado em 2021. Segundo os SSM, até Setembro do ano, foram vendidos 708 pacotes de autoteste de VIH, cerca de metade dos compradores nunca foram testados anteriormente, tendo sido detectados com sucesso três casos confirmados de infecção por VIH. As autoridades recomendam que as pessoas sem comportamentos de risco devem fazer pelo menos um teste na vida, e que pessoas com comportamentos persistentes de alto risco realizem testes periódicos.
Por outro lado, para a prevenção e controlo de VIH entre toxicodependentes, o Instituto de Acção Social (IAS) implementou medidas como tratamento com metadona, acompanhamento de casos de infecção e sensibilização. Nos primeiros nove meses, registaram-se 99 participantes em Tratamento com Metadona, com uma taxa de presença de 93%. O organismo estabeleceu ainda o mecanismo de interrupção de casos de tratamento com metadona, a fim de ajudar as pessoas com melhores condições a retirarem-se deste tratamento, regressando à vida normal.
O IAS coopera ainda com os SSM para realizar a despistagem do vírus da hepatite C e encaminhamento para tratamentos médicos, destinados aos toxicodependentes. Desde Agosto de 2020, foram encaminhados 39 utentes com hepatite C para o CHCSJ para acompanhamento.