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      Camões e Damião de Góis: A importância da narrativa e a necessidade do reencantamento

      Edward Wilson-Lee, professor de literatura inglesa no Sidney Sussex College, da Universidade de Cambridge, veio a Macau apresentar “A Torre dos Segredos: Os Mundos Paralelos de Camões e Damião de Góis”, livro que acompanha as duas figuras reflectindo sobre os primeiros sinais de globalização. Na sessão que decorreu na tarde de sábado, na Livraria Portuguesa, no âmbito do 12.º Festival Literário de Macau, Edward Wilson-Lee confessou que Camões o fez apreciar mais a “importância da narrativa”, enquanto Damião de Góis lhe mostrou a necessidade do reencantamento pelo mundo.

       

      Luís Vaz de Camões e Damião de Góis estão no centro do livro lançado por Edward Wilson-Lee no ano passado e que veio apresentar a Macau no sábado, no âmbito da 12.ª edição do Festival Literário Rota das Letras. A sessão decorreu na tarde de sábado, na Livraria Portuguesa.

      “A Torre dos Segredos: Os Mundos Paralelos de Camões e Damião de Góis” é o nome do livro, que acompanha as vidas interligadas destes dois homens do mundo renascentista. “Um deles – um aficionado por tritões e pela cultura etíope, um coleccionador de arte invulgar, um historiador e especialista em música aquática – regressa a casa depois de ter testemunhado o nascimento da era moderna e morre num incidente misterioso, aparentemente vítima de um assassínio terrível e curioso. O outro – um rufião, vagabundo e fanfarrão, perseguido por todo o mundo, de Moçambique ao Japão – acaba por se tornar o poeta nacional de Portugal”, descreve o autor. As suas histórias mostram o que aguardavam os europeus à sua chegada à Índia e à China, os desafios colocados a crenças antigas e a vasta conspiração para silenciar as questões que estas colocavam sobre a natureza da história e da vida humana.

      Edward Wilson-Lee é professor de literatura inglesa no Sidney Sussex College, da Universidade de Cambridge, e especialista em história do livro e literatura do início do período moderno. Depois de passar a primeira parte da sua vida no Quénia e na Suíça, estudou inglês no University College de Londres e concluiu o doutoramento em Oxford e Cambridge. Wilson-Lee é o autor de “Shakespeare em Swahililand: Aventuras com o Poeta Imortal”, livro finalista do Prémio Internacional William Saroyan para Escrita de Não-Ficção em 2018.

      Durante a sessão, conduzida por Carlos Morais José, Edward Wilson-Lee foi descrevendo as duas personagens do livro. Sobre Camões, “um mestre da reinvenção e da auto-reinvenção”, há pouco a dizer, dado que os pormenores biográficos são escassos. As suas passagens pela Ásia foram sempre conturbadas e quezilentas. São os “Lusíadas” que fazem de Luís Vaz de Camões um dos pioneiros do “encontro global”, sublinha o autor, acrescentando que, com o poema épico, “Camões oferece aos portugueses e até aos europeus uma narrativa do lugar ocupado pela Europa no mundo”. Essa narrativa torna-se “particularmente apelativa” na altura, disse.

      Já Damião de Góis é “a antítese completa” de Camões, apontou o autor, descrevendo-o como “incrivelmente fascinado por tudo o que encontra pelo mundo”. “Duas formas diferentes de ir ao encontro de outras culturas”, referiu Wilson-Lee.

      “Camões fez-me apreciar mais a importância da narrativa e Damião de Góis fez-me compreender a necessidade de um reencantamento pelo mundo”, afirmou Edward Wilson-Lee durante a sessão.