O Instituto Cultural e as concessionárias Melco e SJM anunciaram recentemente que vão dinamizar diversas pontes-cais do Porto Interior. A Melco vai proceder à revitalização das pontes 23 e 25, criando aí um mercado, uma livraria, e uma esplanada ribeirinha. Na quarta-feira, a operadora SJM revelou que vai remodelar as pontes-cais 14 e 16, ressuscitando o casino flutuante “Macau Palace” e trazendo-o para a zona em frente do cais 16. As ruas da zona circundante da Ponte e Horta vão ainda ser iluminadas e animadas com feiras de rua de arte e gastronomia. O PONTO FINAL quis falar com Chan Chak Mo, presidente da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau, para sondar os efeitos que esta transformação na zona do Porto Interior pode ter nos estabelecimentos ali presentes.
“Ainda não ouvi nada, estamos todos a esperar e ver como a situação evolui”, começou por partilhar Chan Chak Mo, presidente da União das Associações dos Proprietários de Estabelecimentos de Restauração e Bebidas de Macau, relativamente à recém-anunciada revitalização das pontes-cais 14, 16, 23 e 25 do Porto Interior. “Ainda não foram anunciados os detalhes, já sabemos que vão fazer alguma coisa, mas não sabemos o que vai acontecer em concreto, e qual é a escala, e o investimento, portanto, as lojas mais pequenas vão ter de esperar e ver. Quando o design e a estrutura do investimento forem divulgados, aí sim, podemos procurar lojas, mas ainda é cedo para dizer”, perspectivou. Contudo, este vê com bons olhos a mudança. “Claro que é óptimo. Qualquer investimento em qualquer comunidade ou distrito é sempre bom, porque põe dinheiro na zona, e assim os comerciantes sentem-se mais confiantes em investir”. Esse investimento, no entanto, sublinhou, não viria a ser completamente novo, visto existirem tantas lojas e restaurantes naquela parte da cidade, mas encerradas. “Se virem uma oportunidade de negócio, as pessoas vão reabrir as lojas, vão contratar mais empregados. Vão investir eles próprios em equipamento ou mão-de-obra”, anteviu.
De resto, a seu ver, esta também é a questão que atravessa o sector da restauração em outras zonas da cidade – a da necessidade de os comerciantes investirem, e apostarem em reanimar espaços que estiveram fechados, ou que não têm capacidade suficiente para gerir o novo fluxo de clientela que a reabertura das fronteiras está a proporcionar. Na perspectiva do representante dos proprietários de estabelecimentos de comidas e bebidas do território, embora haja este esforço das autoridades e dos casinos em dinamizar o Porto Interior e outros bairros comunitários, falta também haver mais cooperação da parte dos restaurantes em si. “Os estabelecimentos locais também têm de cooperar, no sentido de estenderem os horários, ou algumas lojas que estão fechadas têm de abrir. Embora o Governo se esforce muito, ainda é necessário a cooperação dos comerciantes daquelas zonas. É difícil prever se se vai conseguir atrair turistas para zonas do norte do bairro”, admitiu.
A Semana Dourada que começa hoje e se prolonga durante 10 dias vai ser uma oportunidade de elevados lucros para a indústria da restauração, “mas principalmente mais à volta das zonas turísticas”, garantiu, embora já não se possa dizer o mesmo quanto a zonas como o Fai Chi Kei, Toi San ou Ilha Verde. “Nas zonas em volta das Ruínas de São Paulo, ou no Cotai, ou Rua do Cunha, o negócio vai estar muito bom, mas não tenho assim tantas certezas quanto ao resto da cidade”.
Quanto ao fluxo de viajantes no sentido inverso, para fora de Macau, Chan Chak Mo prevê que muita gente vá “passear”. “Com a facilidade de passar a fronteira, é tão conveniente para as pessoas saírem da cidade. Com os dez dias, certamente irão passear”, mas nada que se compare com o número de turistas do interior da China que irão visitar Macau, que certamente irá ter um “efeito positivo” na economia local. “O mercado chinês é enorme, e cerca de 100 mil pessoas podem vir a Macau num só dia, ao passo que nós somos cerca de dois mil a sair”, recordou.
O PONTO FINAL quis ainda saber qual é o ponto da situação do controlo de elementos radioactivos nos produtos alimentares frescos provenientes do Japão, e como toda questão tem afectado as escolhas dos consumidores e os restaurantes de marisco ou de cozinha japonesa da RAEM. “Acho que esta situação apenas pode vir a afectar os restaurantes de topo, porque os restaurantes locais não usam muitos produtos japoneses”, admitiu, destacando o “óptimo trabalho” que as autoridades estão a fazer. “Mesmo com os produtos alimentares que chegam do Japão, eles são muito exigentes e cuidadosos quanto ao controlo de radiação, bactérias, e o procedimento é muito rigoroso, e há já muitos anos. Agora ainda são mais rigorosos, tiram mais amostras, e fazem mais testes em laboratório. Até agora não houve qualquer anomalia”, assegurou.