“Quinteto de Arte” foi um ciclo dedicado aos cinco elementos que tem desde o início do ano sido promovido pela Associação Ark num espaço na zona da Horta e Costa. A terra, fogo, água, madeira e agora o metal serviram de inspiração a cinco artistas que exploraram estes elementos através de diversos media. O ciclo fecha com a chave de ouro e as pinturas a óleo de Carol Sam, que procura em “Para Além dos Tempos Dourados” explorar o metal precioso do ouro, e toda a carga simbólica e civilizacional que ele abarca.
Numa estética surrealista e espacial reminiscente a obras de Dali ou Magritte, inaugurou no passado sábado, dia 16, no Café Voyage, a exposição “Para Além dos Tempos Dourados” de Carol Sam. As pinturas a óleo e técnicas mistas fecham o ciclo “Quinteto de Arte”, uma colectânea de exposições dedicada aos cinco elementos promovido pela associação de arte Ark ao longo do último ano. A mostra do trabalho de cinco artistas locais “pretende dar a conhecer a criatividade variada dos artistas em relação a cada elemento através de uma multitude de materiais e interpretações”, indicou a associação Ark em nota. Este ciclo começou em Maio com o elemento Terra, e as fotografias de Pamela Chan, passando ao elemento do Fogo, em Junho, com das ilustrações de Vanda Chan; a Água foi o elemento apresentado em Julho, com as pinturas a óleo de Celia Si, e no mês passado foi a vez da Madeira, e as obras de técnicas mistas de Dophine Wong serem apresentadas. Agora, o último e quinto elemento, o Metal, está em destaque.
“Para Além dos Tempos Dourados” explora o conceito do elemento Ouro dentro dos cinco elementos da filosofia chinesa. “As obras de arte, apresentadas num estilo surrealista e metafórico, retratam várias cenas que mostram a diversidade e o simbolismo do ouro”, explicou a organização. O ouro e o seu valor material e metafórico, de ligação ao sagrado, mas também de ligação ao profano, e à civilização humana e sociedade, são alguns questionamentos que a artista Carol Sam procurou explorar através de referências estéticas que nos remetem para várias mitologias e contextos históricos: a esfera e as mãos de ouro, a maçã dourada, a máscara de ouro, os punhais, os pêndulos, a lamparina, o anjo caído.
“Na mitologia e nas lendas chinesas, o ouro é frequentemente dotado de significados simbólicos especiais, representando riqueza, nobreza, poder e sacralidade”, acrescentou a associação Ark em nota. “Para além disso, o ouro representa força, rigidez e energia transformadora. Numa perspectiva mais alargada, o ouro pode ser visto como uma forma de Qi (energia) na filosofia chinesa. O Qi é uma substância primordial intangível e inodora que constitui os elementos fundamentais do universo. Como manifestação do Qi, o ouro transcende os limites do mundo material e possui as características de ser incolor, insípido e sem forma”. A exposição de Carol Sam procura explorar estas temáticas através de várias imagens metafóricas, que nos fazem pensar nestes elementos do poder, energia, magia, e nobreza que este metal precioso enverga.
Licenciada em Assistência Social, e profissional dos serviços sociais a tempo inteiro, a artista é uma apaixonada pela incorporação da arte no trabalho social e pelo cuidado com as questões sociais. No seu percurso artístico, Carol Sam organizou o projecto “Green Life- Ecological Art Scheme” em 2006, motivando adolescentes a criar obras de arte feitas com objectos do quotidiano para alertar para as alterações climáticas, e expressarem os seus pensamentos sobre o futuro de Macau. A artista participou nas filmagens e na concepção artística do documentário “HERstory -Jeritan”, em 2008. Organizou a exposição dupla “Soft and Hard Conversations”, em 2018, “The beginning is the end is the beginning”, em 2021, e a exposição “Embrace the Rainbow – Hey! Let us talk again after the pandemic”, em 2022. Também participou nas exposições anuais de membros da ARK-AAMA entre 2016 e 2022. A sua inspiração criativa “vem frequentemente da vida quotidiana, momentos tocantes e sentimentos humanos”, explicou. A artista já frequentou diversos cursos de Arte-Terapia em Hong Kong, Taiwan e Macau, “na esperança de incorporar a fluidez e a natureza curativa da arte com o profissionalismo do trabalho social, ajudando outros a aliviar a pressão da vida quotidiana e a explorar o seu mundo interior”.
A Ark – Associação de Arte de Macau – “abraça a missão de promover a arte e a cultura através da realização de vários tipos de actividades artísticas, tais como exposições, seminários e workshops”. O mote é de proporcionar momentos em que os residentes de Macau possam aprender mais sobre arte, bem como servir de plataforma para que artistas locais possam mostrar os seus talentos e criatividade, na esperança de que todos melhorem “a sua qualidade de vida”, libertando “a pressão do trabalho e da vida quotidiana” através da apreciação e produção de arte. A exposição “Para Além dos Tempos Dourados” de Carol Sam pode ser visitada no Café Voyage, no número 31 da Rua Padre António Roliz, até dia 15 de Outubro.