Em Macau, o cancro do colo do útero ocupa o sétimo lugar entre os cancros mais comuns nas mulheres. A Associação Geral das Mulheres aponta que o rastreio e a vacina são medidas eficazes para a prevenção e tratamento deste tipo de cancro, pelo que solicita uma maior sensibilização sobre a doença junto do público desde a infância. Segundo a deputada Wong Kit Cheng, o Governo deve ainda focar-se mais na prevenção do cancro e lançar programas mais orientados sobre a doença.
A Associação Geral das Mulheres alerta para a tendência das doentes com cancro do colo do útero em Macau serem cada vez mais jovens e para a falta de gestão de saúde por parte das cidadãs, pedindo assim estratégias de prevenção e tratamento de cancro mais sistemáticas, e que o Governo alargue a educação para a saúde nas escolas.
Assinalando que os trabalhos de prevenção e tratamento de cancro do colo do útero em Macau “ainda têm muito por fazer”, a Associação exorta que sejam revistas continuamente as medidas e processos de rastreio, com uma “abordagem mais orientada e profunda” na promoção do trabalho.
“Espera-se ainda que faça avançar a prevenção do cancro para a fase da educação escolar, incorporando mais informações sobre a prevenção do cancro na política de educação para a saúde nas escolas, com vista a sensibilizar os jovens e os universitários para o cancro e a orientá-los para um estilo de vida saudável”, propôs Wong Kit Cheng, vice-presidente da direcção da Associação.
De acordo com a também deputada da Assembleia Legislativa, o cancro do colo do útero é um cancro comum entre as mulheres, ocupando o quarto lugar entre os cancros mais comuns em mulheres no mundo e o sétimo lugar em Macau.
“Os dados dos últimos anos indicam que o cancro do colo do útero, o cancro da mama e outros cancros têm registado uma tendência de afectar pessoas com idades mais jovens”, destacou a enfermeira, mostrando-se preocupada que muitas mulheres com mais do que uma carreira tendem a negligenciar a gestão da saúde pessoal porque estão ocupadas equilibrando o trabalho profissional e família”.
A Organização Mundial de Saúde preconiza a concretização de três objectivos de “90-70-90” até 2030, ou seja, 90% das jovens mulheres completem a vacinação contra o vírus do papiloma humano antes dos 15 anos; 70% das mulheres façam um rastreio eficaz antes dos 35 anos, e antes dos 45 anos serão submetidas a um novo rastreio; 90% das mulheres diagnosticadas com cancro do colo do útero e doenças pré-cancerígenas recebam tratamento.
Os Serviços de Saúde iniciaram em 2014 a vacinação gratuita contra o cancro do colo do útero nas residentes com 18 anos de idade, e começaram a cooperar, desde 2009, com as instituições médicas sem fins lucrativos para disponibilizar mais postos para o rastreio do cancro do colo do útero.
Wong Kit Cheng revelou que o Centro de Cuidados Médicos da Associação Geral das Mulheres já ofereceu serviços a mais de 80 mil residentes, enquanto em Macau, no total, houve 1,65 milhões de pessoas que utilizaram o serviço de rastreio do teste de Papanicolau.
“Nos últimos anos, a taxa de incidência do cancro invasivo do colo do útero em Macau diminuiu cerca de 30%, em comparação com antes de 2011, e a taxa de mortalidade diminuiu 8%, o que demonstra que as medidas tomadas estão a surtir efeito”, sublinhou.
A deputada espera assim que, a longo prazo, a experiência na prevenção e tratamento do cancro do colo do útero possa ser consolidada e que medidas viáveis possam ser alargadas a outros trabalhos contra o cancro, tais como a introdução de mais tipos de rastreio do cancro e de tecnologias avançadas de detecção e tratamento.
Recorde-se que os Serviços de Saúde vão enviar, gradualmente por SMS, às residentes de determinada idade um aviso e apelo para efectuarem a marcação prévia do serviço de rastreio do cancro do colo do útero. Na primeira fase, entre Setembro de 2023 e Abril de 2024, serão enviadas mensagens às residentes com idades entre os 30 e os 35 anos.