Edição do dia

Sábado, 30 de Setembro, 2023
Cidade do Santo Nome de Deus de Macau
chuva fraca
29.9 ° C
31.9 °
29.9 °
74 %
3.6kmh
20 %
Sáb
29 °
Dom
30 °
Seg
29 °
Ter
29 °
Qua
31 °

Suplementos

PUB
PUB
Mais
    More
      Início Sociedade Utentes de abrigo para vítimas de violência doméstica diminuíram este ano, diz...

      Utentes de abrigo para vítimas de violência doméstica diminuíram este ano, diz Centro Lai Yuen  

       

      O número de pedidos sobre violência doméstica recebidos por parte da Associação Geral das Mulheres registou uma quebra este ano, e o número de utentes do abrigo também diminuiu. Segundo o Centro de Solidariedade Social Lai Yuen, foram 89 utentes em 2022, e 62 desde o início do ano. A instituição mostrou-se preocupada por se terem registado recentemente mais casos suspeitos de perseguição e de escutas praticadas pelos agressores.

       

      O Centro de Solidariedade Social Lai Yuen, abrigo para vítimas da violência doméstica, recebeu 62 utentes, desde o início do ano até dia 11 deste mês, incluindo 36 adultos e 26 crianças. A Associação Geral das Mulheres de Macau revelou que a ocupação dos alojamentos do centro fixou-se, em média, em 48%, sendo que o número de utentes foi menor em comparação com o mesmo período do ano passado, e o tempo da estadia necessário também foi mais curto.

      No ano passado, houve 55 mulheres e 34 crianças vítimas de violência doméstica hospedadas nas casas do centro Lai Yuen. De acordo com a directora adjunta do Centro, Wong Lei Lei, citado pelo Jornal Ou Mun, os pedidos de ajuda em matéria de violência doméstica recebidos pela Associação Geral das Mulheres diminuíram este ano. Assim, o número de pessoas alojadas no centro Lai Yuen também desceu, acreditando-se que tal “deve ser atribuído ao efeito preventivo e de alerta da Lei de prevenção e combate à violência doméstica”.

      A maioria das mulheres alojadas actualmente no lar é de meia-idade, e muitos trazem consigo os seus filhos, que testemunharam a violência doméstica ou foram vítimas de maus tratos, e por isso procuraram abrigo. “Encontram-se geralmente confrontadas com problemas como crise de relação conjugal, orientação parental, dificuldade financeira e de procura de emprego”, disse a assistente social, assegurando que a Associação lança acções de formação profissional para ajudar as vítimas a regressar ao mercado de trabalho. Wong Lei Lei acrescentou que a maioria dos casos de violência doméstica no passado que o Centro de Solidariedade Social Lai Yuen tratava provinham principalmente de “casamentos transfronteiriços”, ou seja, pessoas que podem ter estado em situação financeira menos estável e só têm casas com os cônjuges em Macau.

      “Contudo, com o desenvolvimento económico, os casos envolvem diferentes pessoas na sociedade. Por exemplo, para um profissional, mesmo que tenha propriedade sua, será difícil ficar na casa própria porque o agressor conhece a sua morada, pelo que prefere muitas vezes ficar hospedado num lar residencial”, destacou.

       

      RISCO DE CONFIDENCIALIDADE

       

      A responsável sublinhou ainda que os avanços tecnológicos tinham posto em causa a confidencialidade do Centro de Solidariedade Social Lai Yuen, tendo a entidade verificado, recentemente, que os agressores instalaram dispositivos de escuta em talismãs protectores ou porta-chaves das vítimas, bem como procuravam a localização das vítimas através dos telemóveis. Segundo a mesma, a situação já foi comunicada à polícia e as autoridades já tomaram medidas.

      O Centro de Solidariedade Social Lai Yuen foi criado em 2005 e presta serviços de abrigo de curta duração para mulheres vítimas de violência doméstica, bem como acompanhamento de casos e apoio emocional. Wong Lei Lei avançou que a Associação espera lançar um livro este ano que descreva a situação enfrentada pelas mulheres vítimas de maus tratos e a forma como ultrapassaram as dificuldades, a fim de chamar a atenção da sociedade sobre a violência doméstica e apelar às pessoas necessitadas a tomar a iniciativa de procurar ajuda.

      Por ocasião de um evento sobre o combate à violência doméstica, na passada sexta-feira, o Instituto de Acção Social (IAS) disse que lidou com 18 casos suspeitos do género, incluindo 12 casos de violência doméstica contra cônjuges e seis contra crianças.

      “O número de casos tem vindo a diminuir em termos anuais, mas continua a ser necessário erradicar o problema através de uma cooperação interdepartamental e esforços da comunidade”, frisou Lei Lai Peng, chefe do Departamento de Serviços Familiares e Comunitários do IAS.

      O organismo considera que o público quer uma intervenção precoce nas famílias em risco, de forma a evitar a deterioração dos problemas de violência doméstica e ajudar o restabelecimento das relações familiares. Segundo o IAS, em 2020, o organismo recebeu mais de 2.600 notificações da comunidade sobre casos de violência doméstica nas três linhas directas de apoio das autoridades.