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      ONU adverte que “futuro distópico já chegou” e pede ação urgente em relação ao clima

      O alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos declarou ontem que a humanidade não precisa “de mais avisos” sobre as alterações climáticas, pois “o futuro distópico já chegou”, e pediu “acção urgente” para o enfrentar.

       

      Fazendo a tradicional “actualização global” do estado dos diretos humanos no mundo, na sessão de abertura da 54.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que arrancou ontem e decorre até 13 de Outubro em Genebra, Suíça, Volker Türk dedicou o início da sua intervenção às alterações climáticas, que, sublinhou, “estão a empurrar milhões de pessoas para a fome, a destruir esperanças, oportunidades, casas e vidas”.

      “Nos últimos meses, os avisos urgentes tornaram-se realidades letais, uma e outra vez, em todo o mundo. Não precisamos de mais avisos. O futuro distópico já chegou. Precisamos de ação urgente, agora. E nós sabemos o que fazer. A verdadeira questão é: o que nos impede?”, declarou o responsável da ONU.

      As declarações do alto comissário têm lugar imediatamente após a reunião do G20 realizada no fim de semana, em Nova Deli, que se saldou em novo fracasso em matéria de combate às alterações climáticas, dado a divisão no seio do grupo – que representa 80% das emissões globais de gases com efeito de estufa – relativamente ao petróleo, que impediu uma declaração final conjunta a apelar ao abandono dos combustíveis fósseis.

      Durante a sua intervenção, Türk destacou a situação dramática que se vive atualmente no Sahel, ligando-a também ao fenómeno das alterações climáticas. “Em todo o Sahel, a maioria das pessoas luta pela sobrevivência quotidiana, estando o Burquina Faso, o Chade, o Mali e o Níger entre os oito países menos desenvolvidos do mundo. Estes países são gravemente afetados pela degradação ambiental e pelas alterações climáticas – uma crise para a qual praticamente nada contribuíram”, observou.

      O responsável da ONU apontou que “os recursos necessários à sobrevivência, como as terras férteis e a água, estão a diminuir, dando origem a conflitos entre comunidades”. “As medidas de adaptação de que necessitam com tanta urgência são demasiado dispendiosas e o apoio financeiro que lhes é regularmente prometido em conferências internacionais é demasiado lento, e 2022 foi o ano mais mortífero desde o início da crise do Sahel, há uma década”, sublinhou, advertindo ainda que “a ameaça constante de violência por parte de grupos armados está agora a expandir-se para os Estados costeiros”.

      “Nenhum dos desafios enfrentados por estes países pode ser abordado de forma isolada, pois estão interligados. As alterações climáticas, incluindo as secas e os fenómenos meteorológicos extremos que lhes estão associados, mas também a incapacidade de investir adequadamente na educação, nos cuidados de saúde, no saneamento, na proteção social, na justiça imparcial e noutros direitos humanos”, enumerou, completando que “décadas de governação deficiente e a falta de transparência e de responsabilização na tomada de decisões são as fontes de onde provém o extremismo violento”.

      Turk apontou que “as mudanças inconstitucionais de governo a que se tem assistido no Sahel não são a solução”, numa alusão aos consecutivos golpes militares verificados na região. “Em vez disso, precisamos de uma inversão urgente para a governação civil e de espaços abertos onde as pessoas possam participar, influenciar, acompanhar e criticar as ações do governo. Ou a falta de acção”, concluiu.

       

      Crise na habitação mina confiança dos jovens no sistema político

       

      O alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos advertiu ontem que a “aparente indiferença” dos dirigentes políticos relativamente à crise no acesso à habitação, “especialmente evidente em grande parte do mundo industrializado”, mina a confiança dos jovens. “Contudo, em muitos países, a habitação é tratada como uma mercadoria para investimento especulativo, um brinquedo dos mercados financeiros, em vez de um direito fundamental”, lamentou.

      Türk destacou que “uma crise de habitação a preços acessíveis comprime os rendimentos das famílias, aprofunda as desigualdades, prejudica a saúde das crianças, empobrece os jovens e conduz a uma crise crescente de sem-abrigo”, notando então que “esta situação tornou-se especialmente evidente em grande parte do mundo industrializado”, incluindo a Europa. “Em muitos países europeus, os custos da habitação aumentaram muito mais rapidamente do que os rendimentos, colocando uma habitação estável e segura fora do alcance de um grande número de jovens e de outras pessoas com rendimentos baixos ou irregulares”, apontou.

       

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      Redacção do Ponto Final Macau