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      Início Grande China Café cria raízes na China, o antigo “Império do Chá”

      Café cria raízes na China, o antigo “Império do Chá”

      Em algumas décadas, o café ganhou raízes no antigo “Império do Chá”, desde que na década de 1950, chineses retornados da Malásia introduziram as primeiras plantações na ilha de Hainão, tornando a China um dos mais importantes mercados do sector.

       

      “O café corre no sangue da nossa família há várias gerações”, diz Chen Xing, proprietária da quinta Longyuan Coffee, situada em Xinglong, no leste da ilha tropical de Hainão, à agência Lusa. “O consumo de café entrou na nossa rotina diária muito antes de ter sido popularizado no resto da China”, aponta.

      Em Xinglong, plantações de café iniciadas há mais de meio século surgem entre montanhas cobertas pela vegetação tropical característica do extremo sul da China. Camponeses protegidos pelos tradicionais chapéus de palha cónicos vietnamitas ‘nón là’ apanham à mão grãos da variedade robusta.

      “Os grãos têm que ser colhidos à mão, um a um”, explica Zhao Jinlong, director-geral da filial em Hainão do grupo tailandês do setor agroalimentar Chia Tai, à Lusa. “O grão só é bom se for colhido no momento certo”, resume.

      As primeiras plantações de café na China, o antigo “Império do Chá”, remontam aos fluxos migratórios do século XX, quando políticas segregacionistas na Malásia ditaram o regresso de parte da diáspora chinesa, que trouxe consigo hábitos de consumo de café.

      Os 36.000 residentes de Xinglong mantêm a sua paixão pela cafeína até hoje. O consumo médio é de cerca de uma chávena por dia, de acordo com dados da Associação de Café de Hainan. No resto da China, a média por pessoa é de nove cafés por ano. Em comparação, cada português bebe cerca de 2,5 chávenas por dia.

      Mas o consumo na China está a crescer, em média, 30 por cento ao ano. Segundo a publicação especializada Comunicaffe International, o consumo de café aumentou 1.000% desde 2010.

      Xangai, a “capital” económica da China, já é a cidade do mundo com mais cafés, superando Paris, Londres ou Nova Iorque, de acordo com a firma de entregas Meituan. “É algo que nunca pensei que pudesse acontecer: os chineses passarem a gostar tanto de café”, admite André Zhou, natural de Braga e dono de um restaurante português em Xangai, à Lusa.

      Um relatório produzido pela Deloitte indica que, nas principais cidades da China, a taxa de penetração do café ascende já a quase 70%, ao nível do chá. “O café na China está a passar de ‘bebida da moda’ para um hábito diário”, descreve a consultora. “Antes, quando recebíamos visitas na empresa servíamos xícaras de chá”, lembra Jing Yu, funcionária numa firma estatal, à Lusa. “Agora, servimos café”, reconhece.

      As grandes marcas mundiais estão atentas: a cadeia norte-americana Starbucks anunciou no ano passado planos para aumentar em cerca de 50% o número de estabelecimentos na China, para um total de 9.000, até 2025.

      A empresa assegura que, apesar de a China ser já o seu segundo maior mercado, o setor do café no país está “ainda numa fase inicial”, estimando que as suas vendas no mercado chinês quase dupliquem nos próximos três anos.

      A indústria na China incorporou também elementos locais, combinando café com aguardente chinesa (‘baijiu’), flor de jasmim-do-imperador ou sementes de sésamo negro.

      Apesar da existência de plantações em Hainão e na província de Yunnan, no sudoeste da China, o país importa quase todo o café que consome, sobretudo da Malásia, Vietname, Colômbia, Brasil e Itália. “Quando o cultivo de café foi iniciado em Hainão, o objectivo da população chinesa era ter o que comer e com que se vestir”, lembra Yan Lin, investigadora no Centro de Pesquisa para o Café, da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas Tropicais, à agência Lusa. “Os tempos mudaram e as pessoas agora têm outros hábitos de consumo”. Lusa

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      Redacção do Ponto Final Macau