O presidente chinês, Xi Jinping, convidou ontem os líderes das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central para participarem numa cimeira, à medida que Pequim assume crescente protagonismo numa região tradicionalmente dominada pela Rússia.
Em mensagens enviadas separadamente por ocasião do Nowruz – um feriado tradicional que marca a chegada da primavera e o Ano Novo persa – Xi convidou os líderes do Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tajiquistão a participarem, em maio, na primeira cimeira China – Ásia Central com presença física.
Os quatro países difundiram a mensagem enviada pelo líder chinês. Apenas o Turcomenistão, um estado recluso e grande fornecedor de gás para Pequim, ainda não se pronunciou.
Esses países integram a iniciativa ‘Faixa e Rota’, um gigantesco projecto internacional de infraestruturas lançado pela China, que prevê a construção de autoestradas, portos ou ligações ferroviárias, visando abrir novas vias comerciais entre o leste da Ásia e a Europa.
A Rússia, que desde meados do século XIX é a principal potência na Ásia Central, vê assim o seu papel ameaçado, com os seus tradicionais aliados regionais a serem cobiçados pela China, Turquia e países ocidentais. Esta tendência acelerou desde a invasão russa da Ucrânia, embora Moscovo mantenha forte influência.
Nos últimos meses, além de Xi Jinping, os presidentes da Rússia e da Turquia, Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, respetivamente, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, visitaram a Ásia Central.
Uma cimeira ‘online’ no formato 5+1 foi organizada por Xi, em Janeiro de 2022, por ocasião do 30.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e os diferentes estados da região após a desintegração da União Soviética.
As mensagens enviadas por Xi são semelhantes. O líder chinês enfatiza o desejo de aprofundar os laços entre a China e a Ásia Central.
De acordo com a mensagem publicada pela agência oficial de notícias Tajik Khovar, do Tajiquistão, Xi Jinping disse estar “ansioso para discutir um plano grandioso para o desenvolvimento das relações entre a China e a Ásia Central”.
A crescente influência da China suscita também alguma oposição entre as populações locais, particularmente no Quirguistão e no Cazaquistão. Em causa estão a aquisição de terrenos por entidades chinesas, o crescente endividamento para com Pequim e a repressão exercida pela China na região de Xinjiang contra os uigures – etnia chinesa de origem muçulmana que também vive na Ásia Central.