O Instituto Cultural (IC) deu início ao processo de classificação de mais um grupo de bens imóveis de Macau. Deste quarto grupo proposto pelas autoridades fazem parte a Casa da Família Chio, as várias moradias da Avenida do Coronel Mesquita, a residência familiar da família de Sun Yat-Sen, o antigo Matadouro Municipal e ainda o Posto Alfandegário do Porto de Coloane e de Ká-Hó.
O Instituto Cultural (IC) apresentou ontem o quarto grupo proposto para classificação de bens imóveis de Macau, sendo que a consulta pública se prolonga até ao dia 14 de Maio. Entre as propostas estão a Casa da Família Chio, as várias moradias da Avenida do Coronel Mesquita, a residência familiar da família de Sun Yat-Sen, o antigo Matadouro Municipal e ainda o Posto Alfandegário do Porto de Coloane e de Ká-Hó.
Na conferência de imprensa de apresentação deste grupo de bens imóveis que se preparam para serem classificados, Leong Wai Man, presidente do IC, referiu que, até à data, foi concluída a classificação de três grupos de bens imóveis de Macau e dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun. Há actualmente um total de 159 imóveis classificados em Macau.
Segundo Leong Wai Man, os seis bens imóveis agora propostos “reflectem características culturais locais”, abrangendo “diferentes tipos de edifícios históricos, desde residências de estilo Lingnan a instalações públicas e vivendas”.
CASA DA FAMÍLIA CHIO
Da lista faz parte a Casa da Família Chio, situada nos números 24-26 da Travessa da Porta, na península de Macau. O edifício principal, que foi a segunda residência da conhecida família Chio, foi construído por volta de 1875.
O documento de consulta explica que a família Chio reside em Macau há mais de 300 anos, desde meados do século XVII, altura em que Zhao Youbi se estabeleceu na Povoação de Mong–Há. Os membros da família Chio são, não só descendentes do clã imperial da Dinastia Song, mas também de uma família de etnia chinesa nobre cujos familiares nasceram e cresceram em Macau, desde a abertura da cidade ao exterior como porto comercial. “A família Chio possuía efectivamente uma grande influência na sociedade da época e contribuíram de forma importante para a cultura, educação e política de Macau”, indica o IC.
Para o organismo, o espaço preenche dois critérios para a classificação, que são o da importância do bem imóvel como testemunho notável de vivências ou de factos históricos e o da importância do ponto de vista da investigação cultural, histórica, social ou científica. Por isso, o IC propõe que a Casa da Família Chio seja classificada como monumento.
DOZE CASAS SITUADAS NA CORONEL MESQUITA E ESTRADA COELHO DO AMARAL
A segunda proposta é um grupo de 12 casas situadas nos números 55-73 da Avenida do Coronel Mesquita e nos números 118-120 da Estrada de Coelho do Amaral. Estas moradias foram residências para funcionários públicos.
As casas situadas no cruzamento da Avenida do Coronel Mesquita com a Estrada de Coelho do Amaral foram projectadas em 1949 e foram construídas entre 1950 e 1951. Segundo o IC, para a construção destas moradias “foi adoptada neste projecto uma tipologia de moradias em banda destinadas a arrendamento por funcionários públicos das categorias inferiores do quadro geral”.
O documento de consulta assinala que as residências “encontram-se em bom estado de conservação mantendo a disposição espacial e a estrutura arquitectónica originais, pelo que constituem um importante testemunho do desenvolvimento urbano de Macau em meados do século XX”. É referido que estas moradias preenchem os critérios da importância do bem imóvel como testemunho notável de vivências ou de factos históricos e da concepção arquitectónica do bem imóvel e a sua integração urbanística ou paisagística. Assim, é proposto que seja classificada a área onde se encontram implantados os edifícios.
QUATRO MORADIAS ENTRE A CORONEL MESQUITA E A RUA FRANCISCO XAVIER PEREIRA
O IC decidiu também propor para classificação mais um grupo de antigas residências para funcionários públicos na Avenida do Coronel Mesquita e na Rua de Francisco Xavier Pereira. Estes quatro edifícios serviam para alojar funcionários superiores.
Os quatro edifícios foram construídos entre 1953 e 1954, dois dos quais localizados respectivamente nos n.º 28-30 e 34-36 da Avenida do Coronel Mesquita, e os outros dois localizados respectivamente nos n.º 151-153 e n.º 155-157 da Rua de Francisco Xavier Pereira; cada edifício tem duas habitações, portanto, um total de oito residências independentes.
Tal como no caso das 12 moradias no cruzamento da Avenida do Coronel Mesquita com a Estrada de Coelho do Amaral, o IC refere também que, neste caso, são preenchidos os critérios da importância do bem imóvel como testemunho notável de vivências ou de factos históricos e da concepção arquitectónica do bem imóvel e a sua integração urbanística ou paisagística.
CASA MEMORIAL DE SUN YAT-SEN
Outra das propostas é a Casa Memorial de Sun Yat-Sen, no n.º 1 da Rua de Silva Mendes. Recorde-se que foi noticiado em Setembro do ano passado que as autoridades de Taiwan estavam a equacionar vender o edifício alegadamente por temerem o confisco por parte das autoridades do Governo Central.
O Edifício na Rua de Silva Mendes n.º 1, inscrito no registo predial em 1932, foi a residência de Lu Muzhen, esposa de SunYat-Sen, e seus filhos em Macau durante um longo período de tempo, sendo que o aspecto geral do edifício e parte das decorações se mantêm intactos até hoje. “Por isso, esta casa representa um importante elo de ligação entre Sun Yat-Sen e Macau, sendo também um lugar importante para os cidadãos lembrarem o amor que Sun Yat-Sen tinha pela sua pátria, bem como os seus ideais de revolução e os actos históricos que desenvolveu para promover a evolução do regime”, diz o texto da consulta pública, acrescentando que “é realmente um dos poucos exemplos de vivendas construídas na primeira metade do século XX que apresenta um estilo híbrido muito singular e que se encontra bem preservado, sendo um imóvel que reflecte bem a mistura de diversas culturas em Macau”. Dada a importância do imóvel, o IC propõe que seja classificado na categoria de monumento.
ANTIGO MATADOURO
O IC também sugere que o Antigo Matadouro Municipal, na Rua de S. Tiago da Barra, seja classificado na categoria de edifício de interesse arquitectónico. Segundo indicam as autoridades, o antigo Matadouro da Barra, construído há mais de 100 anos, no sopé da Colina da Barra, é uma construção municipal importante, do final do século XIX e início do século XX, tratando-se de um edifício cuja função de abate corresponde às antigas exigências sanitárias do matadouro. “O projecto exterior, por sua vez, possui características arquitectónicas eclécticas, sendo um exemplo típico do equilíbrio que se procurava entre forma-função. Ao mesmo tempo, a função e o design estético reflectem as características das construções municipais de Macau do período atrás referido”, explica o IC.
O documento de consulta pública assinala que o espaço preenche os critérios da importância do bem imóvel como testemunho notável de vivências ou de factos históricos e do bem imóvel do ponto de vista da investigação cultural, histórica, social ou científica.
POSTO ALFANDEGÁRIO DO PORTO DE COLOANE E DE KÁ-HÓ
Por fim, o IC sugere a classificação do Posto Alfandegário do Porto de Coloane e de Ká-Hó (Antigo Posto de Saúde de Coloane). “O Antigo Posto de Saúde de Coloane representa bem a primeira fase das construções que foram promovidas no início do Século XX pelo então governo português de Macau”, descreve o documento de consulta, acrescentando que “este edifício é muito anterior à fase das construções económicas dos anos 50, e corresponde à mais antiga instituição médica moderna instalada em Coloane, servindo assim como importante referência para o estudo do desenvolvimento urbanístico das ilhas”.
Assim, devido à sua importância como testemunho de vivências ou factos históricos e à concepção arquitectónica do bem imóvel, o IC pretende classificá-lo como edifício de interesse arquitectónico.