O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, conversou pelo telefone com a chefe da diplomacia da África do Sul, Naledi Pandor, a dias dos exercícios militares conjuntos entre Pretória, Rússia e China, foi ontem anunciado. “O secretário de Estado Antony J. Blinken conversou com a ministra sul-africana das Relações Internacionais e Cooperação, Naledi Pandor, em 13 de Fevereiro”, salientou o porta-voz Ned Price, acrescentado que “o secretário Blinken agradeceu o desejo da ministra Pandor em encorajar o diálogo e a resolução pacífica de conflitos na Europa”. “Os dois líderes sublinharam as prioridades compartilhadas, incluindo a implementação dos compromissos assumidos na Cimeira de Líderes EUA-África em Dezembro de 2022”, adiantou, em comunicado divulgado ontem pela representação diplomática norte-americana em Joanesburgo, a capital económica do país. “O secretário Blinken também discutiu com a ministra Pandor a aproximação do primeiro aniversário da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia e a importância de defender a Carta da ONU”, concluiu o porta-voz norte-americano no comunicado a que a Lusa teve acesso.
A África do Sul foi um dos países que não votou, nas Nações Unidas, contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, tendo mantido uma posição neutra, e pediu diálogo e a intervenção da ONU para resolver o conflito. A oposição acusou o executivo de apoiar a Rússia. Além dos Estados Unidos e do Ocidente, a África do Sul democrática mantém também fortes laços com a Rússia e a China desde a Guerra Fria. No mês passado, a chefe da diplomacia da África do Sul reivindicou a “soberania” sul-africana para decidir com quem estabelece relações, durante um encontro em Pretória com o seu homólogo russo Serguei Lavrov. A operação naval multilateral com a Federação Russa e a China “faz parte de um programa de exercícios militares que as forças de defesa sul-africanas têm no âmbito de acordos com muitos países de todo o mundo”, argumentou Naledi Pandor, questionando por que “ninguém fez perguntas” sobre outros exercícios militares realizados no passado com países ocidentais, como a França ou os Estados Unidos. Após a visita de Lavrov, Pretória recebeu na mesma semana também a secretária de Estado do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, e o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell.
No início da semana passada, o subsecretário de Estado norte-americano para o Crescimento Económico, Energia e Meio Ambiente, Jose W. Fernandez, deslocou-se à Cidade do Cabo, no mesmo dia em que a secretária de Estado adjunta dos EUA para os Assuntos Africanos, Molly Phee, iniciava na África do Sul uma visita ao continente africano, com deslocações agendadas também à Nigéria e Etiópia até 19 de Fevereiro. Em 31 de Janeiro, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) reafirmou, em Windhoek, Namíbia, a posição de “não-alinhamento” do bloco regional sobre conflitos fora da região e do continente africano. Os EUA conduziram de 23 de Janeiro até 3 de Fevereiro no âmbito do Exercício Obangame Express, na costa ocidental africana, exercícios navais com cerca de 33 países, entre os quais nove europeus – Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Holanda, Polónia, Portugal e Espanha -, segundo o comando das Forças Navais dos EUA Europa-África. O exercício militar multilateral Mosi II, que se realiza no âmbito do Dia das Forças Armadas da África do Sul (21 de Fevereiro), está agendado para de 17 a 27 de fevereiro em Durban e Richards Bay, província de KwaZulu-Natal, sudeste do país.