A Ucrânia congratulou-se ontem com a decisão da Alemanha de lhe fornecer tanques Leopard e pediu aos aliados ocidentais que continuem a enviar armamento pesado para as suas tropas enfrentarem a Rússia. “O primeiro passo foi dado. A Ucrânia precisa de muitos Leopard”, disse Andrej Zermak, chefe do gabinete do Presidente Volodymyr Zelensky, na rede social Telegram, citado pela agência espanhola EFE. A reacção de Kiev segue-se à decisão, anunciada ontem pelo porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, de disponibilizar 14 tanques Leopard 2A6 das suas forças armadas. A Alemanha também autorizou outros aliados a fazer o mesmo, disponibilizando-se para emitir licenças de transferência daquele tipo de armamento. Os tanques Leopard são fabricados pela Alemanha e os países que os têm necessitam de uma autorização de Berlim para os ceder a outros exércitos.
A Polónia foi o primeiro país a anunciar que iria fornecer os tanques alemães à Ucrânia e enviou um pedido nesse sentido a Berlim na terça-feira. A decisão mereceu de imediato críticas do embaixador da Rússia em Berlim, Serguei Nechaev, que acusou a Alemanha de ter levado a guerra para um novo nível de confrontação e de ter renunciado às suas responsabilidades na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). “A decisão de Berlim significa a renúncia final da República Federal da Alemanha em reconhecer a responsabilidade histórica perante o nosso povo pelos terríveis crimes do nazismo durante a Grande Guerra Patriótica que não estão prescritos”, disse o diplomata num comunicado. Nechaev considerou que Berlim está a pôr de lado o “difícil caminho da reconciliação entre russos e alemães no período do pós-guerra”.
Segundo o embaixador russo, esta é uma “decisão extremamente perigosa” que leva a guerra a “um novo nível de confrontação e contradiz as declarações dos políticos alemães” sobre a intenção de não se envolver no conflito. “Estamos novamente convencidos de que a Alemanha, tal como os seus aliados mais próximos, não está interessada numa solução diplomática para a crise na Ucrânia, está preparada para a escalar constantemente e para encher ilimitadamente o regime de Kiev com armas cada vez mais mortíferas”, acrescentou, citado pela EFE.