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      Testemunha diz que Li Canfeng foi tratado de “forma especial” pela empresa gestora da Windsor Arch

      Uma testemunha admitiu ontem que Li Canfeng, ex-director da DSSOPT, foi a única pessoa que beneficiou ao mesmo tempo da isenção de três tipos de despesas relativamente à sua fracção duplex no Windsor Arch, considerando que seria “especial” que a empresa de gestão oferecesse esse tratamento. O ex-funcionário de William Kuan e Ng Lap Seng referiu que a empresa oferecia descontos na compra de propriedades às pessoas da lista VIP, onde estão também outros funcionários públicos.

      No seguimento do julgamento do caso de corrupção onde estão envolvidos os dois antigos directores dos Serviços dos Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), uma testemunha disse ontem ao tribunal que considera ser “uma situação relativamente especial” para Li Canfeng estar isento de pagamentos das despesas da sua fracção no Windsor Arch, com a permissão da empresa gestora do projecto dos empresários William Kuan e Ng Lap Seng.

      A testemunha, que trabalhava nesta empresa, admitiu que Li Canfeng, ex-director da DSSOPT, foi a única pessoa isenta de pagar as despesas de condomínio e os valores do Registo Predial e da transmissão de propriedade pela fracção duplex que possuiu no Windsor Arch, na Taipa.

      O funcionário Tang Un Fong referiu também que não é normal passar um recibo das despesas a Li Canfeng, mesmo que não existisse o pagamento, “mas o departamento fez isso de acordo com a ordem de William Kuan”.

      Recorde-se que a acusação proferida pelo Ministério Público aponta que os empresários imobiliários William Kuan e Ng Lap Seng ofereceram uma fracção duplex no valor de 20,2 milhões de dólares de Hong Kong a Li Canfeng para acelerar a aprovação da licença de construção do projecto Windsor Arch. No entanto, Li Canfeng rejeitou a acusação, afirmando que pagou pela casa.

      Ao ser questionado se a empresa de desenvolvimento do empreendimento tinha vendido a fracção a Li Canfeng por um preço mais baixo do que o do mercado, alegadamente para “liquidar dívidas” relativas à aprovação dos projectos entre as partes, a testemunha afirmou não saber, mas destacou que as pessoas na lista VIP da empresa tinham sempre desconto na compra das casas. “As propriedades podiam ser mais baratas do que o preço do mercado, mas tinha de ter a aprovação de Ng Lap Seng. Existiram descontos até 40%, são casas para VIPs”, referiu o trabalhador.

      Na mesma linha, a testemunha adiantou que o empreendimento do Windsor Arch tem o posicionamento de se transformar num complexo habitacional elitista, pelo que a empresa disponibilizou descontos para alguns clientes que são figuras conhecidas da sociedade. Tang Un Fong assegurou que a lista VIP inclui ainda outros funcionários públicos e até chefias do Governo, mas não conseguiu identificar os nomes.

      A audiência do processo criminal que está a decorrer no Tribunal Judicial de Base deu início em meados de Novembro e está na fase de ouvir testemunhas relativamente aos factos alegados que acusam os dois ex-directores da DSSOPT, Li Canfeng e Jaime Roberto Carion, por alegado abusado de poder e auxílio na aprovação de projectos de construção do Alto de Coloane, Windsor Arch, Lote C8 da Praia Grande e da Vivenda na Colina da Penha.