O Executivo liderado por Ho Iat Seng pretende o reforço da cooperação interdepartamental para a construção daquilo que denominam de ecologia de desenvolvimento da cooperação entre os três vectores. A proporção de projectos financiados da categoria de investigação aplicada aumentou significativamente, representando mais de 80% do total, principalmente nas áreas de grande saúde, tecnologia da informação, engenharia e materiais.
A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) e o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) estão a cooperar “de forma estreita” para optimizar aquilo a que chamam “ecologia da cooperação indústria – universidade – investigação”, por forma a “impulsionar o estabelecimento de um modelo para a transformação de resultados” e, dessa forma, permitir um “desenvolvimento moderado da economia” local, refere o comunicado de imprensa conjunto divulgado ontem.
Com a reorganização da DSEDT, pela qual foi criado o novo Departamento de Tecnologia, bem como alterou o regulamento administrativo que cria o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT), formando assim uma relação montante-jusante na cadeia da inovação tecnológica e promovendo a industrialização dos resultados do estudo científico, os dois organismos criaram também um grupo de trabalho para “promover e apoiar, em conjunto, o desenvolvimento da cooperação indústria-universidade-investigação entre empresas tecnológicas qualificadas de Macau e laboratórios de referência do Estado, por forma a aproveitar os recursos de estudo científico das escolas do ensino superior para suportar o desenvolvimento a longo prazo das empresas tecnológicas de Macau”.
Até ao momento, revela o comunicado, “foram promovidas, com sucesso, várias empresas tecnológicas de Macau dedicadas a actividades como desenho de circuitos integrados, cibersegurança, inteligência artificial e organização de redes empresariais a desenvolverem projectos de cooperação indústria-universidade-investigação com escolas do ensino superior locais”.
Há um ano, a Universidade de Macau e o grupo liderado pelo académico Zhong Nanshan construíram, em conjunto, o Instituto de Medicina Translacional e Inovação de Macau, que “está a acompanhar a transformação de diversos projectos de medicina tradicional chinesa, no sentido de ajudar a aumentar o seu nível, proporcionando serviços como orientação ao registo, ajudando para o lançamento desses projectos no mercado”.
GRANDE BAÍA E LUSOFONIA NA MIRA
Já este ano, a DSEDT realizou actividades como um concurso de inovação e empreendedorismo para as empresas de Tecnologia do Brasil e de Portugal, bem como um ‘roadshow’ para as empresas científicas e tecnológicas do Brasil e de Portugal, com o intuito de “facilitar a ligação e articulação de empresas de países lusófonos com respectivas instituições de Macau e das cidades da Grande Baía, explorando a possibilidade da cooperação indústria-universidade-investigação e a realização de projectos ‘in loco’, bem como proporcionando às empresas tecnológicas do Brasil e de Portugal oportunidades de articulação e demonstração de projectos”.
As empresas locais também não foram esquecidas e, a fim de as ajudar a resolvernecessidades tecnológicas e aumentar a sua capacidade de realizar I&D e desenvolver os resultados de investigação científica a montante, “o FDCT criou, na segunda metade de 2021, uma plataforma online de bolsas de contacto da indústria-universidade-investigação, bem como lançou um programa de apoio financeiro para combinar indústria-universidade-investigação com empresas. “Até Outubro deste ano, a plataforma contou com 123 novos utilizadores registados, 194 fornecimentos de tecnologia e 32 necessidades tecnológicas. 24 projectos foram combinados com sucesso, e entre os 19 projectos que requereram apoio financeiro, 11 foram aprovados”, refere o Governo.
De igual modo, o FDCT criou “oportunidades para a transformação dos resultados de investigação científica e cooperação indústria – universidade – investigação, através de bolsas de contacto, roadshows e outros”. Um roadshow e sessão de bolsas de contacto da cooperação indústria-universidade-investigação entre a China continental e Macau foi organizado durante dois anos consecutivos. “A sessão de bolsas de contacto neste ano contou com 25 resultados locais de investigação científica e mais de 60 empresas do interior da China. Foram organizadas mais de 140 reuniões, resultando na assinatura de 32 convites para protocolo de cooperação”, sublinha a entidade.
O FDCT também ajustou a sua direcção de apoio financeiro, dando prioridade aos projectos da categoria de investigação aplicada e com potência de implementação na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Shenzhen. Além disso, realizou o apoio de precisão através do sistema de avaliação por categorias, estabelecimento do sistema de avaliação de projectos baseado no Nível de Prontidão da Tecnologia, e selecção de resultados elegíveis para a transformação e incubação com prioridade. “Após o ajustamento, a proporção de projectos financiados da categoria de investigação aplicada aumentou significativamente, representando mais de 80% do total, principalmente nas áreas de grande saúde, tecnologia da informação, engenharia e materiais”, pode ler-se no mesmo comunicado.
Tanto a DSEDT como o FDCT, prometem, vão continuar “a trabalhar em estreita colaboração para acelerar a melhoria do sistema de inovação tecnológica de Macau, promover o desenvolvimento da plataforma de investigação científica, aperfeiçoar o apoio à transformação dos resultados de investigação e impulsionar a integração profunda da indústria-universidade-investigação”.