A Timor Resources, que está envolvida na exploração de vários poços no interior sul de Timor-Leste, ameaçou avançar com um processo por difamação contra o presidente da Timor GAP, por comentários sobre uma disputa que se arrasta desde 2019. Documentos obtidos pela Lusa indicam que o eventual processo se deve a comentários feitos pelo presidente da petrolífera timorense, António José Loiola de Sousa, que em entrevista a uma televisão timorense acusou a empresa de não ter “conhecimento, experiência ou até dinheiro”.
Numa carta endereçada ao presidente da Timor GAP, a Timor Resources (TR) considera que os comentários de Loiola de Sousa podem “afectar a reputação corporativa, diminuindo o valor dos activos conjuntos”. Os documentos sugerem que os comentários podem igualmente constituir uma violação do código civil por injurias contra os interesses comerciais da empresa que, na prática, é sócia da Timor GAP na única exploração de petróleo em curso ‘onshore’ em Timor-Leste.
Instada a comentar o caso, a responsável da TR, Suellen Osborne, considerou que o presidente da Timor GAP “cometeu um erro nos seus comentários”, manifestando esperançada que o responsável o tenha eventualmente reconhecido. “Sim, ele causou danos à nossa reputação corporativa e criou-nos uma onda de instabilidade como investidores estrangeiros. São muito poucos os investidores que colocam o seu dinheiro em Timor-Leste e estas declarações são muito invulgares, da parte de um parceiro de um consórcio e, ainda mais curioso, quando são completamente falsas”, afirmou à Lusa.
O eventual processo de difamação é apenas um dos elementos recentes numa disputa que se arrasta há vários anos e em que, segundo documentos a que a Lusa teve acesso, a TR acusa o responsável da Timor GAP de não querer resolver o assunto ou sequer reconhecer que a disputa existe.
Os documentos indicam que a disputa se arrasta desde 2019, tendo a TR apresentado uma Notificação de Disputa formal, no quadro do acordo do consórcio, em Agosto de 2021. Apesar da disputa, a TR tem continuado o projeto de exploração, o primeiro em terra nos últimos 50 anos, com um investimento de 60 milhões de dólares desde 2017.
A empresa anunciou em junho passado que espera iniciar a produção em dois dos poços no final de 2023, após a confirmação de amplas reservas de petróleo e gás natural. Suellen Osborne explicou ter sido confirmada a existência de reservas de 24,2 milhões de barris de petróleo e de 1,3 mil milhões de pés cúbicos de gás natural.
O Governo timorense concedeu em Abril de 2017 à Timor Resources as primeiras licenças de exploração e produção de petróleo no interior do país, abrangendo uma área de cerca de dois mil quilómetros quadrados em quatro municípios do sul do país.