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      Arquitecto considera que zonas húmidas de Macau têm muito potencial

      Num evento organizado pela Câmara de Comércio França-Macau, Rui Leão considerou que há margem para tirar proveito da zona exclusiva marítima de Macau, nomeadamente apostando nas zonas húmidas existentes ou a serem criadas. O arquitecto lamenta que o novo Plano Director urbano não fale disso e que “é uma pena não existir uma estratégia”.

      Macau só terá a ganhar se prestar mais atenção ao meio ambiente, com particular enfoque na sua área marítima exclusiva e nas zonas húmidas do território, onde floresce um ecossistema importante para a cidade. A ideia foi transmitida por Rui Leão durante um evento organizado pela Câmara de Comércio França-Macau que teve lugar ontem de manhã no Sofitel, na península de Macau, subordinado ao tema “Como o Plano Director Urbano de Macau afectará as políticas?”.

      O arquitecto acredita que desenvolvendo as zonas húmidas do território, só teremos a ganhar com isso. “É muito importante desenvolver as zonas húmidas do território e, sinceramente, espero que isso seja revisto nos próximos anos. As aves e os animais deveriam fazer parte das nossas vidas, mas não estamos a fazer um bom trabalho nessa matéria”, apontou.

      E como desenvolver essas zonas húmidas? “Primeiro há que entender a hidrografia deste lugar e encontrar razoabilidade nas coisas. Para se trabalhar na água, temos de trabalhar com a água, senão não vale a pena. Tudo tem de ter uma ambição política, mas o que vejo é que, agora, quase não existe possibilidade de diálogo com o Governo”, lamentou Rui Leão.

      Durante a conversa no Sofitel, Rui Leão lamentou a não existência de uma estratégia para esta questão em particular, uma vez que “o novo plano não fala disso e é uma pena”. “As zonas húmidas de Macau são uma grande possibilidade. Penso que é preciso existir uma visão diferente para ser implementada nesses locais. As pessoas têm de ser educadas para a protecção ambiental e para questões de sustentabilidade.

      Partindo da Lei de Salvaguarda do Património e da Lei do Planeamento Urbanístico, Rui Leão, para além do tema ambiental, foi abordando questões de zonamento, habitação, mobilidade ou protecção patrimonial. O arquitecto deixou claro que “a forma como moldamos a cidade afectará não só o meio ambiente, como também o nosso bem-estar social, a nossa vitalidade económica, o nosso senso de comunidade e conexão”. “Um plano sem uma visão forte não ganhará impulso e o apoio de todos os actores sociais e económicos significativos”, enfatizou, lembrando que “há uma série de questões que irão influenciar o desenvolvimento futuro do plano director urbano de Macau”.

      Para o arquitecto, Macau vive “encapsulado” e isso não traz bom augúrio para ninguém. “Vivemos numa pequena bolha e não estamos capazes de ver a imagem como um todo. É a nossa opção. É algo que não depende de nós, enquanto individualidades. O Governo parece não ter habilidade para fazer as coisas acontecerem. Nada acontece em Macau. Estamos completamente encapsulados”, referiu.

      Rui Leão vai mais longe e aponta outras lacunas, nomeadamente em matéria de mobilidade. “Em relação aos transportes, o plano não propõe nada de especial”, admitindo que o documento fala de um sistema de fronteiras. “Acho que isso é importante pois é preciso optimizar a entrada e a saída das pessoas”.

      Contudo, na óptica do arquitecto, a protecção do património “é uma questão muito vaga neste novo plano urbanístico”. “A grande surpresa é a criação de zonas verdes e corredores visuais. Contudo, é preciso fazer mais. Penso que deve haver mais discussão sobre esta questão dos corredores visuais (…) Temos muitos maus exemplos na cidade. O edifício onde estamos agora [Sofitel Ponte 16] nunca deveria ter sido aprovado. Bloqueia, por completo, a vista da Almeida Ribeiro”, disse à plateia que o ouvia, acrescentando: “É preciso manter os edifícios antigos, conservando-os, e não os matar”.

      A densidade populacional também preocupa Rui Leão. O arquitecto sugere que as autoridades possam regulamentar mais a questão, porque, considera, “é algo muito crítico na zona Norte da península e em algumas zonas do centro histórico”.

      A verdade, admitiu o arquitecto português, é que Pequim deseja que Macau lidere, mas nós não lideramos nada porque não temos competitividade”, lamentou, uma vez mais.

      Contudo, nem tudo é mau no novo Plano Director urbano. A divisão urbana por zona, sublinhou Rui Leão, é importante pois faz com que não haja dúvidas para que serve determinado pedaço de terra. A possibilidade de uso misto terá impacto no uso das terras no futuro”, acrescenta.

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