Várias dezenas de pessoas foram detidas em diversas cidades da Rússia por alegadamente participarem em protestos contra a mobilização de reservistas ontem anunciada pelo Presidente russo, Vladimir Putin. A organização de defesa dos direitos civis OVD-Info iniciou já a sua própria contabilização das manifestações e confirmou pelo menos 44 detenções, embora seja previsível que o número venha a aumentar devido à continuidade dos protestos. Contas das redes sociais ligadas à oposição na Rússia, entre as quais a do dirigente da oposição Alexei Navalny, difundiram vídeos que supostamente mostram estes primeiros protestos. O ministério público de Moscovo já avisou de que a participação em tais manifestações ou a mera difusão das respectivas convocatórias poderá constituir crime, depois de terem sido publicados na internet os primeiros apelos para protestar contra o envio de militares na reserva em idade de combate para a guerra na Ucrânia. Segundo o ministério público, a convocação dessas manifestações não foi coordenada com as autoridades pertinentes, que devem autorizar qualquer ação desse tipo. As autoridades russas não permitem qualquer concentração contrária às directrizes do Governo. O decreto de Putin estipulou que o número de pessoas convocadas para o serviço militar ativo seria determinado pelo Ministério da Defesa, e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse numa entrevista televisiva que 300.000 reservistas com experiência relevante de combate e serviço serão inicialmente mobilizados. Além da convocação de protestos, a Rússia tem também assistido a um acentuado êxodo de cidadãos desde que Putin ordenou que o exército invadisse a Ucrânia, há quase sete meses.
Um elevado número de cidadãos russos apressou-se ontem a comprar bilhetes de avião para fora da Rússia, depois de o Presidente, Vladimir Putin, ter anunciado uma mobilização parcial dos militares na reserva para a guerra na Ucrânia. Os voos ficaram rapidamente cheios e os preços dos bilhetes para as restantes ligações dispararam, aparentemente impulsionados pelo medo de que as fronteiras da Rússia possam ser em breve fechadas ou de uma convocação mais abrangente que obrigue muitos homens russos em idade de combate a ir para as linhas da frente do conflito. Os bilhetes para os voos Moscovo-Belgrado operados pela Air Serbia, a única companhia aérea europeia, além da Turkish Airlines, que mantém voos para a Rússia apesar do embargo aéreo decretado pela União Europeia, estão esgotados para os próximos dias. O preço dos voos de Moscovo para Istambul ou para o Dubai aumentou em minutos antes de registar um novo máximo, atingindo os 9.200 euros por um bilhete de só de ida em classe económica.
No discurso que ontem de manhã proferiu ao país, em que anunciou uma mobilização parcial dos reservistas, o Presidente russo também fez uma ameaça nuclear velada aos inimigos russos do Ocidente.