Há um vídeo a circular nas redes sociais que mostra oito agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) a conviver sem máscara. Na conferência de imprensa de ontem, as autoridades policiais garantiram que não fugiram à lei, alegandoque os polícias estavam a fumar num espaço privado, onde, no entender do CPSP, o despacho do Chefe do Executivo não tem efeito. Recorde-se que já foram condenadas pessoas por estarem na rua sozinhas sem máscara. Além disso, as autoridades têm frisado que os cidadãos devem usar sempre a máscara quando saem de casa.
Oito polícias foram filmados, junto à esquadra do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) do NAPE, a conviverem sem máscara. O vídeo tem sido amplamente partilhado nas redes sociais e tem gerado críticas da população, que acusam o CPSP de dualidade de critérios na aplicação do despacho do Chefe do Executivo que já condenou cidadãos por situações semelhantes.
No entanto, o CPSP rejeita as acusações e diz que tudo aconteceu de forma legal. Segundo indicou ontem Ma Chi Hong, porta-voz do CPSP, os oito agentes filmados a conviver sem máscara estavam a fumar num espaço privado, numa zona designada da esquadra para esse efeito. Na interpretação do CPSP, o despacho do Chefe do Executivo que obriga ao uso de máscaras não se aplica a espaços privados. Ma Chio Hong disse que o vídeo “talvez possa induzir em erro”.
O que se lê no despacho do Governo é: “Todas as pessoas têm de permanecer no domicílio, salvo por motivos de trabalho necessário e compra de bens básicos para a vida quotidiana ou por outros motivos urgentes; as pessoas têm de usar máscara quando saírem, tendo os adultos de usar máscaras do tipo KN95 ou de padrão superior”.
Recorde-se que as autoridades têm frisado que, quem tem de trabalhar durante o confinamento, deve tomar as refeições de forma separada para que não esteja sem máscara junto aos colegas. O mesmo deve acontecer quando se bebe água. As autoridades sanitárias têm sublinhado mesmo que, dentro do prédio onde habitam, os cidadãos têm sempre de usar máscara. Por outro lado, já houve casos de cidadãos condenados por violarem o despacho do Chefe do Executivo por estarem sozinhos na rua sem máscara.
“Os critérios do CPSP nunca mudaram”, garantiu Ma Chio Hong, indicando que já foi dada indicação na esquadra em questão para que os agentes não se aglomerem na zona de fumadores. Ma Chio Hong voltou a dizer que “não se pode fazer uma comparação directa” entre os oito agentes que fumavam junto à esquadra e cidadãos que estavam, sozinhos, sem máscara num espaço público.
Leong Iek Hou, chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde, não quis comentar o nível de risco de transmissão causado pelos oito agentes que estavam a fumar na esquadra. Disse apenas que, “durante este período, quando conversamos com outros, é necessário usar máscara; esses são os princípios”.
Ontem o responsável dos Serviços de Polícia Unitários (SPU) adiantou que, durante o dia de ontem, foram feitos 567 reparos a cidadãos por não estarem a cumprir as normas impostas pelo Governo. Por outro lado, o responsável disse ainda que, desde o dia 11 de Julho, foram feitas 27 acusações de violação da lei.
ISENÇÃO DE TESTES DE ÁCIDO NUCLEICO PARA IDOSOS E PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
Na conferência de ontem, Leong Iek Hou anunciou que idosos e pessoas portadoras de deficiência vão passar a estar isentos dos testes em massa. Assim, as pessoas com mais de 80 anos – que nasceram antes de 31 de Dezembro de 1942 – vão poder não realizar os testes em massa. Quanto às pessoas com deficiência têm de apresentar o cartão de deficiência do Instituto de Acção Social (IAS). Além disso, quem tem dificuldade de locomoção e quem não consegue realizar os seus cuidados básicos do dia-a-dia também poderia ficar isento.
Os cuidadores terão de fazer o pedido de isenção na plataforma de marcação dos testes em massa. Quando o pedido for aceite, o cuidador receberá um talão que atesta em como a pessoa em causa pode ficar isenta da realização do teste de ácido nucleico. Quando o cuidador for realizar o seu teste ao posto, pode apresentar o talão, o BIR e o código verde da pessoa isentada. Para receber os materiais de prevenção epidémica que o Governo distribui, como máscaras e testes rápidos.
NÚMERO DE NOVOS CASOS DESCE
As autoridades sanitárias fizeram o balanço do número de novos casos relativo a sábado e, segundo os dados apresentados na conferência de imprensa de ontem, o número tem vindo a diminuir. No sábado, foram registados um total de 27 novos casos, sendo que apenas quatro foram detectados na comunidade.
Recorde-se que na sexta-feira passada foram detectados 31 novos casos, 13 deles na comunidade; e na passada quinta-feira tinham sido, no total, 33 e 11 deles na comunidade. De forma acumulada, foram já detectados 1.733 casos desde o início deste surto, há exactamente um mês. No total, apenas 656 pessoas infectadas têm sintomas.
“Temos uma descida no número de casos detectados, temos de continuar com os nossos esforços”, afirmou Leong Iek Hou, reiterando que as autoridades querem atingir a meta dos zero casos até ao final desta semana, para que depois se entre na fase de consolidação.
As autoridades também foram questionadas ontem sobre uma cadeia de infecção que teve origem no hotel Parisian, onde foram diagnosticados 25 trabalhadores que estavam em circuito fechado e mais 15 hóspedes que estavam em observação médica. A responsável da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) disse lamentar a situação e indicou que os trabalhadores da cantina do hotel poderão não ter cumprido as orientações de saúde.
Os responsáveis também foram questionados sobre o período de quarentena para quem chega a Macau vindo do estrangeiro, que neste momento está nos 10 dias de observação médica centralizada mais sete dias de auto-gestão de saúde. Leong Iek Hou indicou apenas que o Governo está a estudar a situação das regiões vizinhas. O interior da China, por exemplo, já reduziu o número de dias de quarentena para quem vem do estrangeiro para sete dias de observação médica em hotel.
PONTO FINAL