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      Governo decide paralisar a cidade devido ao surto

      Suspensão de actividades comerciais e industriais, supressão de transportes públicos, controlo rigoroso nos supermercados, ordem para que todos os cidadãos permaneçam em casa e mais quatro testes em massa. É este o plano do Governo para esta semana. Até à próxima segunda-feira, a cidade fica quase parada, à espera de que o vírus desapareça.

      O Governo de Macau decidiu parar a cidade. A partir de hoje e até à próxima segunda-feira, todas as actividades industriais e comerciais são obrigadas a parar. Os transportes públicos vão apenas cumprir serviços mínimos e apenas para trabalhadores que exerçam actividades consideradas indispensáveis. O Executivo passa a exigir também a utilização das máscaras KN95, sendo que quem não o fizer arrisca pena de prisão. Apesar das medidas, as autoridades rejeitam que se trate de um confinamento geral.

      Através de um despacho publicado no sábado, o Chefe do Executivo ordenou a “suspensão de funcionamento de todas as sociedades, entidades e estabelecimentos que exercem actividades industrial e comercial”, até à próxima segunda-feira. Empresas que prestam serviços necessários para “garantir o indispensável funcionamento da sociedade e estabelecimentos necessários para manter a vida quotidiana dos cidadãos” mantêm-se em funcionamento.

      Assim, segundo o despacho assinado por Ho Iat Seng, podem funcionar as “sociedades ou entidades que prestam serviços públicos essenciais, nomeadamente os de fornecimento de água, energia eléctrica, gás natural e combustíveis, telecomunicações, transportes públicos e recolha de lixo, e as que prestam serviços necessários para o indispensável funcionamento da sociedade, nomeadamente os de alojamento hoteleiro, limpeza e higiene, administração predial, comércio por grosso e transporte de bens básicos para a vida quotidiana”.

      Podem também continuar a operar os “estabelecimentos necessários para manter a vida quotidiana dos cidadãos, nomeadamente os mercados, supermercados, restaurantes, estabelecimentos de bebidas, estabelecimentos de comidas, farmácias e estabelecimentos de prestação de cuidados de saúde” e “sociedades, entidades ou estabelecimentos que tenham sido autorizados excepcionalmente pelos serviços competentes”.

      Com estas medidas, continuam encerrados os espaços de lazer e os restaurantes continuam sem poder receber clientes. No entanto, os serviços de ‘takeaway’ podem continuar a funcionar.

      Por outro lado, o despacho do Chefe do Executivo diz que os serviços indispensáveis que se mantiverem abertos terão de limitar o número de pessoas a servir, “assegurando a distância entre as pessoas e exigindo às mesmas o ‘scanning’ do código QR do estabelecimento”.

      O Governo ordena também que todos os cidadãos se mantenham em casa, “salvo por motivos de trabalho necessário e compra de bens básicos para a vida quotidiana ou por outros motivos urgentes”. Se saírem, têm obrigatoriamente de usar as máscaras KN95 ou de padrão superior. André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, esteve presente na conferência de imprensa de sábado das autoridades sanitárias e garantiu que quem não cumprir a regra arrisca uma pena de prisão de até dois anos ou até 240 dias de multa.

      O comunicado do Governo a anunciar as novas medidas termina com um agradecimento e um aviso: “O Governo da RAEM endereça agradecimento a todos os cidadãos pelo apoio e colaboração empenhada, desde sempre, nos trabalhos de combate da epidemia, com a esperança de continuarem a envidar esforços em conjunto, evitando as saídas desnecessárias, de modo a reduzir ao mínimo o risco inerente à propagação do vírus, atingir com brevidade os objectivos traçados na meta dinâmica de infecção zero e para que a sociedade volta à normalidade”.

      Contudo, André Cheong salientou no sábado que não se trata de um confinamento geral, mas sim um “estado relativamente confinado”. “Não é um ‘lockdown’”, garantiu. Apesar de o despacho do Chefe do Executivo exigir que os cidadãos se mantenham em casa, Elsie Ao Ieong, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, afirmou na conferência de imprensa que as pessoas têm de sair para participar nas próximas rondas de testes em massa, já que “é um meio essencial para detectar casos positivos e interromper a cadeia de transmissão”, reiterou.

       

      TRANSPORTES PÚBLICOS EM SERVIÇOS MÍNIMOS

      À boleia desta suspensão quase total de actividades na cidade, os transportes públicos também vão ficar quase parados. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou que, durante esta semana, só estarão disponíveis os serviços mínimos, com apenas 30 carreiras de autocarros a serem disponibilizadas exclusivamente para quem exerça “actividades indispensáveis à subsistência e dos trabalhadores necessários ao combate à epidemia”. Todas as obras rodoviárias e serviços de Metro Ligeiro serão suspensos, enquanto os serviços de táxis e parques de estacionamento públicos continuarão a funcionar.

      Assim, as carreiras especiais de autocarros incluem 24 carreiras diurnas e seis nocturnas, dez das quais incluem o Centro Hospitalar Conde de São Januário ou o Hospital Kiang Wu nas suas rotas, com a frequência de 2.600 partidas por dia, mantendo o limite de lotação de 60%.

      Uma vez que apenas trabalhadores que exerçam actividades essenciais ao funcionamento da sociedade podem andar de transportes públicos, todos os passageiros terão de apresentar um cartão de permissão especial para poderem entrar nos veículos. Os trabalhadores domésticos poderão apresentar o título de identificação de trabalhador não-residente. Quem precisar de se deslocar ao hospital, terá de explicar ao motorista o motivo da viagem.

      As carreiras diurnas disponibilizadas são as seguintes: 1, 7, 8, 10, 11, 18, 19, 25, 33, 56, 59, 73, 102X, 21A, 28C, 2A, 3A, 6A, 6B, AP1, H1, H2, H3, MT4. As carreiras nocturnas são: N1A, N1B, N2, N3, N5, N6.

       

      SUPERMERCADOS MAIS CONTROLADOS

      O Governo também vai apertar a fiscalização aos supermercados. Em comunicado, a Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) e o Conselho de Consumidores (CC) anunciaram que vão implementar uma medida de gestão de fluxo de pessoas nos supermercados para “reduzir a concentração de pessoas nos estabelecimentos e diminuir o risco de infecção cruzada causada pela transmissão do vírus”.

      As autoridades disponibilizam uma página electrónica para informar sobre a situação de espera dos supermercados, que é actualizada a cada meia hora. “Sugere-se aos cidadãos que, antes de sair para fazer compras, consultem as respectivas informações disponíveis na página electrónica referida, podendo deslocar-se ao local de acordo com a situação em tempo real e, em caso de existência de grande fluxo de pessoas no supermercado, optar por fazer compras noutra hora ou fazer compras em outras lojas nas proximidades”, lê-se no comunicado.

      Os organismos apelam a que os residentes façam compras de forma racional, “não açambarcando mercadorias e distribuindo racionalmente os tempos para a aquisição dos bens essenciais”. No comunicado, os responsáveis indicam que o stock de bens de primeira necessidade é suficiente.

       

      MAIS QUATRO RONDAS DE TESTES EM MASSA

      Já na passada sexta-feira o Governo tinha anunciado mais quatro rondas de testes em massa. Com estas quatro, são já dez as rondas de testes em massa realizadas pelo Governo.

      Estas rondas de testes vão seguir os moldes das anteriores, com crianças com menos de três anos de idade isentas da realização dos testes. Até à tarde de hoje realiza-se a 7.ª ronda; entre amanhã e quarta-feira, realiza-se a 8.ª ronda; a 9.ª acontece entre quinta e sexta-feira; e a última destas rondas realiza-se entre sábado e domingo. Serão distribuídos cinco kits de teste rápido de antigénio na 8.ª ronda de testes; dez máscaras KN95 serão distribuídas na 9.ª ronda de testes; cinco kits de teste rápido de antigénio serão distribuídas na 10.ª ronda de testes.

      Segundo indicaram os responsáveis na conferência de imprensa de sexta-feira, a variante Omicron, que se tem espalhado em Macau, “tem uma forte capacidade e velocidade de rápida transmissão”. E, por isso, o Governo quer continuar a executar três tarefas consideradas essenciais: realização de testes de antigénio e testes de ácido nucleico com alta frequência em todo o território, “a fim de encontrar, isolar e tratar as pessoas infectadas o mais rápido possível”; melhorar a eficiência das investigações epidemiológicas, para rastrear e controlar os grupos de risco e áreas de risco relacionados; e reduzir o fluxo de aglomeração de pessoas, prestar atenção à protecção individual dos cidadãos e promover o uso de máscaras KN95.

       

      MEDIDAS ANUNCIADAS DEPOIS DOS RECADOS DE PEQUIM 

      Na semana passada, as autoridades mostraram-se confiantes quanto ao combate ao surto, uma vez que se verificava que o número diário de amostras positivas detectadas estava a abrandar. No entanto, num editorial publicado no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista da China, Pequim dirigiu críticas à forma como o Governo de Macau estava a lidar com a situação.

      O editorial tinha como título “não há melhores alunos e sortudos diante do vírus” e apontava que, para lidar com a pandemia, deve-se “ajustar dinamicamente estratégias e métodos em tempo útil, esforçar-se para alcançar uma tomada de decisão precisa, acção rápida e eficiência”. O jornal citava até um alegado inquérito online que dizia que 72% dos entrevistados concordaram com a medida de confinamento em toda a cidade. “O sentimento comum é de que as actuais medidas de prevenção não são suficientemente rígidas, oportunas e compactas. Claro que Macau tem as suas particularidades, é compreensível que haja regulamentos legais, falta de mão-de-obra, constrangimento de recursos e inércia do pensamento”, lia-se no artigo.

      Por outro lado, o Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM também defendeu a implementação “resoluta” e “inabalável” da política dinâmica de zero casos em Macau. A tomada de posição foi revelada numa reunião realizada no passado sábado entre o director do Gabinete de Ligação, Zheng Xincong, e o comandante-geral do Comando da Linha da Frente do Apoio a Macau contra Pandemia, Guo Caiwu.