O conselheiro político e director-adjunto do gabinete da presidência da Ucrânia, Ihor Zhovkva, manifestou ontem, em Madrid, o propósito de que seja concedido ao seu país o estatuto de candidato à União Europeia (UE) no mês de Junho. “No quarto dia da guerra, isto já estava em cima da mesa. E não era algo novo que tenhamos decidido fazer de repente. A Ucrânia está a trabalhar no acordo de associação há mais de cinco anos”, sublinhou Zhovka, num debate organizado pelo Forum Europe, na capital espanhola. Este reconhecimento, explicou, representa um passo muito importante para a nação ucraniana, na medida em que “um parecer positivo por parte da Comissão Europeia” significaria estar mais próximo da entrada na UE. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “não pode ficar sentado sem nada fazer, enquanto os ucranianos anseiam por um futuro europeu para deixar para trás o seu passado russo”, acrescentou o conselheiro. “Vamos mostrar-vos (Europa) que somos capazes de o fazer. Vamos proceder a reformas e vamos cumprir os critérios políticos e económicos. Ninguém é perfeito, mas vamos tentar ser o mais perfeitos possível”, disse o conselheiro do Presidente em relação aos requisitos de entrada no bloco europeu. Zhovkva referiu que “em tempo de guerra” o seu país está preparado para “vender excedentes de eletricidade a outros países” e para “exportar produtos agrícolas nacionais para a Europa, Médio Oriente, Ásia e África”, uma vez que o seu desejo é evitar “que o mundo esteja mergulhado nesta crise de fome e alimentação”. Ao mesmo tempo, Zhovkva exortou os países da UE a unirem-se na aprovação de novos pacotes de sanções contra a Rússia e a não temerem sanções do Kremlin, porque os ucranianos “não têm medo”. O conselheiro de Zelensky alertou para uma possível extensão da agressão, por parte das tropas russas, a outros países. “Neste momento, a economia russa está muito forte devido aos seus petrodólares e petroeuros. Portanto, se os enfraquecermos (com sanções) podemos minar o seu poder económico e militar e a sua capacidade de matar ucranianos”, defendeu. Outra das exigências “prioritárias” que apontou foi a receção de armas pesadas para as batalhas travadas na região de Donbass e na cidade de Mariupol. Sobre a entrada da Ucrânia na NATO, Zhovkva reconheceu que, agora, “o apoio diminuiu entre a população”, e referiu que vão esperar porque “aderir à NATO é algo que está na constituição ucraniana”. “No início da guerra, quando pedimos à NATO que fechasse o espaço aéreo do oeste da Ucrânia para salvaguardar o território, não tivemos resposta”, lamentou.